quarta-feira, 30 de março de 2005

"AI OS NÚMEROS!"

Uma das colunas do Público que leio com mais agrado é a escrita por Joaquim Fidalgo, um dos fundadores do jornal, onde atingiu um lugar elevado e foi provedor do leitor. Ele não escreve sobre temas dominantes ou fracturantes, mas sobre coisas simples – diria mesmo banais. Embora sempre com muita acutilância e sabedoria dos seus anos de vida (apesar disso, ainda é jovem).

O tema de hoje tem o título que pus no começo da mensagem. É a propósito de um estudo de opinião da Media Planning, citado pela Lusa, em que se diz que 95,3% dos jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos compram jornais e revistas. Num outro sítio do estudo, e também referido pelo articulista do Público, lê-se que a média dos portugueses que lêem jornais e revistas atinge os 80,1%.

Comenta Joaquim Fidalgo: “Ora aqui está uma grande novidade. Eu não imaginava. E andamos todos a lamentar-nos por os portugueses lerem pouco, por os jornais terem difusões baixas, por estarmos (também) nesta matéria sempre na cauda da Europa, etc. etc. Nada disso. Agora há uma sondagem que repões, com rigor e objectividade, a verdade dos factos: os portugueses lêem jornais e revistas que se fartam”. Adiante, sugere ele. Mas conclui: “não há jornalista que ao pegar nesta «informação» se interrogue […] esses 95,3% de jovens que «compram jornais e revistas» compram quando? Todos os dias? Duas vezes por semana? Uma vez por quinzena? De mês a mês? Ou só uma vez por outra”?

Na realidade – e quase ao mesmo tempo –, eu lia na newsletter Meios & Publicidade e logo no blogue ContraFactos & Argumentos, de Pedro Fonseca, as tiragens por número dos principais jornais e revistas: Maria (261532), TV 7 Dias (168953), Nova Gente (153777), Selecções do Reader’s Digest (134941), Expresso (131070), Correio da Manhã (115943), Telenovelas (115433), Jornal de Notícias (112150) e Visão (102399). Há jornais de informação aqui representados mas muitas das publicações são sobre televisão e a sua programação.

Para rematar o seu texto, o nosso autor escreve: “Fizeram as contas?... Ou estão a gozar connosco”? Joaquim Fidalgo é actualmente professor na Universidade do Minho.

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