segunda-feira, 5 de setembro de 2005

CIRCE - O DESAPARECIMENTO DA BLOGUEIRA

A 13 de Julho último, em comentário a uma mensagem que eu aqui coloquei, lia-se: "Rogério, Boa Tarde. Passo por aqui hoje para o felicitar - e agradecer a prenda: este trabalho da Catarina que eu já acompanhava, bem como de tantos e bons que vicejam neste nosso lindo País - assinalado assim de modo fresco e natural, é obra meritória e gratificante. Para si e para todos os cidadãos que amam a vida e a celebram: Eu só conheço Este caminho do Paraíso == como nos embala a VOZ ; a da Teresa e as outras tantas :). Uma boa semana, Circe 3:19 PM".

Havia algum enigma na mensagem. Aparentemente, Circe conhecia-me; eu não tenho a certeza de a ter conhecido. Fazendo uma pesquisa no Google, há um outro comentário dela num blogue: "Eu não sabia que (ainda) existiam cromos destes! Mas deixem lá, a malta tem que ter consciência do país real... Acho que o vinagre só veio realçar o tempero da salada! Afixado por: Fátima Madureira em Agosto 7, 2004 02:02 AM".

Ela própria começara um blogue a 20 de Julho, Indagoracheguei, com a indicação do seu nome - Fátima Madureira - e da localidade da residência - S. Mamede de Infesta (Matosinhos). Aparentemente, iria ser um blogue pouco interessante, talvez a servir de escape a uma frustração. Ela teria elaborado um outro blogue, intitulado Biscates, que terá apagado ainda este ano.

Mas dela sabemos mais qualquer coisa, infelizmente muito triste. Informava o Jornal de Notícias, de 21 de Julho último, em peça de Hugo Silva: "O incêndio que deflagrou, ontem, [...] deixou a única residente em estado crítico e causou uma intoxicação num dos bombeiros, que ainda conseguiu resgatar a vítima das chamas. As causas do sinistro continuam por apurar. Maria de Fátima Madureira, 46 anos, sofreu queimaduras graves em cerca de 90% do corpo e teve de ser transportada, por helicóptero, para a unidade de queimados do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, uma vez que não havia vagas nas unidades de saúde do Porto e de Coimbra [...]". A Fátima Madureira faleceria a 29 do mesmo mês.

Não sei o que ela faria profissionalmente, se trabalharia na assistência social ou em secretariado ou mesmo como tradutora. Cruzámo-nos, um dia, neste blogue e é tudo! Aqui fica a minha efabulação acerca dela.

A imagem - de Fátima Madureira - que acompanha esta mensagem é virtual, realizada em paintbrush e datada de Junho deste ano, com autoria da arquitecta e pintora M. J. Eloy, a quem agradeço pormenores desta história. A M. J. Eloy tem colaborado frequentemente no I. C., passando bem pela designação de pessoa interessante, como descreve Gillmor (Nós os media, 2005: 37), que envia material com interesse para publicar, a que o editor acrescenta comentários, dando a ideia de director. O meu obrigado a ela!

3 comentários:

  1. A 'circe' aceitaria e agradeceria esta homenagem.
    Saudo-o RS e ao seu blog

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  2. Lamento saber isto. Ela também passou brevemente pelo Nocturno. Estamos mais próximos uns dos outros do que a virtualidade da rede, os círculos e as cliques deixam supor. Próximos, nesta coisa da precaridade.
    Um abraço

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  3. Esta história fez-me impressão.

    A precaridade da electónica pode dar calor ou frieza.

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