segunda-feira, 12 de setembro de 2005

A IMPORTÂNCIA DA RÁDIO NO FILME CINDERELLA MAN

Escreve Philip French, no Observer de ontem, que Ron Howard, realizador de Cinderella Man, viveu sempre no mundo do espectáculo: os seus pais eram actores e ele próprio foi uma estrela juvenil (caso da série televisiva Happy days). E muitas das suas virtudes vêm da técnica de Spielberg, com uma forte narrativa e a afirmação da decência humana. O filme agora em exibição, e que The Observer considera o filme da semana, é a celebração de um pugilista irlandês-americano e da família do homem, James J. Braddock (Russel Crowe no papel do boxeur), Renee Zellweger (no papel da sua mulher, Mae), assim como Joe Gould (Paul Giamatti no papel de manager) [imagem seguinte retirada do sítio da Universal Pictures].

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A história do filme começa em 1928, quando o pugilista estava na moda, e narra a sua sequente queda, que coincide com a depressão económica dos Estados Unidos desse ano. Em 1934, o seu antigo manager procura Braddock para fazer um único combate. Braddock, figura pálida da antiga glória, que passara pelo trabalho nas docas para obter algum dinheiro, ganha. E recomeça a carreira, chegando atá ao título de campeão dos pesos pesados, história que é verdadeira e que, certamente, os óscares de Hollywood vão recompensar. A crença ilimitada dos americanos em recuperar a glória - e dos deserdados e desempregados na depressão - e o poder espelha-se neste filme do homem cinderela (parece uma história de fadas a recuperação da pujança e força no ringue do antigo campeão, retornado campeão), adaptável ao American Dream .

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Mas o que me interessa ainda destacar é a importância da rádio em toda a história, mormente na longa sequência do combate final, em que Braddock se sagra campeão. O encontro é transmitido pela rádio (NBC), um empolgante relato que só a rádio consegue dar (a rádio é um meio quente, dizia McLuhan com toda a razão).

Se há jornalistas da imprensa escrevendo directamente para as máquinas de escrever, a figura do relatador é fundamental. É que, além da assistência, há muitos americanos que acompanham o longo combate (15 ou 16 rounds, perdi-lhe a conta) através da rádio: no bar, em casa de familiares de Braddock, na igreja (!) e na rua (por altifalantes). A rádio - naquele tempo de 1928-1935 - vivia os seus anos de ouro.

1 comentário:

  1. Ainda hoje no futebol isso se assiste. Não falo apenas dos que não podem assistir ao jogo pela televisão ou ao vivo, mas do que estando em casa ou no estádio não dispensam o pequeno rádio a pilhas onde ouvem o relato à medida que estão a assistir ao jogo. Certo é que a rádio em Portugal já conheceu dias melhores, mas ao nível do relato de jogos de futebol continua a desempenhar um papel muito importante. Uma prova de que ainda existem bons profissionais e que a rádio ainda “mexe” (e faz mexer muita gente) no nosso país.

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