Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sábado, 5 de janeiro de 2008
PORTUGUÊS: PARA QUANDO UMA LÍNGUA HOMOGÉNEA?
Copio o que a SECOM, Secretaria de Comunicação da Universidade do Brasil, publicou ontem, dia 4 (os meus agradecimentos prévios a Fernando Paulino, "correspondente" do Indústrias em Brasília, Brasil, por me ter dado a conhecer o conteúdo da entrevista) (o português da entrevista é, certamente, o usado no Brasil):
"É preciso ter uma língua escrita o mais homogênea possível", por RODOLFO BORGES, Da Secretaria de Comunicação da UnB (com fotografias de Roberto Fleury/UnB Agência, como a que coloquei aqui no blogue)
No dia 26 de dezembro de 2007, Portugal deveria ter ratificado o acordo ortográfico que unificaria a forma de escrever o português nos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nosso alfabeto ganharia mais três letras (k, w e y) e a maioria dos acentos sumiria, entre outras mudanças. Mas os portugueses titubearam de novo. O receio lusitano adia, mais uma vez, o início a vigência do acordo, assinado por todos os países da CPLP (com exceção do Timor-Leste, que ainda não era membro) em 1990. Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já ratificaram a decisão, e isso seria suficiente para ele começar a valer. Mas, sem o aval de Portugal, a unificação da língua não tem força política para vingar.
"O argumento atual de Portugal leva em conta o parque editorial. Eles acreditam que vai haver prejuízos financeiros na implantação de uma série de mudanças", explica a professora Enilde Faulstich, do Departamento de Lingüística, Português e Línguas Clássicas (LIP) da Universidade de Brasília (UnB). Enquanto não entram em acordo, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste continuam a escrever o português de forma diferente – e isso pode atrapalhar a internacionalização da língua. "Ao ensinar português a um estrangeiro, nós não devemos ser obrigados a fazer a duplicidade de estrutura (lusitana e brasileira) a toda hora. Isso cria insegurança em quem está aprendendo a língua", defende a professora.
Na entrevista abaixo, Faulstich comenta os detalhes do acordo ortográfico e destaca que a licenciatura em Português do Brasil como Segunda Língua completa dez anos na UnB. "O Distrito Federal é a única federação do país que forma docentes para o ensino do português a falantes de outras línguas, não apenas a estrangeiros, mas a surdos e a índios", comemora. A lingüista ainda analisa o lugar do português no mundo atual e critica as políticas nacionais de expansão da língua. "As propostas que vêm dos setores superiores do Ministério da Educação e do Ministério das Relações Exteriores são para professores doutores. Ora, não se faz um doutor de uma hora para a outra", reclama.
A entrevista, na íntegra, pode ler-se aqui. Neste momento, o blogueiro não quer tomar partido, mas a acusação é suficientemente grave para Portugal. Ainda que a entrevista seja dada por uma docente universitária, sem responsabilidades de decisão política de qualquer nível.
Sem comentários:
Enviar um comentário