Um ponto fulcral na investigação de Arons de Carvalho é a passagem do modelo misto da televisão pública portuguesa (capitais privados e do Estado na fundação da RTP) para o de empresa de capitais públicos, com a nacionalização em Dezembro de 1975, momento a partir do qual começariam problemas de financiamento, agravados com a entrada em actividade dos canais comerciais em 1992. A adesão de Portugal à CEE (1986), comunidade que liberalizaria o audiovisual, pressionando externamente os governos da época para a criação de estações privadas de televisão, não é trabalhada pelo autor.Com uma longa carreira como deputado, Arons de Carvalho preferiu investigar as mudanças de opinião e de paradigma dos principais partidos políticos (PSD e PS), que se afastariam lentamente da defesa intransigente do modelo de televisão pública para aceitarem a concorrência no sector, o que aconteceria precisamente logo após a adesão do país ao mercado único europeu. Durante muito tempo, responsáveis políticos de ambos os partidos haviam manifestado profundas reservas a essa evolução ao longo de muitos anos. A alteração processou-se durante a primeira maioria absoluta do PSD (1995-2000), com Cavaco Silva como primeiro-ministro, acompanhado pelo Partido Socialista (necessário para fazer 2/3 de votação para aprovar alterações à Constituição).
Leitura: Carvalho, Alberto Arons (2009). A RTP e o serviço público de televisão. Coimbra: Almedina
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