segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

SOBRE A IBM

A semana passada, quando se soube da venda da divisão de computadores pessoais da IBM, houve um momento de estupefacção. Desde quase o começo dos computadores pessoais estes eram sinónimo de IBM ou compatíveis (as marcas brancas que imitavam a IBM). O desaparecimento da marca IBM dos computadores pessoais seria mesmo o fim de uma época, escreveu-se há dias.

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Uma leitura mais atenta do Sunday Times de ontem e do Público (caderno "Computadores") de hoje tornou mais clara, para mim, toda a transformação. O formato broadsheet do Sunday tem possibilidades estéticas que o formato tablóide do Público não tem, pelo que escolhi uma parcela do jornal inglês para colorir esta mensagem. O título do Sunday é ilustrativo: "Devorado pelo dragão". E o que conta o texto assinado por David Smith e Dominic Rushe? Primeiro, descreve-se o simbolismo da marca - a IBM, intimamente ligada ao negócio dos computadores e sempre chamada a Big Blue, a cor da companhia, é uma das três marcas mundiais mais conhecidas do mundo, conjuntamente com a Coca-Cola e a Microsoft.

A transferência do controlo do negócio de computadores da IBM para a Lenovo, o maior fabricante de computadores pessoais da China, por 1,75 mil milhões de dólares, era inimaginável dias ou semanas antes. É que a Lenovo, baseada em Beijing e controlando um quarto do mercado chinês, representa apenas um terço do volume anual de vendas da IBM. Mas os responsáveis da empresa chinesa vêem longe: durante cinco anos têm o direito de usar o nome IBM, para além da aquisição dos nomes ThinkPad e ThinkCentre, e preparam-se para desafiar a Dell, que ascendeu a número um no mercado dos PCs.

A Lenovo pode ser a primeira marca global chinesa. Se, até agora, o produto chinês trazia associada a si a etiqueta de barato, com a tendência iniciada pela Lenovo um produto elaborado naquele gigantesco país passa a significar também alta qualidade. E os chineses seguem o que os norte-coreanos fizeram com a Samsung, que passou do quase nada para 23ª terceira marca mais importante do mundo, concorrendo directamente com a Sony. Além de que representa uma estratégia de aquisição internacional capaz de tornar as empresas chinesas players globais. As empresas chinesas estão interessadas em marcas, redes de distribuição, tecnologia e sistemas de gestão, afinal os pontos fundamentais da cadeia de valor das indústrias.

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