JORNAIS GRATUITOS
"Conhece o novo jornal gratuito Metro?", pergunta o jornal Público na sua coluna de hoje Vox populi (caderno local de Lisboa). Trata-se de um pequeno espaço regular onde se faz uma pergunta a leitores ou simples cidadãos interpelados pelo jornalista e pelo fotógrafo, em quase estilo de apanhado. As respostas são habitualmente simples, mostrando com alguma frequência desconhecimento no tema tratado. Funciona na página onde se insere a tribuna do leitor (cartaz sobre a região); logo é espaço público de opinião.
As respostas de hoje vão do conhecimento à ignorância do jornal Metro. Uma supervisora de 26 anos responde: "Sim, li-o uma vez. Gostei do jornal [...]. Duvido que o tenha lido, pois o referido jornal vai hoje na sua quinta edição.
Ora, que fenómeno é este do Metro e dos jornais gratuitos?
Primeiro foi o Destak, já no seu quarto ano de existência, distribuido às portas do metropolitano de Lisboa. Aliás, o jornal ostenta o slogan O primeiro diário gratuito português. Parecendo regressar às origens do jornalismo, este tipo de imprensa tem conquistado espaço em vários países da Europa. A dar-lhe cobertura financeira a publicidade incorporada (a edição de anteontem, de que se vê parcialmente a capa, tinha um anúncio de página inteira do Correio da Manhã e fazia promoção do jornal Mundo Universitário, bem como uma secção de classificados de duas páginas - as centrais), em vinte páginas de jornal.
Agora é o Metro. Também em formato tablóide, um pouco maior que o Destak, o seu sustento económico é igualmente a publicidade, mas em maior quantidade que a do outro gratuito, também num total de vinte páginas do jornal. A última página traz um anúncio da Tele2 [as imagens mostram parcelas das capas das edições de ontem e de hoje. Por um erro do paginador, o número inserido no cabeçalho é, ontem e hoje, o quatro; prevê-se que amanhã seja o seis].
Conteúdos e objectivos
A capa aposta na cor, com uma fotografia em destaque, que ilustra normalmente a manchete. Mas esta pode desdobrar-se em duas. Os temas são do conhecimento prévio dos leitores, adquirido nomeadamente na televisão: processo Casa Pia, condenação de Vale e Azevedo. Quer o Destak quer o Metro têm uma coluna à esquerda, remetendo para desenvolvimento nas páginas interiores.
A leitura é fácil: os textos lêem-se quase numa viagem de metro ou de autocarro e o jornal destina-se a ser deitado fora mal seja lido. Corrijo de imediato, pois os jornais têm a programação da televisão e páginas de lazer: palavras cruzadas, descubra as 10 diferenças, receitas de culinária, horóscopo e até a meteorologia. E também páginas de desporto, internacional e economia.
[a publicidade fica ao pé dos pontos de distribuição do jornal: as estações da Alameda (D. Afonso Henriques) (primeira imagem) e Areeiro (as outras duas)]
Ou seja: o Metro traz quase tudo o que possui um jornal que custa dinheiro. O fenómeno dos gratuitos pode ter duas consequências, sendo a primeira a conquista de novos leitores (no metro isso já é notório, com os passageiros a lerem o seu exemplar). Mas pode criar uma situação gravosa, a de os jornais pagos se ressentirem em termos de vendas, casos dos populares 24 Horas e do Correio da Manhã, mas ainda dos jornais de referência Diário de Notícias e Público. Além de que não é preciso ir procurá-lo à tabacaria ou quiosque; o jornal espera o leitor à porta do metro! Basta reflectir no slogan do novo jornal: A informação não tem preço. E, acima de tudo, as suas notícias leves não são tão fantasiosas, sensacionalistas ou bombásticas que as dos jornais populares e tablóides.
Das fichas técnicas retiro os seguintes elementos: o Metro pertence à Transjornal Edição de Publicações e conta como director Nuno Henrique Luz, com uma redacção de seis elementos, um deles estagiário. A periodicidade é de segunda a sexta-feira. Não possui indicação de tiragem. Funciona na zona das Amoreiras, em Lisboa. O Destak pertence à Metro News Publicações, tem como chefe de redacção Cristiana Pereira e sete jornalistas a trabalharem, além da editora. A tiragem é de cem mil exemplares. Funciona em Carnaxide.
5 comentários:
Caro Rogério,
antes do Destak já havia o também gratuito Jornal da Região (actual grupo Edimpresa), desde Maio de 1996. E recuando alguns anos, Artur Albarran lançou "O Século" gratuito, embora sem grande sucesso...
PedroF
Não tenho dúvidas que os jornais pagos terão muitas dificuldades com a circulação dos jornais gratuitos. O Destak é distribuido gratuitamente no metro mas também noutros locais da Grande Lisboa, como por exemplo, nas estações de comboio da Margem Sul (Fertagus).
Obrigado pelos contributos.
São conceitos diferentes, actuais, pertinentes e com algum valor. Pecam pela brevidade na informação e, pelas redacções diminutas que nem sempre conseguem elaborar mais certos artigos... Pessoalmente prefiro escrever no Público e ler o Público, e algumas secções do DN, bem como as revistas semanais...
Outro conceito possível desenvolver ainda seria revistas gratuitas semanais...
Eu sei bem disso... visto ser jornalista num destes jornais, aquele com o K, Destak.
Abraço e Parabéns pelo blog!
JT
Viva meus caros leitores!! O Destak não presta!! ja não é aquilo que era antigamente!! Existe muita competição e as pessoas são sinicas umas com as outras. Hà muitos interesses em jogo!! Paciência!!!
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