quinta-feira, 14 de outubro de 2004

CITAÇÕES E COMENTÁRIOS

1) Emídio Rangel

"[Manuel Fonseca] está a fazer um bom trabalho de manutenção, mas não é suficiente. Aliás, eu preveni. Chamei a atenção para a Quinta [das Celebridades]. Disse que a TVI poderia voltar a liderar. A SIC não inova e isso é de quem não percebe nada de TV" (TV Guia desta semana, que já utilizei ontem).

Comentário meu: houve muito mérito em toda a carreira de Rangel. Mas criticar tão violentamente Manuel Fonseca e, noutro passo, Eduardo Moniz só prova que ele perdeu mas não soube ou aceitou perder. A queda de Rangel começou no dia em que não aceitou o Big Brother na SIC, animado por valores éticos. Ora, os valores da Quinta são semelhantes aos daquele programa.

2) José Pacheco Pereira

"Simultaneamente com este processo, um geração mais nova começou a substituir o alinhamento partidário restrito pelo alinhamento ideológico [...] À direita foram os blogues, um novo meio de afirmação política, que permitiu romper a tradicional dominação pela esquerda do espaço comunicacional, que ajudaram à afirmação de uma geração de jovens intelectuais, que, simpatizando com o PP e o PSD [...]. Na blogosfera foram hegemónicos numa primeira fase e estão agora a transitar para a comunicação social tradicional levando pouco a pouco para o «mainstream» da vida política uma sensibilidade conservadora e liberal que aí não tinha tradição. [...] Por outro lado, como o Bloco beneficia da activa simpatia no sistema comunicacional, nunca necessitou de forma crucial de formas alternativas como os blogues" (Público de hoje).

Comentário meu: parece que o fenómeno dos blogues foi, inicialmente, um movimento underground, a conhecer agora um estatuto de prestígio. A análise de Pacheco Pereira lembra a dos blogueiros do jornalismo que acham não haver outro tipo de blogues. Mas há mais mundo nos blogues, que não se reconhecem no jornalismo ou na política (dos partidos) e se dedicam à música, à literatura ou a simples desabafos diários. Não nos podemos esquecer que o blogue é uma ferramenta tecnológica que permite escrever diariamente na internet e sem conhecimentos informáticos. Qualquer ferramenta pode ter um uso social diferente do previsto inicialmente. Lembro a apropriação social das ondas curtas por parte dos radioamadores, há oitenta anos atrás. Como os poderes não acreditavam na qualidade daquelas frequências, deixaram-nas desocupadas. O movimento dos radioamadores cresceu como cogumelos e sem etiquetas de que tipo fosse.

Sem comentários: