sexta-feira, 16 de setembro de 2005

O CANEIRO DE ALCÂNTARA - A NOTÍCIA DO DIA

Ouvi na Antena 1, às 8:00. O semanário Tal & Qual de hoje publica uma notícia sobre o estado de degradação do caneiro de Alcântara, ribeiro submerso por onde passam as águas pluviais e residuais de Lisboa em direcção ao Tejo (o encanamento artificial das águas aproveitando a via natural começa na Damaia e é uma estrutura com sessenta anos). A notícia baseia-se num relatório emitido pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Janeiro de 2004. Até agora nada foi feito. Se o caneiro desabar, a avenida de Ceuta e os alicerces da ponte 25 de Abril serão muito afectados.

Entrevistado no noticiário da manhã da Antena 1, o director do LNEC reconhecia a gravidade do assunto mas rejeitava o alarmismo da notícia. Por mais hábeis palavras que tenha usado - e se tenha recusado a comentar a hábil pergunta do jornalista que quis saber a opinião dele como director, engenheiro ou cidadão acerca do porquê as obras ainda não terem começado, o responsável do LNEC escusou-se a responder - o certo é que ele não escondeu a situação, dando até alguns elementos suplementares sobre a situação. Como, por exemplo, a câmara já saber e estar a actuar com empresas no terreno (um pouco depois, falaria em apenas haver adjudicação a uma empresa).

Conclusão 1: a situação daquela zona de Lisboa é grave em termos de segurança. E um jornal como o Tal & Qual, que há muito não está na berlinda em termos de furos jornalísticos provou que ainda está vivo.

Conclusão 2: é estranho que o assunto tenha surgido publicamente mais de ano e meio depois do relatório ter sido entregue a entidades que tratam destes assuntos. Podia ter havido uma fuga de informação logo, ou algum tempo depois. A verdadeira causa deste atraso é que a campanha eleitoral para as autarquias está a arrancar e a luta em Lisboa promete aquecer muito. Ontem, houve debate entre os candidatos do PSD e do PS (SIC Notícias). Certamente, este tema vai recentrar a campanha.

Conclusão 3: os media representam um papel activo na comunicação com os cidadãos. E a teoria do agendamento (agenda-setting) mantém-se viva. Neste caso, uma fonte anónima fez chegar cirurgicamente (neste momento) o relatório secreto ao jornal, que o colocou na agenda pública e política. Todos os media audiovisuais de hoje vão abrir os noticiários com o assunto.

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