sexta-feira, 9 de setembro de 2005

OS CAVALOS DO SENHOR MORGADO

sabido.jpgAugusto vive com a mulher e o filho em Beringel, nos arredores de Beja, onde trabalha numa herdade. Um dia, decide emigrar para França, e aí começam os seus problemas. Acaba preso, acusado de actividades subversivas e enviado para a prisão do Tarrafal, em Cabo Verde. A mulher sente-se desamparada e o filho vai estudar para Lisboa, vivendo em casa de familiares da mãe. O tempo passa e as vidas desencontradas vão se reencontrar, numa narrativa sem nos fazer perder o folego (imagem arquivada em Indústrias Culturais.blogs.sapo.pt).

O autor, José Luís Tomé Sabido, tem a sua própria experiência de emigrante. Conta logo no começo do livro: na década de 1960, ele conseguira um contrato legal para trabalhar como canteiro numa fábrica de mármore na África do Sul, mas foi-lhe recusado o passaporte. Uma segunda tentativa, de ir para o Canadá, também se gorou. Só o conseguiu em 1971, indo para os Estados Unidos. Foi nesta altura que começou a germinar o seu livro.

De 75 páginas apenas, o livro traça um quadro muito real da situação do país entre os anos 1960 e 1970. Ele poderia mesmo ser transformado em roteiro para telefilme, dada a muita acção e um desenvolvimento engenhoso de diversas personagens. Os cavalos do senhor morgado é um livro editado pela Associação Cultural de Cascais. Agradeço vivamente ao Professor José d'Encarnação o envio deste e de outros livros editados pela mesma associação, pelos ensinamentos que se recolhe de uma literatura etiquetada de popular.

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