sábado, 24 de março de 2018

A Família Anjos segundo Alexandra de Carvalho Antunes

Sobre os livros de Alexandra de Carvalho Antunes, já escrevi aqui (O veraneio da família Anjos. Diário de Maria Leonor Anjos, 1885-1887, em 2007) e aqui (Cais da Pedra e Cais Real. Planos Joaninos para a Marinha de Lisboa, em 2017).

Hoje, coube a vez ao lançamento do livro A Família Anjos. Modelo de Ascensão Social e Económica no Século XIX (2018), apresentado por Pedro Neves (ISEG) na Casa Sommer, Arquivo Histórico Municipal de Cascais (pequeno excerto, abaixo).



O livro, além da introdução, divide-se em três partes: 1) os Anjos no lugar do Cabeçudo, Sertã, com reconstituição biográfica, 2) comércio com a África Ocidental e a indústria têxtil, 3) modos de habitar, fortunas e legados. Com doutoramento em arquitetura (património arquitetónico), há um evidente gosto em juntar a arquitetura e a história, visível nos outros livros que aqui comentei. No presente livro, seguindo o exemplo do diário de Maria Leonor Anjos e o veraneio da família, nomeadamente expresso na casa de Algés, hoje Centro de Arte Manuel de Brito, a autora debruça-se sobre três gerações de empreendedores da família, as duas primeiras com nascimento na Sertã (apelidos Lopes e/ou Ferreira), a primeira pioneira na vida comercial em Lisboa, atraindo para aqui diversos sobrinhos e outros indivíduos sob o nome Anjos, porque viviam nessa zona da cidade, e que receberam ensinamentos e apoio financeiro para o início da atividade comercial (p. 264).

A autora debruçou-se também sobre a origem e composição social da firma Anjos & Cª, encontrando designações ligadas ao comércio e à indústria têxtil. A empresa mais duradoura, ocupando quatro gerações, existiu de 1833 a 1931 (p. 265). Os irmãos António, Flamiano e Policarpo manteriam a vida comercial associada a investimentos em fiação, estamparia e tinturaria de algodões, a que se seguiriam investimentos fundiários e na banca. Alexandra de Carvalho Antunes, ao estudar a família Anjos enquanto membro da classe mercantil e capitalista dos séculos XIX e XX português, identificou os fatores decisivos do seu sucesso, tais como a entreajuda e coesão familiar, a diversificação e complementaridade e de interesses económicos e o estabelecimento de parcerias (p. 266).



Edição da Mazu Press, 398 páginas, 45 euros, prefácio de Jorge Fernandes Alves.

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