Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Cinemateca
Quase a meio do mês de agosto, a diretora da Cinemateca, Maria João Seixas, alertou que a instituição corria o risco de suspender as suas atividades a partir do próximo mês se não fossem problemas de tesouraria que resultam de quebras substanciais das receitas sobre a publicidade nos canais televisivos. Hoje, a Secretaria de Estado de Cultura afirmava que “a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e o ANIM não vão fechar. Independentemente de quaisquer circunstâncias, as medidas para garantir o funcionamento da Cinemateca estão a ser asseguradas”. Por seu turno, a deputada socialista Inês de Medeiros disse estar a redigir um projeto de resolução sobre a situação da Cinemateca e o seu modelo de financiamento (a partir de notícias do jornal Público). Espera-se que haja o predomínio do bom senso dada a importância da Cinemateca.
Revista de Estudios Sociales
O número 46 da Revista de Estudios Sociales (RES) da Universidad de Los Andes (Bogotá, Colômbia), de maio a agosto de 2013, é monográfico e debruça-se sobre a solidariedade dentro de uma perspetiva filosófica. Segundo Rodolfo Arango, que assina a apresentação do número, diferentemente dos postulados de liberdade e igualdade, a solidariedade nunca recebeu a mesma atenção teórica, apesar do acervo histórico comum. A solidariedade precisa de criar espaço no pensamento político e na prática social, escreve o mesmo investigador, oriundo daquela universidade colombiana.
No mesmo texto, Arango indica que a investigação e a reflexão surgem no exato momento em que aqui, na Europa, o Estado Social atravessa um momento crítico e onde o desemprego e a recessão económica põem em causa a sua existência. O autor define quatro enfoques na análise à solidariedade tal como se apresenta na revista: 1) história e análise conceptual, 2) relação entre solidariedade e democracia, 3) evolução e características da solidariedade no constitucionalismo contemporâneo, e 4) potencialidades da solidariedade no contexto do cosmopolitismo e da luta pela justiça global.
O presente número da RES pode ser lido em http://res.uniandes.edu.co/indexar.php?c=Revista+No+46.
No mesmo texto, Arango indica que a investigação e a reflexão surgem no exato momento em que aqui, na Europa, o Estado Social atravessa um momento crítico e onde o desemprego e a recessão económica põem em causa a sua existência. O autor define quatro enfoques na análise à solidariedade tal como se apresenta na revista: 1) história e análise conceptual, 2) relação entre solidariedade e democracia, 3) evolução e características da solidariedade no constitucionalismo contemporâneo, e 4) potencialidades da solidariedade no contexto do cosmopolitismo e da luta pela justiça global.
O presente número da RES pode ser lido em http://res.uniandes.edu.co/indexar.php?c=Revista+No+46.
sábado, 24 de agosto de 2013
50 anos de emissão contínua de rádio em Portugal
Em 24 de agosto de 1963, entre as 03:00 e as 06:00, nascia o programa Sintonia 63, que fechava o ciclo de emissões durante 24 horas por dia. O programa dirigia-se a profissionais que trabalhavam durante a noite. Discos pedidos era um dos elementos fundamentais desse programa noturno. Os produtores António Miguel e Fernando Curado Ribeiro receberam muitas cartas e 25 mil telefonemas só no primeiro ano.
Além da emissão contínua em ondas médias na área de Lisboa, o Rádio Clube Português apostou em FM, de maior qualidade sonora. O surgimento da programação independente de FM permitiu a discussão sobre a estética da rádio. Por exemplo, a música era privilegiada em detrimento dos diálogos dos locutores. A música anglo-americana ganhava terreno face à música portuguesa e de expressão latina e da América do Sul. Joel Nelson, Fernando Curado Ribeiro, Produções Lança Moreira, Paulo Fernando, José Nascimento, Teixeira Mota e Duarte Ferreira foram nomes da rádio convidados por Júlio Botelho Moniz a abrir o FM do Rádio Clube Português.
Além da emissão contínua em ondas médias na área de Lisboa, o Rádio Clube Português apostou em FM, de maior qualidade sonora. O surgimento da programação independente de FM permitiu a discussão sobre a estética da rádio. Por exemplo, a música era privilegiada em detrimento dos diálogos dos locutores. A música anglo-americana ganhava terreno face à música portuguesa e de expressão latina e da América do Sul. Joel Nelson, Fernando Curado Ribeiro, Produções Lança Moreira, Paulo Fernando, José Nascimento, Teixeira Mota e Duarte Ferreira foram nomes da rádio convidados por Júlio Botelho Moniz a abrir o FM do Rádio Clube Português.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Jaime Isidoro
Eu classificaria a sua pintura como luminosa. Jaime Isidoro (1924-2009) foi galerista (Galeria Alvarez), editor e pintor. Vila Nova de Cerveira entrou no circuito da arte devido a uma intensa atividade sua. Pintor do Porto, a sua importância regional e nacional é significativa. Moderno, chamou-lhe Bernardo Pinto de Almeida, no catálogo da exposição patente na Câmara Municipal de Matosinhos, ido das academias locais para Paris, que o marcou muito. O mesmo crítico chama a atenção para a necessidade de estudar o vasto espólio legado pelo artista - cartas, catálogos, documentos, edições raras de livros - bem como a sua obra. Esta passou da figuração ao abstrato e voltou à figuração e reencontrou o abstrato. Influências nele tiveram Dominguez Alvarez e António Cruz. As feiras, o rio Douro, as paisagens urbanas geométricas enchem de vida as suas telas.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Encontro de rádio
Criada em fevereiro de 2013, a Rede de Estudos de Rádio vai realizar no dia 30 setembro um encontro de investigadores portugueses desta área. Esta jornada tem dois objetivos principais: debater a pertinência dos estudos radiofónicos no quadro das ciências da comunicação e discutir o desafio que a internet pode constituir para um meio que se define tradicionalmente pela ausência de imagem.
O programa conta com a participação de investigadores portugueses e a presença de dois investigadores espanhóis: Juan José Perona (Universidade Autónoma de Barcelona) e Arturo Merayo (Pontifícia Universidad de Salamanca, a confirmar). No final do encontro, os investigadores discutirão a proposta de criação de Grupo de Trabalho sobre Rádio e Meios Sonoros na SOPCOM, a formalizar em outubro no seu VIII Congresso.
Organização: Ceis20, CECS e CIMJ. Local: Casa das Caldeiras, Rua Padre António Vieira, Coimbra.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
A Voz dos Ridículos (1945-2013), um programa de humor na rádio do Porto
A Voz dos Ridículos, programa de humor radiofónico, começou a ser transmitido na estação Portuense Rádio Clube a 17 de abril de 1945 e acabou na Rádio Festival no final de julho de 2013. Juntamente com programas infantis, variedades e desporto, o humor foi um tipo de programa que despertou, desde cedo, muito carinho junto do auditório da rádio [imagens do livro de honra do programa: a primeira contém a fotografia dos diversos elementos constitutivos do programa].
Programa de maior duração na história da rádio portuguesa, A Voz dos Ridículos foi o resultado da confluência de diversos fatores. Um deles foi a longevidade do seu criador principal, João Manuel Antão, mais conhecido simplesmente como João Manuel. Outro dos fatores essenciais para o longo êxito foi a sua popularidade junto de camadas sociais médias e baixas da sociedade do Porto.
Um terceiro elemento a realçar do programa foi o de ser feito por amadores, com ocupação de tempos livres dedicada à rádio e que ilustra um modo particular de estar nos media. Como quarto e último elemento, o programa reuniu à sua volta duas gerações, pais e filhos, permitindo a entrada de mulheres na segunda geração. Os pioneiros foram todos do sexo masculino. Possivelmente, as condições de protocolo social inibiram o ingresso de mulheres na geração inicial, o que levou a uma escolha de papéis femininos atribuídos a alguns elementos. Além de Portuense Rádio Clube, o programa esteve sucessivamente em Ideal Rádio, onde se manteve durante décadas, Rádio Comercial, Rádio Clube de Matosinhos e Rádio Festival, sempre na cidade portuense e refletindo questões e problemas da região.
Um terceiro elemento a realçar do programa foi o de ser feito por amadores, com ocupação de tempos livres dedicada à rádio e que ilustra um modo particular de estar nos media. Como quarto e último elemento, o programa reuniu à sua volta duas gerações, pais e filhos, permitindo a entrada de mulheres na segunda geração. Os pioneiros foram todos do sexo masculino. Possivelmente, as condições de protocolo social inibiram o ingresso de mulheres na geração inicial, o que levou a uma escolha de papéis femininos atribuídos a alguns elementos. Além de Portuense Rádio Clube, o programa esteve sucessivamente em Ideal Rádio, onde se manteve durante décadas, Rádio Comercial, Rádio Clube de Matosinhos e Rádio Festival, sempre na cidade portuense e refletindo questões e problemas da região.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
A venda do Washington Post
O Washington Post resistiu a Nixon mas não à internet, consideram os media desta semana quando comentam a venda do jornal da família Graham ao fundador da Amazon, Jeff Bezos. Este vai pagar 250 milhões de dólares (190 milhões de euros) e terá garantido os princípios e os valores do jornal. O Post nunca foi um jornal para ganhar dinheiro mas como agente de promoção de uma sociedade mais informada, culta e democrática (sigo os textos de Rita Siza e João Pedro Pereira, do Público de 7 de agosto).
A quebra da imprensa em papel é mostrada no percurso do Washington Post: há 20 anos, tinha uma média de 832 mil assinaturas; este ano, a circulação baixou para 450 mil exemplares. Nos últimos cinco anos, as receitas desceram mais de 25% e a redação baixou de mil profissionais para 640 pessoas. A perda dos jornais tem a ver com a mudança de hábitos de leitura e com o número de milionários com interesse no papel social e cívico dos jornais.
Do lado de Bezos, sabe-se que ele está habituado a prejuízos. A sua Amazon, lançada em 1994, começou a dar lucros em 2003 mas em 2012 teve prejuízo. Experimentar mas manter as equipas de administração e de direção editorial são duas ideias chave de Bezos, que não se vai envolver na gestão quotidiana. Uma certeza apenas: os media digitais e o online são o futuro. As suas linhas de sucesso é que ainda não estão determinadas.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Reabertura de salas de cinema
Nos meses mais recentes, o país foi abalado pela notícia do encerramento de salas de cinema em diversas cidades, algumas delas ficando sem nenhum ecrã de cinema. As salas eram exploradas pela Socorama e situavam-se em centros comerciais da Sonae Serra, com a maioria a fechar por dívidas à entidade proprietária dos espaços.
Agora, a brasileira Orient, com a marca Cineplace, propõe-se explorar esses espaços, casos de salas em Viana do Castelo, Leiria, Loures, Gaia, Seixal, Portimão e Funchal, num total de 60. Proprietária de salas de cinema no Brasil e em Angola, a Orient tem um plano de cinco anos para recuperar as salas e os públicos perdidos. Para o novo investidor, a prática portuguesa tem sido em torno do filme e não na sala.
Segundo a notícia do Público que sigo (7 de agosto), a Orient (Cineplace) constituir-se-á como segundo exibidor (15%), a seguir à Zon Lusomundo (210 salas e 64,1% das receitas) e da norte-americana UCI, com 45 ecrãs. A queda sucessiva de público na sala de cinema deve-se a mudanças de hábitos e a pirataria, nomeadamente.
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