domingo, 30 de abril de 2006

BLOGUE AS IMAGENS E NÓS

Desde ontem, o blogue
As imagens e nós tem uma nova linha visual, numa ideia de refrescamento gráfico que há pouco tempo também ocorreu com os blogues Atrium e Jornalismo e comunicação.



José Carlos Abrantes, professor universitário e animador de tertúlias - como as que vêm sendo realizadas sobre blogues -, vai lançar na feira do livro, em 6 de Junho, pelas 18:30, o texto Ecrãs em mudança, organizado por ele.
Como refere no seu blogue As imagens e nós (mensagem de 24 de Abril):
  • O livro Ecrãs em mudança reúne contribuições sobre as relações da televisão e da internet com os seus públicos, sobretudo os jovens. A interacção entre os públicos e tais tecnologias faz-se, sobretudo, a partir dos ecrãs, face aos quais nos entregamos, quotidianamente, mais ou menos tempo, na nossa actividade profissional e de lazer. Tais ecrãs estão em mudança pois, quer uns quer outros, sofrem transformações constantes nos conteúdos, nos dispositivos, nos públicos, nas tecnologias que os fazem estar presentes nas sociedades modernas.

LOJAS DE PRAGA

Podemos dividir as lojas da cidade de Praga em seis níveis: de produtos de qualidade, modernas, antigas, internacionais (marcas multinacionais ou negócios internacionais), nobres (junto ao castelo) e de cristais.





Das três primeiras lojas, a que designo de produtos de qualidade, duas ficam numa pequena rua de lojas de prestígio não longe da praça do relógio astronómico. Numa delas, a livraria Knihy Aulos, ficou um magnífico livro de 3500 coroas (cerca de €125 ), com litografias. O lojista da
Knihy Aulos bem se esforçou em elogiar a obra e a edição mais que limitada - apenas 50 exemplares -, mas o blogueiro hesitou em comprar (obstáculo para além do preço: o texto em checo).





As lojas antigas encontram-se em zonas ainda relativamente próximas da cidade comercial do centro: práticas mas com montras feias e cheias de produtos (muito diferente do que o blogueiro observou há mais de uma dezena de anos em parcela da antiga Jugoslávia, na actual Bósnia-Herzgovina, com as prateleiras vazias nos mercados). Já as lojas internacionais encontram-se na praça de S. Venceslau e rua Prikope.





Os últimos dois tipos, de acordo com a minha classificação, são as nobres e as que vendem cristais (para viajantes). Aquelas situam-se perto do castelo, aproveitando antigas casas de nobres, pertencendo a um tempo em que ainda não existia numeração nas portas mas símbolos (de animais) como identificação. As fachadas são magníficas.







O pequeno vídeo a seguir mostra edifícios e lojas nos rés-do-chão desses edifícios.


sábado, 29 de abril de 2006

AS CONTAS DOS MEDIA

Os jornais diários já tinham mostrado as contas do primeiro trimestre dos media, mas o Expresso de hoje faz a síntese. A Media Capital (da TVI) subiu 134% nos lucros face a igual período de 2005, a Impresa (da SIC) baixou 95% e a Cofina (do Correio da Manhã) desceu 48,4% (embora no ano passado tivesse outras actividades, que determinaram esta quebra).

MUPIS EM PRAGA

Portugal e República Checa possuem um número aproximado de habitantes (10 milhões), enquanto as capitais, Lisboa e Praga têm uma população superior a um milhão de habitantes. Mas há diferenças, vistas empiricamente, tais como um maior parque automóvel em Lisboa e mais turistas em Praga. Na cidade checa também se notam muitas casas de jogo (casinos), uma espécie de antítese do regime político vigente até poucos anos atrás. E outra diferença que se detecta é na publicidade inserida nos mupis, voltada para um consumo doméstico adaptado a cada um dos países. Pode-se falar numa agenda publicitária nacional, embora as marcas multinacionais também tenham espaço de presença.

Dos temas encontrados nos cartazes publicitários de rua encontram-se anúncios a bebidas, automóveis, produtos de beleza, solários, casinos, moda e exposições culturais.








sexta-feira, 28 de abril de 2006

AGENDAS CULTURAIS

São três agendas deste mês, respectivamente de Almada, Guimarães e Moita, com capas alusivas aos acontecimentos políticos de 25 de Abril de 1974 (revolução dos cravos). Elas têm uma boa apresentação gráfica em toda o conjunto de páginas.

Retiro o sumário da agenda de Guimarães: exposições, cinema, vários, a oficina, bibliotecas, biblioteca complexo funcional de couros, cidade desportiva, cybercentro, visitas, informações, farmácias de serviço. Há, aqui, a junção de elementos dedicados ao consumo cultural e informações úteis, como horário de teleférico, centro de informação autárquico ao consumidor, centro de arbitragem de conflitos de consumo, postos de turismo, com moradas e contactos telefónicos.

50 ANOS DE GRAVURA PORTUGUESA

Até 1 de Julho, decorre em Tavira a exposição 50 anos de gravura portuguesa em dois locais distintos. Assim, as gravuras de 1956 a 1999 são mostradas no Palácio da Galeria (Calçada da Galeria) e as de 2000 a 2006 na Casa das Artes (Rua João Vaz Corte Real, 96), ambas em Tavira. O horário é o seguinte: 3ª feira a sábado, das 09:30 às 12:30 e das 14:30 às 16:30.

Trata-se de uma exposição em que colaboram a Sociedade Nacional de Belas Artes, a Câmara Municipal de Tavira e a Casa das Artes de Tavira.
  • VÍDEOS

    O sítio
    You Tube - onde tenho alojado pequenos vídeos - está, neste momento, em baixo, pelo que não é possível aceder aos mesmos. As minhas desculpas pelo sucedido.

    Adenda colocada às 20:20 - voltou a funcionar o sítio You Tube, com novas funcionalidades. Além disso, o logo da You Tube
    ficou reduzido, o que torna a imagem de acesso mais agradável.

RANKING DOS BLOGUES PORTUGUESES

Para o blogue
Blasfémias (Gabriel Silva), há um top de blogues de Portugal baseado no Technorati. Os mais cotados são: 1) Abrupto, 2) Há vida em Markl, 3) Blasfémias, 4) Estado civil, e 5) A origem das espécies. O Indústrias culturais ficou em 39º lugar.

A metodologia apresentada baseia-se nas ligações feitas dos blogues para um dado blogue, segundo o Technorati. O blogueiro pesquisou os resultados a partir da listagem do Top 100 do blogómetro mais a pesquisa dos blogues listados no blogroll do Blasfémias, além de pesquisa avulsa, dados levantados entre os dias 19 e 21 de Abril.

MUSEUS DE PRAGA (I)

Praga é uma cidade onde há um grande aproveitamento de espaços comerciais, mesmo que se trate de cultura. Isso aplica-se aos pequenos museus, que ocupam um perímetro relativamente próximo e brotam quase de lojas comerciais (aparelhos sexuais) ou andares de habitação (museu da tortura). Se houvesse possibilidade de trazer o espírito de Praga, poderíamos ter vários museus entre o Rossio e a Rua Augusta, em Lisboa, ou na rua Mouzinho da Silveira, no Porto, capazes de atrair turistas e curiosos a esses espaços. Além de espaços exíguos, detecta-se outra tendência, a de museus pobres conceptualmente, caso do de Alfons Mucha (1860-1939), pintor de arte nova [para aproveitar espaço, nas costas de uma vitrina expõem-se fotografias do pintor e da sua família].

Um museu interessante - que foge a esta regra - é o da arte cubista checa, instalado num belo edifício de quatro andares (três para o museu e um para o café). Lê-se na página do Museu do Cubismo Checo: "os anos de 1910 foram na Europa um momento de expansão dos movimentos vanguardistas - cubismo, futurismo e expressionismo. [...] Em Praga, a base para o novo movimento de vanguarda tornou-se o grupo de artistas fundado em 1911 por proponentes do cubismo de Picasso e Braque - os pintores Emil Filla, Antonín Procházka, Josef Čapek, o escultor Otto Gutfreund, o escritor Karel Čapek, e os arquitectos Pavel Janák, Josef Gočár, Vlastislav Hofman e Josef Chochol". No museu, encontram-se secções de pintura, escultura, desenho (arquitectura), mobiliário e louça.


Leitura suplementar: Tomás Vlček e Jana Horneká (2004). Muzeum českého kubismu. Praga: Naródní Galerie
MUSEUS DE PRAGA (II)

Poderíamos dividir a análise ao Museu do comunismo em três parcelas: 1) localização do museu, a paredes meias com um casino e um restaurante McDonald's (rua Prikope, nº 10, 1º andar, avenida larga e aberta apenas a peões, com grandes lojas de marcas ocidentais e junto à praça de S. Venceslau), 2) cartazes de apelo à resistência face ao capitalismo, naquilo a que se poderia chamar de fase de sonho, e 3) símbolos do poder, como esculturas e bustos, no que os construtores do museu apelidaram de pesadelo, após a falhada Primavera de Praga (1968), de reforma do regime a partir de dentro, e sua queda durante o movimento de abertura dos países do leste europeu às propostas políticas do Ocidente (1989).






No museu, há a reconstituição de espaços: 1) sala de interrogatórios (com telefone a tilintar, máquina de escrever, estante com ficheiros), 2) unidade fabril (produção de metalomecânica), 3) mercearia (consumo básico), 4) sala de aula (formação ideológica). Na última sala, ao lado de bustos retirados de edifícios depois da queda do poder comunista, visiona-se um vídeo dando conta dos acontecimentos que precederam esse momento de viragem, com repressão contra as manifestações de multidões numerosas na praça S. Venceslau por parte das forças armadas.

Os cartazes são o material mais importante para análise no blogue. Desses trabalhos gráficos, faz-se uma leitura denotativa directa: 1) luta contra os americanos, os inimigos principais do regime comunista, 2) ligação das forças armadas à sociedade civil, 3) temas relacionados com o bem-estar dos indivíduos numa perspectiva colectivista, como as férias e as organizações juvenis. As linhas estéticas simples dos cartazes tinham como objectivo a massificação de ideias e como públicos-alvo sectores da população menos endoutrinados. As imagens funcionavam como educadores, numa distinção maniqueista entre bons e maus.









Embora o museu possua uma organização antiga, sem marcação temática vincada e meios visuais de apresentar melhor os objectos expostos, o choque provocado pelas ideias (cartazes) e a realidade (caso dos bustos retirados de praças ou interior de edifícios) possibilita a compreensão do fechamento acrítico do regime e do seu espírito fortemente persecutório.

Na obra Power of images, images of power, resultado de exposição realizada em Praga, de Janeiro a Março de 2005, Václav Belohrasdsky entende, no texto que publicou, que o mundo dos cartazes era uma janela aberta do considerado maravilhoso mundo comunista, com os seus habitantes parecendo estátuas rígidas, logo não reais. Escreve Belohrasdsky: "as imagens e os slogans dificilmente podem ser vistos como uma forma de persuasão; são instrumentos de poder" (p. 21).