terça-feira, 30 de novembro de 2010

CADEIA DE VALOR


The European Supply Chain and Audiovisual Content Creation, p. 112, in Study on the application of measures concerning the promotion of the distribution and production of European works in audiovisual media services (i.e. including television programmes and non-linear services), Final Study Report, 28th May 2009.

JACQUELINE ARONIS

Lançamento do livro Matéria Gráfica Ideia e Imagem de Jacqueline Aronis, no dia 9 de Dezembro, às 19:30, na Casa das Rosas, Av. Paulista, 37, São Paulo, Brasil.

CULTURAL AND CREATIVE INDUSTRIES IN GERMANY

Culture and Creative Industries in Germany 2009 - Monitoring of Selected Economic Key Data on Culture and Creative Industries is a paper belonging to the Initiative Culture and Creative Industries of the German Federal Government (managed by the Federal Ministry of Economics and Technology and the Federal Commissioner for Cultural and Media Affairs), that has established a monitoring mechanism for cultural and creative industries to report on current economic key data across the sector. The analysis presented in this document aims to investigate the development potential of cultural and creative industries. See more here.

domingo, 28 de novembro de 2010

A CULTURA HOJE

  • "À pergunta sobre se aceitaria hoje assumir o cargo de ministra da Cultura a resposta foi evasiva: «Não sei se aceitaria. […] Comecei o mandato cheia de expectativa de que estavam criadas as condições para consolidarmos o nosso tecido cultural» (entrevista de Gabriela Canavilhas ao Jornal de Notícias e de que li um excerto no Público).
Um dos temas mais focados foi a questão das mudanças previstas na gestão financeira dos dois teatros nacionais (D. Maria II e São João), com racionalização de meios e canalização de mais recursos para a programação, de acordo com a perspectiva de Gabriela Canavilhas. A ministra considera que Diogo Infante e Ricardo Pais, ligados a essas duas estruturas, são dos que mais criticam a mudança da gestão financeira para a Opart (Organismo de Produção Artística).

O artigo de Ricardo Pais, no Público de hoje, é deveras corrosivo para a ministra, embora haja apartes que não entendi, certamente tendo como alvo um só leitor(a). A ministra é uma mulher das artes - e tudo isto (os cortes orçamentais, as críticas) é muito duro. Ela está a desempenhar um papel difícil e com espaço cada vez mais apertado. Parece-me que a dificuldade atinge todos os governantes.

CITAÇÃO

A editora americana de Heiner Müller contava a seguinte história: ela e o marido viviam numa zona abastada do Estado de Massachusetts. Os vizinhos quiseram saber o que fazia o casal, que explicou estar ligado ao teatro, uma actividade com "um palco onde há pessoas que representam, que fazem como se fossem outras pessoas, e representam a vida dessas pessoas. Em baixo, estão sentadas pessoas que olham e ouvem, podem gostar ou não, no fim, aplaudem ou não". A mulher do vizinho percebeu logo: claro, isso é a televisão!

O actor confessa-se cansado, com o público a não se importar com ele. O outro actor diz-lhe que não, que o público o adora e que vai ao teatro ver as peças porque ali só se representa qualidade. O velho actor duvida: no final do espectáculo, o público vai-se embora e dormir, esquecendo-o.

O actor é Luís Miguel Cintra. Fim de Citação é uma colagem de textos, uma colecção de citações de Luiza Neto Jorge, Beckett, Genet, Lorca, Pirandelo, Müller e outros. O actor chama-lhe também um prólogo, um "lever de rideau", uma advertência. E ainda um improviso, porque em vez de Fim de Citação estava para ser uma produção com outra entidade, mas os cortes no orçamento impediram essa actividade. Luís Miguel Cintra diz ainda que se trata de um balanço de 37 anos do teatro Cornucópia, com uma revisitação por encenações já vistas. As personagens são, aliás, o encenador (Luís Lima Barreto), a assistente de encenação (Sofia Marques), o contra-regra (Dinis Gomes), o actor (Luís Miguel Cintra) e o urso (Manuel Romano, que é o verdadeiro assistente de encenação na peça). Os espelhos permitem ver os actores de costas e de lado - e também o público, como no quadro As Meninas de Velásquez.

Luís Miguel Cintra mostra a sua melancolia ao escrever sobre o tempo presente: "Caminhamos a passos largos para uma lógica de mercado nas artes dos espectáculos que cada vez nos empurrará mais para o mesmo desprezo pelo público que é próprio das empresas comerciais: cada pessoa, mais que pessoa, será um porta-moedas".

No final, os actores cantam em playback o "Agnus Dei" da Missa da Coroação de Mozart (Sofia Marques "com" a voz de Stich-Randall). O palco ficaria vazio, confundindo-se com o que existe para lá dele: o bastidor. O público bateu palmas, veio-se embora mas não esqueceu o actor nem o seu teatro. Para o ano, mesmo com os cortes orçamentais, esperamos ver o actor em A Catatua Verde, de Arthur Schnitzler (Teatro D. Maria II) e A Varanda, de Jean Genet (Teatro do Bairro Alto).

NEPAL - 3

Imagens a partir da objectiva de Alberto Santos Silva, a quem agradeço a gentileza de reprodução.

JORNALISMO

"O jornalismo contemporâneo tem suas raízes na cidade, no fenômeno urbano moderno, representado pelas massivas movimentações de coisas e pessoas fomentadas pelo industrialismo (Hobsbawn, 1995). O jornal diário passa a ocupar o lugar onde outrora estiveram o galo, o sino das igrejas e a posição do sol na abóbada celeste na marcação do tempo da vida daqueles seres, desde então urbanizados. «(...) é a ideia de um aqui e agora, ou seja, de espaço e tempo entrecruzados, que preside à singularização do fato» (Sodré, 2009: 26). «A cidade teve um papel predominante na reestruturação geral do jornalismo. Em seus inícios, o jornalismo ocupava a maior parte de suas edições com notas e documentos oficiais, ao passo que nos finais do século [XIX] descobriu a cidade como fonte de notícias. O mundo público deixou de limitar-se aos assuntos do governo ou do comércio, para referir-se a todo fato que, na visão dos jornalistas, tinha interesse coletivo no seio de uma comunidade» (Machado, 2000)" (Marcos Palacios, Convergência e memória: jornalismo, contexto e história, MATRIZes, Julho/Dezembro 2010).

O texto de Marcos Palacios (actualmente professor visitante na Universidade da Beira Interior, Covilhã) aparece no número mais recente da revista do programa de pós-graduação em ciências da comunicação da Universidade de São Paulo.

sábado, 27 de novembro de 2010

CULTURA POPULAR NO TEMPO DO ESTADO NOVO


A cultura popular no Estado Novo é um texto de Daniel Melo onde se analisam os discursos sobre a cultura popular durante o regime (1933-1974), em especial nas casas do povo, ranchos folclóricos, artesanato, museus etnográficos, literatura e marchas populares. O autor opõe a um modelo tradicionalista e nacionalista em Salazar as propostas de associativismo, leitura pública (bibliotecas da Gulbenkian) e acção (Acção Católica).

Inserido na colecção Biblioteca Mínima, com 129 páginas, o livro tem quatro capítulos: 1) o discurso sobre a cultura popular, 2) as práticas culturais no espaço corporativo, 3) as práticas culturais no espaço não corporativo, 4) a concorrência da sociedade civil.

Retiro ideias do último parágrafo da obra. Escreve Daniel Melo: "O entendimento da cultura popular enquanto articulação de uma cultura tradicional do povo e a transformação da mentalidade deste através da acção estatal legitimou toda a política oficial" (p. 124). O Estado Novo buscava, assim, uma identificação com a comunidade que representava, condicionando valores e práticas de identidade nacional e da esfera pública (p. 125). Por isso, o associativismo e outras manifestações da sociedade civil - como escreve Daniel Melo - tiveram sérias limitações.

O autor divide o Estado Novo em sete fases [institucionalização (1933-1934), fascização (1935-1941), primeira crise do regime (1942-1949), contra-ofensiva (1949-1958), segunda crise do regime (1958-1961), guerra colonial (1961-1967), ocaso marcelista (1968-1974)] (p. 15) e relaciona com estas fases as acções e teoria da cultura popular.

Daniel Melo é historiador e investigador no Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa.

Leitura: Daniel Melo (2010). A cultura popular no Estado Novo. Coimbra: Angelus Novus

IAMCR ACADEMIC CONFERENCE

The International Association for Media and Communication Research (IAMCR) invites submission of abstracts for its 2011 academic conference to be held at Kadir Has University in Istanbul, Turkey, from July 13 to 17, 2011. The general theme of the conference is Cities, Creativity, Connectivity. Read more.


The conference aims to assess the present state of the city, interrogate the processes that generated the present, and evaluate the future(s) that lay ahead. As citizens, what are the rights, norms and standards we desire? What does global connectivity offer to the riches and uncertainties of urban everyday life? What are the aesthetics and economies of creativity in which we invest the future of the city? What are the communicative possibilities that cities afford and hinder? These and other questions await our scholarly responses and intellectual interventions. A wide-ranging set of issues, sub-themes and topics confront us for exploration and interrogation, including but not limited to the following :

* Creative and cultural industries in a globalized economy
* Global city, connectivity and communication
* Art, culture and transnational communication
* Cosmopolitanism as an ideal and practice
* Economies of art, media and creativity
* Media, democratization and urban life
* Hybridities, identities, creativity
* Migration: communication, connectivity and creativity
* Local productions in a global city
* Communication inequality: rural and urban trends
* Social networks, connectivity and creativity
* Digital artworlds and virtual connectivity
* Social responsibility, personhood and communication
* Communication, Rights and duties of citizens in the emerging global order
* Communities, connectivity and marginalized groups
* Economics and the cost of urban connectivities
* Gender, culture and communication

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

EXPOSIÇÃO AS ÁFRICAS DE PANCHO GUEDES

De 17 de Dezembro de 2010 a 8 de Março de 2011, estará patente a exposição As Áfricas de Pancho Guedes, no Mercado de Santa Clara, em Lisboa. Organizada pela Câmara Municipal de Lisboa/Gabinete Lisboa Encruzilhada de Mundos e comissariada por Alexandre Pomar e Rui Mateus Pereira, a exposição reúne cerca de 500 obras de arte africana da colecção do arquitecto português Amâncio (Pancho) Guedes, reunida ao longo da sua vida profissional em Moçambique e na África do Sul.

"Iniciada e desenvolvida a partir dos anos 50 e 60, nas décadas em que a maioria das independências africanas se afirmam, a colecção releva-nos aspectos das várias Áfricas que então e hoje ainda coexistem e se confrontam. Abarca a tradição e a mudança, a aculturação colonial e a diferença local, em especial com atenção às originalidades culturais alternativas à uniformização moderna. Na pluralidade dos seus objectos, a colecção põe também em questão as fronteiras entre os géneros estabelecidos, da chamada arte tribal (que já foi arte primitiva e a que alguns chamam agora artes primeiras) às criações dos amadores e artistas outsiders. Com destaque especial para um grande núcleo formado pelas obras iniciais de Malangatana".

ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA EM PORTUGAL NO SÉCULO XX

Enciclopédia da música em Portugal no século XX são quatro volumes dirigidos por Salwa Castelo-Branco, com coordenação executiva de António Tilly e coordenação adjunta de Rui Cidra, publicados pela editora Temas e Debates/Círculo de Leitores. A meu ver, trata-se de uma obra de inegável importância e que os leitores há muito ansiavam.

Fico-me pela leitura da entrada "Indústria Fonográfica", dividida em enquadramento geral, recepção do fonógrafo e actividade das primeiras empresas discográficas em Portugal (1879-1925), formalização do mercado de fonogramas (1926-1934), papel da gravação na construção da "vedeta" e na afirmação de  repertórios entre as décadas de 30 e 60, criação de infra-estruturas de gravação e produção de suportes, autonomização da produção e emancipação do sector fonográfico nos anos 70: novos artistas e novo reportório, estabelecimento de empresas multinacionais em Portugal e pluralidade de domínios musicais (1979-1990), intensificação do investimento multinacional e crescimento do meio musical português (1990-2000).

Sobre a última década do século, a entrada, assinada por Leonor Losa, indica a intensificação das majors acompanhada pela criação de pequenas estruturas editoriais independentes ou de música alternativa, estimuladas pela descentralização das tecnologias de produção musical e pela pluralidade de gostos dos consumidores de música no país e o alargamento de espectáculos por intérpretes nacionais e internacionais (p. 642).

TELEVISÃO

Manuela Moura Guedes e responsáveis da SIC de Pinto Balsemão estão em negociações para o regresso da jornalista aos ecrãs (Público).

CONTRA-INFORMAÇÃO

"O Contra-Informação, programa de sátira política exibido há quase 15 anos na televisão pública, acabou. A RTP não renovou para o próximo ano o contrato com a Mandala, produtora do programa" (Público).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CALL FOR PROPOSALS

Visible Evidence 18, New York City, August 11-14, 2011

Visible Evidence, an international conference on documentary film and media, now in its 18th year, will convene August 11-14, 2011 in New York City, at Tisch School of the Arts, New York University, and other locations around the city. Visible Evidence 18 will feature the history, theory, and practice of documentary and non-fiction cinema, television, video, audio recording, digital media, photography, and performance, in a wide range of panels, workshops, plenary sessions, screenings, and special events. Proposals for panels and presentations are invited. See more.

LES CAHIERS DU JOURNALISME

L’Europe des médias face à la crise, texto de José-Manuel Nobre-Correia nos Cahiers du Journalisme, do Canadá, acaba de sair. Na sua análise incluem-se pluralismo e concentração, fragmentação e fragilidade, internet e gratuitidade, estreitamentos, apostas de grande risco, redefinições nas mutações e profundas transformações na história. Das conclusões sobre o fim de uma época e o nascimento de outra, percepcionam-se o lento desaparecimento da informação e do entretenimento gratuitos, a crescente discussão da ideia de informação como serviço público dado aos cidadãos e a redefinição da noção de pluralismo. O autor é professor do departamento de Sciences de l’information et de la communication da Université Libre de Bruxelles (ULB).

ALL MOST, EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA DE SAL NUNKACHOV EM VIANA DO CASTELO

CONGRESSO SOBRE LITERACIA, MEDIA E CIDADANIA

Vai realizar-se na Universidade do Minho, nos dias 25 e 26 de Março de 2011, o Congresso Nacional sobre Literacia, Media e Cidadania, iniciativa que serve para tomada de consciência do que vai sendo feito e do que falta fazer para promover a literacia para os media em Portugal. O Congresso é da responsabilidade de várias entidades: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho), Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional da Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social, Ministério da Educação e UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento. Mais informação em http://literaciamediatica.pt/congresso/.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

LIVRO SOBRE A RÁDIO PÚBLICA

A Nossa Telefonia - 75 anos de Rádio Pública em Portugal, sobre os três quartos de século da Emissora Nacional, depois RDP e hoje RTP-Rádio, é um livro coordenado por Joaquim Vieira, com textos de Manuel Deniz Silva, Nuno Domingos e Pedro Russo Moreira, e pesquisa iconográfica de Mafalda Lopes da Costa. O volume, edição da Tinta da China, contém anexo um CD com sons do arquivo sonoro da rádio pública.

ANABELA SOUSA LOPES

Anabela Sousa Lopes defendeu hoje na Universidade da Beira Interior (Covilhã) a sua tese de doutoramento intitulada Tecnologias da Comunicação: Novas Domesticações, com a classificação de Excelente (18 valores).

Do abstract da sua obra, retiro os seguintes elementos: "Domesticação é um conceito inicialmente usado por Roger Silverstone, por volta de 1990, sugerindo o processo de tornar domésticas as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), tendo em conta que são adquiridas no domínio público e seguidamente tornadas parte da casa. Estas tecnologias moldam e são moldadas pelos consumidores. Estudos mais recentes tiveram que considerar o seu consumo em casa mas também fora do espaço doméstico. Portanto, mobilidade é um conceito crucial que enquadra a mudança de casa (entendida como household) para lar, em algumas pesquisas".



O júri das provas foi constituído por Rogério Santos, João Canavilhas, Paulo Serra (presidente), Tito Cardoso e Cunha, Graça Simões e Óscar Mealha (pela ordem na fotografia, da esquerda para a direita, com a nova doutora ao centro). Anabela Sousa Lopes é Professora Adjunta da Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa).

COVILHÃ À NOITE

AS INTELECTUAIS PÚBLICAS PORTUGUESAS

Laura Pires inspirou-se no quadro de Giorgio de Chirico, Musas Inquietas, para o seu livro. A pintura mostra mulheres, musas numa paisagem metafísica com o castelo de Este em fundo, musas como a mitologia grega representava, ligadas às artes e ciências.

O objecto de trabalho de Laura Pires é falar de dez mulheres intelectuais de forte peso na sociedade nacional em cinco áreas: artes plásticas, música, ciência, arquitectura paisagista e gestão cultural (no Verão, escrevi sobre o livro de Isabel Canha, As mulheres normais têm qualquer coisa de excepcional, de onde retirei o exemplo de uma produtora de televisão, mas o registo das duas obras é muito distinto).

O livro apresenta-se dividido em cinco capítulos: introdução, contextualização teórica, contextualização histórica, áreas de actuação, considerações finais. Escreve Laura Pires que a característica comum às mulheres que observa e analisa é o facto de circularem em áreas governadas e dominadas pelos homens e dirigidas a públicos internacionais (p. 20) - Emília Nadal, Joana Vasconcelos, Maria João Pires, Joana Carneiro, Hanna Damásio, Leonor Parreira, Teresa Andresen, Cristina Castel-Branco, Simonetta Luz Afonso e Yvette Centeno. A escolha do tema resulta de vivências da autora: interesse pelo movimento feminista desde o tempo de estudante universitária, investigação sobre teoria crítica e questões do género e discussão com os seus alunos. Uma das opções metodológicas seguidas pela autora foi o trabalho de Jeffrey Alexander, designado como pertencendo à nova sociologia cultural americana, diferente da de Bourdieu e da escola dos cultural studies de Birmingham.

A autora escolheu metodologias distintas, uma delas a da interseccionalidade, "que indicia e procura examinar várias categorias de discriminação culturalmente construídas e que interagem a vários níveis, contribuindo assim para uma sistemática desigualdade social" (p. 245). Outra das metodologias utilizadas foi a de kiriarquia ou kiriarcado, neologismos que significam, a partir do grego, senhor/dono e governar/dominar e redefinem a "categoria analítica do patriarcado em termos de estruturas de dominação interseccionais e múltiplas" (p. 249), ou melhor: sistema de estruturas interseccionais e múltiplas de ordenação e subordinação, de governar e oprimir.

Laura Pires foi docente da Universidade Aberta e da Universidade Católica. Sobre a sua última aula na licenciatura de comunicação desta última universidade, escrevi aqui (30 de Maio de 2007), incluindo um pequeno vídeo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

BLOGUE

Embora sem produção regular mas de boa qualidade, o blogue Urbscape mistura arte urbana, história, marketing, mix-comercial, paisagem e urbanismo.

PORTO

Retirei do blogue archdaily as duas imagens seguintes. Eis uma forma muito curiosa de juntar estética, novidade e assento enquanto se espera o autocarro (Largo dos Lóios, Porto) (fotografias de Dinis Sottomayor, Diogo Aguiar, Teresa Otto, Manuel Magalhães e OPOLab).

TELENOVELA DA TVI PREMIADA COM EMMY

"A telenovela portuguesa Meu Amor foi ontem distinguida em Nova Iorque com um Emmy para melhor novela internacional. Esta é a primeira vez que uma produção nacional é nomeada e vence este prémio" (Público) [imagem retirada do sítio oficial da novela].

PALÁCIO DA BOLSA, PORTO

As nuvens juntaram-se, caindo um forte aguaceiro na cidade. O ruído da água a cair na cúpula quase elidia a voz da oradora. Olhando melhor para a cúpula da sala do Palácio da Bolsa, ela lembra-nos o diafragma de uma máquina fotográfica.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

LIVRO DE SOLEDADE SANTOS

EDUARDO CINTRA TORRES

Com o título A multidão e a televisão. Representações contemporâneas da efervescência colectiva, Eduardo Cintra Torres defendeu hoje a sua tese de doutoramento, na sala do Senado da Reitoria da Universidade de Lisboa. O júri, constituído por Jorge Vala, Salvador Giner, Francisco Rui Cádima, António Firmino da Costa, José Machado Pais e Manuel Villaverde Cabral, atribuiu-lhe a máxima classificação.



Crítico de televisão (Público) e de publicidade (Jornal de Negócios) e docente da Universidade Católica, Cintra Torres abordou no seu trabalho autores como Aristóteles, Émile Durkheim e Gabriel Tarde. Procurou entender como a multidão se relaciona na vida social, analisou o efémero da multidão como fenómeno permanente e aplicou o conceito na política e na estética. Apesar de não falar dela, Durkheim foi, nas palavras do novo doutor, o autor principal da multidão. Mas também enalteceu Tarde, o primeiro autor a fazer a passagem de multidão para público (reconhecida a sua influência apenas pela escola de Chicago e, recentemente, por investigadores como Elihu Katz). A multidão é espectáculo, é a efervescência colectiva que se reintegra na sociedade com regras e leis, mas também é porto seguro para o indivíduo. Cintra Torres distinguiu ainda entre multidão transformadora e revolucionária. Como metodologia, fez uma selecção de casos e estabeleceu uma comparação em termos de análise textual como unidades criativas de som e de imagem. Para Cintra Torres, os media representam a multidão na sua intenção de apresentação para corresponder às expectativas dos espectadores. Televisão e multidão partilham tempo e espaço, multidão é imagem e som devolvidos pela televisão.

sábado, 20 de novembro de 2010

HUMOR DO CONTRA-INFORMAÇÃO

"O Contra-Informação começou em 1992, transmitido inicialmente pela SIC com o nome Jornalouco. Em Carnaxide, o formato de humor conheceu ainda mais duas designações, Desculpem Qualquer Coisinha e Cara Chapada. O programa não vingou na SIC e as marionetas passaram a ser emitidas pela RTP a partir de 1996, já com a designação de Contra-Informação" (Diário de Notícias).

AUSCHWITZ


Auschwitz mostra evidências, embora muitas delas sejam apenas imagens fotográficas, o que a olhares mais cépticos pode representar exagero ou manipulação. As duas toneladas de cabelo rapado às mulheres antes de estas serem mortas, os milhares de sapatos numa montra e as dezenas de próteses noutra montra são evidências materiais que não se pode ignorar mas poderiam ser recolhidas de hospitais ou prisões. O ambiente simétrico das casas, as câmaras de gás (visível uma), as celas dos prisioneiros na solitária (isolados), os dormitórios e as latrinas fornecem evidências mais vivas. O modo claro e pormenorizado como o guia conduziu a visita retirou qualquer suspeita, mesmo quando um de nós, mais curioso, quis saber se foram apenas judeus a morrer. O holocausto incluiu patriotas polacos, checos, ciganos. Na verdade, a história é mais completa quando nos fala dos horrores dos judeus ou dos comunistas e socialistas perseguidos, mas é mais opaca quando se refere aos roma (ciganos). Aqui, há na verdade falta de um grupo de pressão internacional, forte e poderoso, que fale e dê o devido relevo a essa tragédia.

Mais tarde, quando em Varsóvia, outro guia completou a imagem. O percurso que segui engloba os locais de combate que os polacos tiveram ao longo das múltiplas guerras. Peso significativo é o da visita ao gueto judeu e ao espaço onde está a ser construído o museu da memória judaica, a inaugurar em 2012 e cuja arquitectura revela o holocausto mas lembra igualmente as imagens que temos das torres gémeas de Nova Iorque destruídas em Setembro de 2001 (última imagem, acima). Claro que os edifícios do gueto já não existem, pois a cidade ficou arruinada em 1944, quando alemães e russos se confrontaram junto ao rio Vístula, com os insurgentes polacos no meio de dois fogos inimigos. A área foi reconstruída entre as décadas de 1950 e 1960, assim como toda a antiga cidade, o que permite oferecer uma notável unidade arquitectónica para o visitante. A cidade tem avenidas largas, e o comércio das lojas de marcas internacionais é evidente. Vi, como em Cracóvia, livrarias americanas vendendo livros em inglês.

Uma viagem entre Cracóvia e Varsóvia ajuda a perceber melhor a "condição" polaca – a enorme planície do país propicia um fácil avanço de tropas de infantaria e cavalaria. Encravada entre dois países poderosos – mesmo que tenham mudado de nome (Prússia para Alemanha, Rússia para União Soviética, regressando a Rússia) –, a Polónia é um espaço de potencial ocupação quando há beligerantes em confronto.

[texto escrito em 31 de Outubro de 2010]

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SMALL RADIO STATIONS BRING BIG BENEFITS FOR LOCAL COMMUNITIES

November 18, 2010

"Around 11 million people are now able to tune into community radio stations across the UK. This figure is up 17% year-on-year and an increase of more than a third (36%) since 2008, according to a new report by Ofcom. The Community Radio Annual Report provides a snapshot of community radio in the UK, which reveals a flourishing sector. Since the first station went live five years ago, a new community radio station has launched, on average, every 10 days. Today, a record 181 community stations are broadcasting and another 30 are preparing to take to the airwaves. Community radio stations typically cover a small geographical area with a coverage radius of up to 5km and are run on a not-for-profit basis. They serve a wide range of communities, targeting diverse audiences from rural to inner city areas with content ranging from community news and information to religious issues to experimental music and RnB, for example". Read more.

GESTÃO DE PROGRAMAS DE VOLUNTARIADO NA CULTURA


Datas: 3 a 18 de Dezembro de 2010 (6ª e sábados)
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
I. Conceitos fundamentais de Voluntariado
Ser Voluntário (significado, motivações)
Benefícios de um Programa de Voluntariado para Organização
Missão de um Programa de Voluntariado
Voluntários e Recursos Humanos
Modelos de Voluntariado (EUA e Europa)
Aspectos legais
Contrato ou compromisso? Políticas e acordos de voluntariado
II. Itinerário de gestão de um Programa de Voluntariado
Identificação da necessidade de voluntários; Criação de oportunidades de voluntariado
Envolvimento dos colaboradores e dos stakeholders
Custos de um Programa de Voluntariado
Recrutamento, selecção, acolhimento e formação
Supervisão, acompanhamento e avaliação
Reconhecimento e retenção
Saúde, Segurança e Seguros
Igualdade de Oportunidades e diversidade
Principais Intervenientes:
Community Service Volunteers, Institute for Advanced Volunteer Management, Londres, Arnie Wickens, http://www.csv.org.uk/
Voluntary Arts Network, Edimburgo, Fiona Campbell, http://www.voluntaryarts.org/
Kennedy Arts Center, Washington, Brooks Boeke, http://www.kennedy-center.org/
Setepés, Porto, Henrique Praça e Vânia Rodrigues, http://www.setepes.pt/

II FORO INDUSTRIAS CULTURALES EN ESPAÑOL

"La Fundación Alternativas y la Fundación Santillana, con la colaboración del Centro de Estudios Latinoamericanos de la Universidad de Miami y el Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, y el patrocinio de la AECID y el Ministerio de Cultura, organizan la segunda edición del Foro industrias culturales en español. Estados Unidos y España. Más de 30 profesionales del sector Media, académicos e investigadores, expertos y analistas de mercado de España y Estados Unidos, se dan cita los próximos días 2 y 3 de diciembre en el Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, en Madrid, para debatir y conocer, desde la perspectiva de la innovación y la creatividad, el desarrollo de las audiencias latinas en Estados Unidos, y las oportunidades existentes en el sector Media y audiovisual. El foro centrará sus debates en la cadena de valor de las industrias culturales, en la innovación de los contenidos, la tendencia de los mercados, la internacionalización de la demanda y el ámbito de la responsabilidad pública. El foro está abierto a todos los profesionales, investigadores y emprendedores interesados en el mercado hispanos de los Estados Unidos" (Prisa).

MADELEINE PEYROUX

Madeleine Peyroux [pronuncia-se Perú] (1974) juntou-se em 1989 a um grupo de músicos de rua que actuam habitualmente nas estações de metro [buskers]. Ela interpreta as suas músicas e letras, lembrando Billie Holiday. O seu primeiro álbum Dreamland data de 1996. Madeleine, uma americana que vivia em Paris como música de rua, entrou numa onda rápida de fama, aparecendo em festivas de jazz e abrindo concertos de Sarah McLachlan e Cesária Évora, enquanto o seu disco atingia 200 mil cópias vendidas (ler mais aqui). Seguiram-se os discos Careless Love (2004), Half the Perfect World (2006) e Bare Bones (2008). Ver Instead no YouTube e Little Bit, também no YouTube.

RÁDIO COGNITIVO


Uma tecnologia inovadora que reune rádio, telemóvel, televisão e walkie talkies foi agora apresentada. Ler na mais recente edição do semanário Sol.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CfP FANS AND CELEBRITIES

http://comunicacaoecultura.com.pt/

Comunicação & Cultura journal (Catholic University of Portugal)

Call for Papers. Theme: Fans and Celebrities. Coordination: Rogério Santos. Number: 12. Delivery deadline for original articles: April 30th, 2011.
 
Since the beginning of the 20th century and with greater incidence in the transition to this century, media outlets have dedicated increasing coverage to stars and celebrities, portraying them as if contemporary heroes, endowed with charm and models to their followers. The mass media, photography, cinema and television have brought the lives of stars and celebrities into the public domain. There is a type of vicious circle ongoing: stars, personalities and celebrities need the media to keep them famous, even to the extent of the revelation of scandals. The media, in the case of magazines and television programs, report on the latter to gain audiences.

Frequently, this extends to the point of the violation of privacy as in the case of the paparazzi – photographers seeking to obtain unauthorised pictures of such notables and blurring the border between public and social actions and the notion of private life for the famous. The stars themselves emerge out of the worlds of show business, such as cinema, television, music, sport and politics. Names such as Marilyn Monroe, Michael Jackson, Madonna, Britney Spears, David Beckham, Cristiano Ronaldo, Tony Blair and Barack Obama trigger passions and extremes, hogging magazine covers and featured in advertising campaigns, with everything they say, do and adorn commented upon.

How is this expanding universe of stars and celebrities and their corresponding fans established and nurtured? On the one hand, the media, as part and parcel of the massification and democratisation of the current world, stage the opportunity for ever more “normal” individuals to aspire to celebrity and not out of the work of years but some condition or event that sets them apart from other individuals enabling the media to feed off them. Sometimes they may merely serve as idols for a week or a season, such as on Big Brother or the various versions of Idol. On other hand, the growing number of celebrities whose only value is their appearance at parties attended by others of their ilk, suggests a society in cultural decline.

In terms of the fans, sociology identifies two models, one behavioural (pathological fixation by those imagining a shared life with the respective hero), another creative and outreaching: producing semiotic texts (John Fiske), participative culture (Henry Jenkins), imagined communities (Benedict Anderson).

The forthcoming journal edition seeks theoretical and practical contributions on, among others, the following topics:
• Stars and the media,
• Associated professions, such as public relations, event managers, marketing,
• Celebrity and gossip magazines and television,
• Stars and daily culture,
• Celebrities from the worlds of football, television and music,
• The mercantilization of performance and sport,
• Fans and the productivity of fans,
• Fans and social networks,
• Celebrities and politics.

Article submission:
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NOTÍCIAS DA TVI

"André Cerqueira, o director de programas da TVI, colocou o lugar à disposição, anunciou a estação de Queluz hoje em comunicado" (Público).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

LIVRO SOBRE MADONNA

Vai ser lançado em Dezembro próximo o livro de Bruno Fernandes MultiMadonna – O papel da imagem contraditória na construção de um fenómeno da indústria cultural, pela Chiado Editora.

"A partir da análise de 46 telediscos de Madonna, o livro avalia de que forma as mais variadas imagens e personagens criados ao longo de quase 30 anos foram e continuam a ser essenciais na manutenção da fama da cantora, considerada um arquétipo de ícone pop. Tais imagens jogam essencialmente com aspectos contraditórios para divulgarem lados ambíguos da artista e nunca revelarem a verdadeira pessoa, mantendo o interesse dos meios de comunicação e das audiências sobre a sua persona, permitindo que se reinvente de acordo com a lógica de produção capitalista e evitando o fim do seu fascínio" (texto do autor do livro).

A obra, que resulta da investigação para a dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa do autor, é o primeiro estudo académico em Portugal inserido nos chamados Madonna Studies, área específica dos Cultural Studies que se desenvolveu em diversos países a partir da década de 1990, devido ao enorme alcance mediático de Madonna.

LIVRARIA LELLO (PORTO)

"A livraria centenária portuense Lello foi classificada pela Lonely Planet como a terceira melhor do mundo, no guia que esta editora fundada na Austrália acaba de lançar para o próximo ano" (Público).

terça-feira, 16 de novembro de 2010

AUDIÊNCIAS DE RÁDIO

"Os quadros médios e superiores são o target que observa maior afinidade com a rádio, com 76.0% de audiência acumulada de véspera. Entre as idades, os indivíduos dos 25 aos 34 anos são os que mais ouvem rádio (73.0%), enquanto por sexo são os homens que mais contactam com o meio (63.6%). Quanto à classe social, os indivíduos da classe social alta registam maior afinidade com a rádio (70.4%), enquanto por região os residentes no Grande Porto têm maior índice de audiência de rádio (60.1%)" (Marktest, 16.11.2010).

EDIÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Hoje, à tarde, realizou-se o II Seminário Investigar e Editar Comunicação Social, organizado pelo Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS) conjuntamente com a Universidade Católica Portuguesa. Como o título do seminário indica, o objectivo foi dar mais visibilidade aos patrocínios a obras de comunicação social através do GMCS.

Houve duas mesas de trabalho. A primeira contou com Bruno Paixão, autor do livro O escândalo político em Portugal, apresentado pela jornalista Maria Flor Pedroso (RDP); a segunda teve Rita Espanha, autora conjuntamente com Gustavo Cardoso e Tiago Lapa do volume Do quarto de dormir para o mundo: jovens e media em Portugal, apresentada pelo jornalista Fernando Cascais (CENJOR e UCP).


Para Bruno Paixão, o escândalo político é uma alegada transgressão tornada pública e que envolve um líder ou figura política. A transgressão ocorre na esfera privada e passa à esfera pública quando mediatizada, adquirindo então a configuração de escândalo. O investigador, seguindo uma tipologia de John B. Thompson, indica cinco características do escândalo: diversidade cultural, pressuposto da ocultação de factos, os não participantes têm de se sentir ofendidos, manifestação de desaprovação das condutas, revelação que pode prejudicar a reputação dos envolvidos. No livro, apresenta três tipos de escândalo - financeiro, político, sexual - a que pode juntar um quarto, o de costumes.

Já Rita Espanha apresentou os resultados de inquéritos trabalhados pelo CIES-ISCTE/UL e pelo Obercom sobre que consumos dos media por parte dos jovens (inquéritos online e presenciais). O objectivo do livro foi atingir mais públicos que os dos relatórios académicos, nomeadamente pais e educadores. Para o efeito, o livro conta com a construção de duas personagens ficcionadas (avatares), Afonso e Inês. A partir de dados estatísticos, os autores mostram os tipos de utilização dos media, concluindo que estes são um elemento central na formação da identidade e práticas dos jovens. Isto é, as culturas juvenis passam pela atenção ao uso dos media.

domingo, 14 de novembro de 2010

ARTES VISUAIS E CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA

Curso na Faculdade de Filosofia (Universidade Católica, Braga), composto por cinco seminários orientados por académicos nacionais e estrangeiros: Adolfo Lópes Quintás (Univ. Complutense, Madrid), Eileen Adams (Royal College of Arts, Reino Unido), Fátima Lambert (Instituto Politécnico, Porto), Fernando Ilídio (Univ. do Minho, Braga), Marko Rupnik (Fac. Hist. et Bon. Cult – PUG Pont. Athen. Anselm. Pont. Consiglio per la Cultura). Início: 19 de Novembro de 2010.

  • "A arte constitui-se esteticamente como um valor por si mesmo, capaz de transformar o nosso olhar, a nossa percepção da realidade e da vida. Mas, ao mesmo tempo, ela é indutora de novas formas, novos dispositivos, novas estratégias que nos permitem alcançar criativamente outros valores, outros âmbitos, novas finalidades. Docentes, psicólogos, pedagogos, educadores e, de um modo geral, todos os que desenvolvem actividades de comunicação e de intermediação cultural e social reconhecem que, com a arte, a mensagem “passa melhor”. Dentre o universo da arte, as artes visuais adquiriram desde cedo um estatuto estético e cognitivo cimeiro, precisamente porque se descobriu que os sentidos e os dispositivos que elas activam permitem-nos chegar mais longe, alcançar uma realidade mais ampla, conhecer melhor e mais profundamente a realidade envolvente. Não é por acaso que ao longo da nossa tradição cultural sempre se valorizou a dimensão visual" (texto da entidade organizadora). Ler mais aqui.

WARSZAWA

No centro da cidade de Varsóvia (Warszawa, Warsaw), encontramos muitos painéis de publicidade da dimensão dos edifícios, como de vez em quando surgem em Lisboa. São marcas internacionais de roupa, automóveis e serviços anunciados e vistos de bastante longe, por vezes em edifícios antigos. Tal publicidade não é visível no centro histórico da cidade.

Warszawa é uma cidade muito plana, banhada pelo rio Vistula [Visla]. Na II Guerra Mundial, foi palco de lutas violentas entre russos e alemães, tendo ficado destruída. Após a guerra foi reconstruída, nomeadamente a parte histórica e o gueto judaico. A reconstrução preservou a traça dos edifícios, o que permite ter uma leitura harmoniosa da arquitectura até meados do século XX.

sábado, 13 de novembro de 2010

SWATCH

O anúncio publicita a nova colecção Gent da Swatch, num revivalismo da década de 1980: grande espaço para o relógio e cores frescas. O fabricante, que destaca o modelo Purple rebel, descreve a colecção como de culto.

A modelo que acompanha este anúncio (há outros anúncios com modelos femininos e masculinos) está numa pose simultaneamente sensual e andrógina, com o cabelo louro penteado para trás, a lembrar heroínas de séries de banda desenhada ou de filmes de ficção científica. A eyeliner usada coincide com a cor do relógio e da pulseira. O azul dos olhos da modelo exerce uma espécie de complemento com o azul da roupa da modelo, com o cruzar de braços a evidenciar a dimensão do relógio e combinar as cores da roupa, dos olhos e do tom da pele. Há um equilíbrio entre a imagem da direita (o relógio) e da esquerda (a modelo com o relógio), cuja leitura semiótica reforça a sofisticação da peça da Swatch.

Jessica Stam, mais conhecida simplesmente como Stam, é uma modelo canadiana que nasceu em 1986.

LUSA

"É certo que o futuro da Lusa deve suscitar interrogações: como manter uma equipa de 222 jornalistas quando, por exemplo, Belga (num país que conta 13 diários com 16 263 a 291 840 exemplares de difusão paga) tem exactamente cem? Como manter uma rede de 29 correspondentes no estrangeiro quando a mesma Belga não tem nenhum"? (J.-M. Nobre-Correia, Diário de Notícias).

O SENHOR DO ADEUS

  • "Todos os Domingos, pelas 20.30, no cinema Monumental, João Manuel Serra (o famoso "Senhor do Adeus") vai ao cinema com Filipe Melo (músico e realizador de cinema amador) e com Tiago Carvalho. Este Blog serve para documentar as opiniões e observações de João Manuel Serra sobre os filmes e sobre a vida. Os filmes terão uma classificação de 0-5 estrelas. É também importante referir que queremos convidar todos os cinéfilos a juntar-se a nós para jantar + cinema aos Domingos à noite no Monumental. Todos os comentários deixados no blog durante a semana serão lidos ao João Serra no Domingo seguinte" (blogue Senhor do Adeus, 26 de Maio de 2009).
Sobre o filme Casamentos e Infidelidades, perguntariam a João Serra: "O que gostou mais no filme"? Resposta: "Achei muita piada à época de 1949. Está muito bem retratada, porque toda aquela época tem assim um bocado daquele pirismo em relação à época de agora, em que é tudo diferente. Há certas coisas, como os trajes delas e a maneira de falar… tudo é um bocadinho piroso naquela época. Acho que está bem retratado. Quer dizer, gostei muito da interpretação dele (Chris Cooper). Acho que até foram bem escolhidos os actores: o casal mais velho. Gostei".



Não conhecia o Senhor do Adeus até ler a notícia do Público de anteontem. O mesmo texto do Público diz: ""Chamam-me o Senhor do Adeus, mas eu sou o Senhor do Olá. Aquele que acena no Saldanha, a partir da meia-noite. Tudo isto é solidão? Essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias de casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente", escrevia, em Março de 2008, o Expresso sobre João Manuel Serra, salientando: "São quase duas da manhã e os carros não param de lhe apitar. Nem eu de lhes acenar. Só fico triste quando o movimento acaba".

Também não conhecia o blogue Senhor do Adeus, um interessante (para não dizer importante) espaço de estudo antropológico. Quem escrevia no blogue era a dupla Filipe Melo e Tiago Carvalho, mas o autor era o próprio João Serra, como se lê numa das últimas críticas: "Venho um bocadinho chateado do cinema, porque há muito tempo que não via um filme tão mau. Nem percebi o filme, porque isto não tem argumento - não tem nada a não ser um bocadinho de acção e terror. É maçador, os actores são péssimos, fazem uma caras tão exageradas que parecem do tempo do cinema mudo do antigamente, onde se expressavam melhor assim. Antes fosse cinema mudo, porque além disso com tanto tiro era uma barulheira no cinema. Não tenho mais nada a dizer, não tem ponta por onde se lhe pegue. Na minha opinião (que pode ser diferente da vossa!) não devem ver este filme" (Senhor do Adeus sobre o filme Predators).

O homem que dizia adeus aos automobilistas que passavam na zona do Saldanha, Lisboa, que "nunca trabalhou, mas conhece a Europa toda" e "já entrou em dois filmes e até num teledisco" (Diário de Notícias, notícia em Setembro de 2003, a partir do Público), nascido de família abastada, tornou-se um repositório de cultura e gosto através do blogue. Além da personagem criada, com uma certa teatralidade e ternura pelo gesto simples e simpático com que se dirigia a estranhos apressados na via e à noite, há um interior, uma personalidade que reflectia um gosto de grande parte do século de cinema.

As cidades criam, assim, personagens e personalidades que marcam, pela exuberância, pelo exotismo, pela peculiaridade dos gestos ou pelo apreço particular à cidade em que vivem. Podemos dizer que se trata de produções culturais, factor urbano de distinção.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TRABALHO CRIATIVO

O livro Creative labour debruça-se sobre três indústrias culturais: televisão, revistas (jornalismo), música. O grande objectivo é estudar as profissões e ocupações das referidas indústrias culturais, nomeadamente a componente do trabalho criativo.

Nota-se cepticismo dos autores face ao conceito indústrias criativas e a recuperação da ideia de indústrias culturais, o que vai contra a corrente dominante (como em Richard Florida). Para Hesmondhalgh e Baker, as iniciativas das indústrias criativas correspondem a versões respeitosas das políticas de emprego e educação e que substituem o papel das manufacturas nas economias nacionais sob nomes como sociedade da informação e economia do conhecimento. O foco das indústrias criativas não reside apenas no Reino Unido (ou numa versão possivelmente paroquial em Portugal) mas também na China. As políticas de indústrias criativas incluem Jeijing, Xangai e Nanjing, por exemplo, incorporadas em planos quinquenais. Há influências materiais por detrás do desenvolvimento das políticas das indústrias criativas, tais como a relação com a propriedade intelectual, mercados urbanos, dinâmica da regeneração e gentrificação. Tais políticas centram-se no número de empregos que gera nas economias modernas. Mais perto de nós, continuam os autores, houve uma mudança nas políticas das indústrias criativas, agora renomeadas como economia criativa.

Segundo Hesmondhalgh e Baker, a celebração e a simplificação do trabalho criativo na política governamental e junto da universidade significam que o artista havia deixado de ser identificado como criador, subversivo e anticonformista que se rebelava contra o utilitarismo comercial. O artista (o trabalho artístico e criativo) continua caracterizado por condições como extrema flexibilidade, autonomia, tolerância da desigualdade, formas inovadoras do trabalho de equipa. Mas nascem críticas devido a altos níveis de insegurança, trabalho à peça, longas horas de trabalho.

Como há pouca evidência estatística sobre as indústrias culturais, os dois autores procuraram saber o que pensam os artistas e os trabalhadores criativos, entrevistando-os e tecendo um quadro teórico posterior. Fizeram 63 entrevistas e Sarah Baker trabalhou durante 16 semanas com uma equipa de produção de televisão independente. Além disso, os autores analisaram a imprensa das associações industriais dos sectores estudados.

Leitura (em andamento): David Hesmondhalgh e Sarah Baker (2011). Creative labour. Media work in three cultural industries. Londres e Nova Iorque: Routledge, 265 páginas, preço (capa dura): proibitivo