quarta-feira, 23 de junho de 2021

Publicidade da APT

 Não conhecia nenhum destes cartazes de publicidade da APT (imagens da Fundação Portuguesa de Comunicações, cuja pequena dimensão não as permite estudar em condições), todos talvez da década de 1930. Imagino os cartazes a cores. A assinatura do autor de cada cartaz não é muito percetível para atribuir identidades, mas há um inegável modernismo estético neles, possivelmente a significar o recurso a artistas plásticos de vanguarda.

Como pormenor, um dos cartazes trabalha dois tipos de comunicação: os gatos miam de telhado para telhado, os namorados usam o telefone, a evitar as "inclemências do inverno".







terça-feira, 22 de junho de 2021

Central telefónica Norte (Lisboa)

 A inauguração da central Norte (rua Andrade Corvo, Lisboa), em 1934, foi uma das cerimónias mais importantes da APT. Como quatro anos antes, na inauguração da central da Trindade, Carmona, o presidente da República, esteve na rua Andrade Corvo. Sintomática a "revista das tropas", neste caso, dos empregados da APT, com o presidente acompanhado do diretor engenheiro Pope. Na altura, o regime político de Salazar estava consolidado, mas as cerimónias militares ainda constavam dos momentos mais relevantes. E uma nova central telefónica merecia essas honras.

As relações públicas da companhia estavam ativas, nos quadros explicativos em exposição, em que a central Norte era o centro de Lisboa, ligada à Trindade (troncas e interurbana), Benfica, Lumiar e Poço do Bispo. O palanque dos discursos nota-se numa das fotografias com um altifalante em forma de leque, para toda a gente (convidados e empregados) os ouvir. Outros sinais do impacto da companhia em termos de relações públicas: uma exposição de equipamentos e a apresentação da frota automóvel na rua.






Fotografias da Fundação Portuguesa de Comunicações

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Postes telefónicos

 Esta é, para mim, uma das mais bonitas e complexas imagens dos telefones. As informações sobre ela são escassas e a sua qualidade não ajuda muito. Sei que este par de postes de pinho, talvez de 15 metros, ligou as duas margens do rio Douro, entre Melres (Gondomar) e a fronteira de Vila Nova de Gaia e Castelo de Paiva (Sandim ou Pedorido) nos anos de 1930 e 1940.

Os postes estão seguros entre si por uma dupla forma de ferro, julgo, a reforçar equilíbrios. Há uma escada encostada a um dos postes. Para fazer descer o guarda-fios do outro poste, a escada teria de ser habilidosamente colocada nele, a ilustrar mais um esforço de perícia.

Os dois guarda-fios estão no alto dos postes, bem seguros por arneses. Eles não podiam sofrer de tonturas (acrofobia). Imagino esses guarda-fios como jovens mas experientes. Não sei calcular o número de linhas telefónicas, mas talvez umas vinte, nem sei o que estão a fazer concretamente. Mas parece-me que estão rigorosamente fardados, incluindo boné. A imagem não permite ver a saída das linhas telefónicas, mas, se se ampliar levemente, vê-se uma linha à esquerda dos dois homens. No chão, dando ordens ou seguindo o decorrer dos trabalhos, há três homens, o mais à direita com um braço no ar, talvez comandando o trabalho. O do meio, de boné e gravata, parece segurar os capotes ou gabardinas dos guarda-fios no alto dos postes.

Quantas tempestades enfrentaram estes postes? E quanto tempo demorava a reparar estas linhas? Como era difícil escalar os postes em tempo de chuva, com a superfície húmida e escorregadia? Porque se optou por fios aéreos e não se passou um cabo no colo do rio? Certamente que esta foi a opção seguinte. Ou surgiu logo o recurso a transmissões sem fios através de radiofonia?


O terreno onde se implantaram os postes era rural. Há sinais de uma videira segura em armação de ferro. À esquerda, vê-se uma habitação. Ao fundo, há uma pequena zona montanhosa, que, eventualmente, pode proteger a zona de ventos mais fortes.