segunda-feira, 31 de agosto de 2009

BLOCKBUSTER

Um blockbuster é um filme com custos de produção elevados (acima de € 150 milhões), exibido em dezenas de salas, o que significa visto por milhões de pessoas. Tem argumento engenhoso, planos curtos e inclui-se nos seguintes géneros: guerra, ficção científica, aventura e romance. Muitas vezes, o herói é quase eliminado.

Mário Dorminski, no seu blogue Absolut, escreveu Blockbusters vão dominar o mercado cinematográfico em Portugal (1 de Fevereiro de 2009).

CULTURA CONTEMPORÂNEA

Critical Cities é um blogue com interesse de D.J. Huppatz sobre cultura contemporânea, em especial design, arquitectura, literatura e música, actualizado apenas uma vez em cada três ou quatro semanas.

O último post de nítido relevo foi sobre Miuccia Prada/OMA/Rem Koolhaas: Prada Store.

domingo, 30 de agosto de 2009

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DE PAULO GASPAR FERREIRA

Chama-se Anima Vegetalis - Imaginário Botânico do Mosteiro de Tibães, exposição de fotografias que foram sendo engendradas por Paulo Gaspar Ferreira numa pequena cela monástica do Mosteiro de Tibães ao longo de dois anos.

Compõe-se de 70 imagens fotográficas, base de um "livro" de folhas soltas acompanhadas por textos (também soltos) da autoria do iluminista português Theodoro d'Almeida (Recreação Filosófica, 1786). As fotografias são feitas com "peças" encontradas no chão de Tibães. A edição está limitada a 300 exemplares.

O projecto nasceu da continuidade de um trabalho que o autor apresentara no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Espíritos Elementares - 23 simulacros. Com algas do mar de Vila Chã (Mindelo - Vila do Conde), ele tinha construido uma exposição e um livro, com textos de Casimiro de Brito, Albano Martins, Ana Hatherly, Ramos Rosa, Melo e Castro, Fernando Guimarães, Teresa Horta e outros.



Inauguração da exposição e apresentação do livro no mosteiro de S. Martinho de Tibães (perto de Braga), no dia 12 de Setembro, pelas 18:00. Anteriormente, pelas 15:30, haverá uma visita guiada ao mosteiro.


The report of Tandis magazine about the Boycott the cartoon biennial of Tehran (source: Persian Cartoon)

PUBLICIDADE


Regresso às aulas, shampô e férias em Portugal - eis alguns dos anúncios actualmente nos mupis de Lisboa. Os primeiros dois anúncios partem de caras conhecidas: Carolina Patrocínio (televisão) e Cristiano Ronaldo (futebol). Os outros mostram paisagens do país.

Da publicidade do Turismo de Portugal, retiro as frases: 1) 159 castelos - qual vai ser a sua próxima conquista?, 2) 26797 aldeias - que caminhos vai descobrir?, 3) 226 bandeiras azul - onde vai fazer o seu castelo?

sábado, 29 de agosto de 2009

À SAÍDA DA TORRE DE BELÉM (LISBOA), EM TARDE DE CALOR

EXPOSIÇÃO - II

Na Gulbenkian, está patente uma retrospectiva do pintor Henri Fantin-Latour (1836-1904). Tendo estudado na École des Beaux-Arts (Paris), ele é muito conhecido pelas cópias que fez de obras existentes no Louvre, pelos seus auto-retratos quando jovem, pelas naturezas mortas, pinturas de flores, retratos de grupos de artistas e escritores parisienses e quadros com temas baseados em peças musicais, além de litografias. Fantin-Latour tornou-se conhecido e apreciado em Inglaterra através de Whistler.

Pode visitar-se a exposição até 6 de Setembro. Preço de entrada: € 4.

[imagem da pintura A Leitura, da colecção da própria Gulbenkian, onde o autor representa as suas duas irmãs, óleo sobre tela, de 1870, retirada do sítio da Gulbenkian]

EXPOSIÇÃO - I

Trabalhos de ilustração e animação de Pedro Lino estão patentes na galeria WHO, à rua Luz Soriano, 71, em Lisboa (fachada do edifício em imagem abaixo), como anunciei aqui.

A exposição, prevista para fechar hoje, vai-se prolongar por mais duas semanas, com uma festa de encerramento.

Pedro Lino é licenciado em design de comunicação pela Faculdade de Belas Artes do Porto e tem um master em ilustração pelo Camberwell College of Arts de Londres. Actualmente faz um estágio na Trunk Animation de Londres. Venceu o prémio Jovem Cineasta Português no Cinanima 2004 com o filme A Menina Gorda (que coloquei na mensagem aqui). Está a preparar um novo filme, O Homem da Cabeça em Papelão. Para além de três filmes de animação em exibição na exposição, esta conta com ilustrações relacionadas com os filmes e com a obra que está a produzir.

FOTOGRAFIA

O PORTFOLIO PROJECT e o Teatro dos Castelos organizam um fim-de-semana (12 e 13 de Setembro) em torno da fotografia. Actividades:

12/09 (14:00-18:30), no Quarteirão das Artes, Montemor-o-Velho, leitura crítica de portfolios por Souâd Mechta e Susana Paiva.

(19:30m-20:30), no Espaço Rosa dos Ventos, Montemor-o-Velho, conversa informal sobre o papel do editor fotográfico. Análise do modelo francês. Espaço aberto para o debate de ideias sobre a temática.


13/09 (14:30-20:30), no Hotel Quinta das Lágrimas, Coimbra, encontro entre membros do TPP. Leitura crítica de portfolios por Souad Mechta.

Mais informações em
PORTFOLIO PROJECT

LIVRO SOBRE INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Indústrias Criativas no Brasil, livro organizado por Thomaz Wood Jr., Pedro F. Bendassolli, Charles Kirschbaum e Miguel Pina e Cunha, na Editora Atlas, foi agora lançado. O livro reúne estudos de investigadores brasileiros e estrangeiros, procurando divulgar melhor a área das indústrias criativas e os seus contributos para a criação de estéticas, emprego e produtividade. O índice do livro é o seguinte:

PARTE 1: A TEORIA DA PRÁTICA
1. Compreendendo as indústrias culturais (Thomas B. Lawrence e Nelson Phillips)
2. Compreendendo as indústrias criativas (Pedro F. Bendassolli, Thomaz Wood Jr.,
Charles Kirschbaum e Miguel Pina e Cunha)
3. O ecossistema das indústrias criativas (Paul Jeffcutt)
4. Os estudos em economia da cultura e indústrias criativas (Paulo Miguez)
PARTE 2: A PRÁTICA DA TEORIA
5. Cinema: a trajetória de comercialização de Cidade de Deus e Janela da Alma
(João Paulo Rodrigues Matta e Elizabeth Regina Loiola da Cruz Souza)
6. TV: o processo de criação das telenovelas (Lúcia Maria Bittencourt Oguri, Marie
Agnes Chauvel e Maribel Carvalho Suarez)
7. Teatro: as organizações teatrais e seu espaço de atuação (Samara Regina
Bernardino Hoffmann, Fabiula Meneguete Vides da Silva e Eloise Helena Livramento
Dellagnelo)
8. Teatro: a configuração estrutural de grupos teatrais (Samara Regina Bernardino
Hoffmann e Eloise Helena Livramento Dellagnelo)
9. Música: a evolução da cadeia produtiva (Davi Nakano e João Cardoso Leão)
10. Software: estratégias colaborativas na indústria de jogos eletrônicos (Alexandre
Souza Perucia, Alsones Balestrin e Jorge Renato Verschoore)
11. Indústria do entretenimento móvel (IEM): desafios na formação de um canal
de distribuição (Henrique de Campos Junior e Isleide Arruda Fontenelle)
12. Artesanato: comércio e inovação na indústria de base artesanal (Gustavo Melo
Silva, Magnus Luiz Emmendoerfer e Jorge Alexandre Barbosa Neves)
PARTE 3: MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E PRODUÇÃO
13. Aglomerações produtivas: proposta de um método de pesquisa (Elizabeth
Regina Loiola da Cruz Souza e Carmen Lúcia Castro Lima)
14. Economia criativa e regulação de conhecimentos tradicionais (Camila Carneiro
Dias, Elizabeth Regina Loiola da Cruz Souza e João Paulo Rodrigues Matta)
EPÍLOGO
15. Indústrias criativas e sua relevância para a ciência da Administração (Charles
Kirschbaum, Miguel Pina e Cunha e Thomaz Wood Jr.)


[informação a partir de Iniciativa Cultural]

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

BEATRIZ BATARDA NA MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO DE OEIRAS

Um ano após a estreia de De Homem para Homem, de Manfred Karge, Beatriz Batarda encerra a digressão nacional com a 40ª e última representação deste monólogo, no próximo dia 6 de Setembro, às 21:30, no Auditório Municipal Eunice Muñoz, no âmbito da programação do MITO - Mostra Internacional de Teatro de Oeiras.

A peça conta a história de Ella, uma mulher que perde a identidade para sobreviver. Sem arranjar emprego, casa com um homem mais velho para ter segurança. Como ele está muito doente, ela passa-se por ele e substitui-o no emprego. Quando ele morre, ela também tem um destino próximo.

"De Homem para Homem permitiu que, pela primeira vez, a actriz fizesse itinerância pelo país, incluindo as regiões autónomas. Estreada em Setembro do ano passado, em Lisboa, no Teatro do Bairro Alto, a peça iniciou dois meses depois uma digressão nacional que passou por nove distritos e 14 localidades. Teve um total de 5.194 espectadores. Já este ano, em Julho, o espectáculo foi apresentado na XXV edição da Mostra Internacional de Teatro de Ribadavia – MITRibadavia, na Galiza" (informação da entidade organizadora).

CARTAZES POLÍTICOS

Os cartazes das campanhas eleitorais (legislativas e autárquicas) já estão nas ruas. Curiosamente, em Lisboa há uma preponderância maior de cartazes das legislativas, nomeadamente nas áreas de grande tráfego, e em muitas das cidades do país os cartazes de candidatos às câmaras têm mais impacto.

Da selecção de imagens a seguir, o único cartaz para as autárquicas engloba a coligação a que o Partido Comunista pertence. O cartaz do MPT é o mesmo das recentes eleições europeias. Em todos não achei qualquer elemento relevante quer em termos de ideias quer em termos estéticos, como aliás já vira e comentara os cartazes das europeias. Mas considero desastroso o cartaz do MMS. Falar da Conchichina remete para os imperialismos ocidentais e povos submissos e explorados no oriente (a Conchinchina foi a colónia criada por França no século XIX no sul da Indochina, onde ficam os actuais países do Laos, do Cambodja e parte do Vietname), e, ao mesmo tempo, espaço onde se poderiam enviar assassinos, criminosos e ladrões europeus, a par de políticos de oposição aos regimes. Além de que os desenhos dos líderes dos partidos parlamentares são horripilentas caricaturas. Não é um cartaz civilizado, mesmo que não se goste desses políticos, é um cartaz anti-sistema e simplesmente feio (nem sequer o posso rotular de piroso ou parolo).

[ver blogue dedicado ao assunto: Imagens de Campanha]

A VIDA DO QUEIJO LIMIANO

Na segunda-feira passada, dia 24, o jornal Público editou uma peça sobre os cinquenta anos do queijo Limiano (texto de Sara Dias Oliveira; infografia de Joaquim Guerreiro).

O texto começa assim:

  • Há mais de duas décadas que o Limiano é o queijo flamengo mais vendido em Portugal. Chamaram-lhe propositadamente "o feio" pelo seu aspecto tosco e ainda hoje é embalado à mão bola a bola. A receita, seguida à risca há meio século, foi criada por uma dupla de profissionais na arte de fazer queijo na fábrica Lacto Lima, em Ponte de Lima. A cada passo, o Limiano reafirma a sua posição de líder: acaba de ser eleito Sabor do Ano 2009 na categoria de queijo flamengo, pela segunda vez consecutiva, e de conquistar o prémio Superbrand pelo quarto ano sem interrupções.

Continua mais à frente:

  • O flamengo ocupa 40 por cento do mercado de queijo no nosso país. O Limiano detém 19 por cento da quota do flamengo, seguido do Terra Nostra, fabricado nos Açores pela mesma empresa, com 18 por cento. A Agros ocupa a terceira posição.


O produto da fábrica Lacto Lima, em Ponte de Lima foi comprado, em 1996, pelo grupo francês Bel (51%), e detido a 100% pelo mesmo grupo em 2004. Em 1999, passava a ser produzido em Vale de Cambra. A Bel Portugal comercializa ainda os queijos Terra Nostra, A Vaca Que Ri, Pastor, Loreto. A sua facturação atingiu cerca de € 120 milhões em 2008.

Além da história da marca de queijos, interessa-me o cartaz. A rapariga que aparece tem um penteado que nos leva ao tempo da criação do queijo. Lembra-nos as vedetas de cinema de finais da década de 1950, antes da ruptura estética da pop - e as fotos das nossas mães ou irmãs nesse tempo.

A rapariga está muito maquilhada, o que nos leva a querer saber a sua idade: 20 anos? Ou já fez 30 anos? É, simultaneamente, jovem e madura, pelo estilo clássico de roupa que veste. E também atraente e ingénua, olhando para nós com um sorriso que mistura coqueteria e franqueza.

Estas qualidades associam "genuinamente", como diz a publicidade, rapariga e queijo. Ele próprio artesanal, logo ingénuo num tempo de automatismos, feio e deselegante mas com qualidades: O masculino (o queijo) combina com uma mulher bonita, certamente com actividade profissional mas atenta às coisas da casa, numa época em que a mulher se emancipava da servidão do lar, oposição de géneros que resulta numa confluência, numa fusão - "sempre juntos".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

CINEMAS DO PORTO

O Porto é considerado a segunda cidade do país. Mas já não o é no campo das salas de cinema. Só na área das cidades a norte do rio Mondego, fica atrás de Coimbra, Braga e Viseu, sem contar com Vila Nova de Gaia, concelho vizinho do Porto.

Houve um dramático retrocesso. Porquê?



[a partir de página do jornal Público edição do Porto de 21 de Agosto último]

OS LIVROS DE FERNANDO PAULINO

Em 2007, Fernando Paulino contribuira com um texto para o livro organizado por Murilo César Ramos e Suzy dos Santos, Políticas de comunicação. Buscas teóricas e práticas, em edição da Paulus. Título do artigo: "Comunicação e responsabilidade social: modelos, propostas e perspectivas".

Professor da Universidade de Brasília e do IESB (Instituto de Educação Superior de Brasília, ouvidor (provedor do ouvinte) da rádio nacional do Brasil, defendeu tese de doutoramento em 2008 exactamente na área da responsabilidade social dos media, de onde a edição já este ano desse trabalho, Responsabilidade social da mídia. Análise conceitual e perspectivas de aplicação: Brasil, Portugal, Espanha (edição da Casa das Musas).

Anteontem, foi o lançamento do livro livro LUSOCOMUM: Governança, Transparência, Accountability e Comunicação Pública, no IESB (Instituto de Educação Superior de Brasília, naquela cidade), cujo volume foi organizado por aquele professor. A publicação conta com artigos de especialistas em Comunicação Pública de países de língua portuguesa (Brasil, Portugal, Moçambique e Cabo Verde) e foi resultado de um seminário internacional realizado pela Coordenação do Curso de Pós-graduação em Assessoria em Comunicação Pública do IESB, com apoio do CNPq, Imprensa Nacional e Instituto Camões/Embaixada de Portugal, no começo de Novembro de 2008 (em baixo, vídeo que fiz com depoimento de Fernando Paulino sobre o balanço do encontro, aqui publicado em 7 de Novembro de 2008). Também neste ano, fora publicado outro volume por ele organizado, e de que dei aqui conta, com o título Comunicação e Saúde.

Eu estou particularmente grato ao Fernando, pelo convite para ter participado nesse seminário internacional e pela possibilidade de escrever um artigo sobre blogues, dado à estampa com o livro. E também por acompanhar o seu percurso intelectual, deveras interessante, e dentro de uma linha de rumo muito coerente: a necessidade dos media, nomeadamente o audiovisual, serem verdadeiros e pedagógicos na relação com as suas audiências. Tenho aprendido muito com os seus trabalhos.


QUANTA

QUANTA ou la terrible histoire de Lulu Schrödinger, um conto de Julie Cordier, foi representado no Théâtre de la Jonquière (Paris) em Maio de 2009, com Jérôme Domenge, Jan Peters, Elodie Vom Hofe, Jeanne Sicre e Barbara Weldens. Trata-se de um conto fantástico e musical que explora de modo poético a passagem da infância à adolescência e as diferentes percepções da realidade (ver apresentação no vídeo abaixo) [observação: não vi a peça mas interessa-me a linha da representação].



Tenho acompanhado, no MySpace, a carreira musical de Elodie Vom Hofe nos Zut Zoé e de Barbara Weldens.

PARIS

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FÓRUM DE INDÚSTRIAS CULTURAIS

A UNESCO vai organizar, de 24 a 26 de Setembro, em Monza (Itália) a primeira edição do Fórum Mundial das Indústrias Culturais.

O tema principal será a relação entre fazer e saber, "que une hoje a indústria da moda e o design ao artesanato" (informação recolhida no blogue
Eduardo Barroso Neto, conselheiro da UNESCO). Os debates incluem pessoas ligadas às indústrias da moda, do design, da cultura e da economia mundial, como Bernard Arnault, Mohamed Yunus, Lindsay Owen-Jones, Ralph Lauren, John Galliano, Philippe Starck, Narciso Rodriguez, Aissa Dione et Michael Kra.

A mesma fonte indica que a iniciativa procura "demonstrar o potencial e o dinamismo do sector cultural que não se mede somente em termos de participação no PIB".

A RÁDIO DURANTE A II GUERRA MUNDIAL, SEGUNDO NELSON RIBEIRO

As notícias sobre a resistência russa não chegavam, a palavra democracia era proibida e um jornalista chegou a ser afastado, situações que provam que Salazar interferiu na linha editorial das emissões para Portugal da BBC, segundo uma tese de doutoramento.

"O Estado Novo e, portanto, Salazar pessoalmente, tentou, e conseguiu em alguns casos, interferir na linha editorial da BBC de várias formas", sustenta Nelson Ribeiro, Director de Programação da Rádio Renascença, professor universitário e autor da tese "Radio Broadcasting in Portugal during World War II".

Para o sustentar, Nelson Ribeiro apresenta vários "episódios" na tese que concluiu recentemente na Universidade de Lincoln (Reino Unido) e sobre a qual falou à Lusa.


[texto retirado
daqui, onde pode continuar a ler]

ROCHAS NA PRAIA

Para mim, a rádio é um meio mais sério que a televisão.

É uma perspectiva muito pessoal e carece de esclarecimento prévio: a rádio, porque não possui imagem, é um meio mais pobre. Num acontecimento, na televisão, podem ver-se pessoas, se entrevistadas, a rir quando a situação é dramática, ou a fazer corninhos e a saltar, as respostas podem roçar a imbecilidade. A rádio quase sempre é mais circunspecta e pedagógica.

O acidente na praia Maria Luísa (Albufeira, Algarve), que causou a morte de cinco pessoas, merece alguma reflexão sobre o modo como os media retrataram o acontecimento. Pessoas entrevistadas na televisão, deitadas a apanhar sol, responderam invariavelmente que o Estado era o responsável pela queda da arriba (como se os cidadãos em si não soubessem reconhecer o perigo, nomeadamente quando ele está assinalado). Outras diziam que, apesar do acidente, continuariam a abrigar-se nas rochas mesmo que elas apresentassem perigo de morte, no sentido que se aconteceu uma vez haverá poucas probabilidades de voltar a ocorrer. Pessoas pediram para ser fotografadas no local para ficarem com uma memória, tipo: aqui junto a esta pedra morreram umas pessoas. Familiares de uma vítima no regresso a casa queixaram-se da falta de apoio (presumo que psicológico; mas haverá uma cartilha de apoio a vítimas?). A televisão deu em directo a destruição da rocha que se desagregara parcialmente provocando a morte de banhistas em redor: uma escavadora tornava-se a estrela principal da história; com essa limpeza, ela iria fazer esquecer a mágoa.

A rádio foi menos exuberante, pois falta a imagem, como escrevi acima. Contudo, hoje de manhã, ouvi uma reportagem com grande falta de bom senso. A jornalista entrevistava um nadador-salvador que, na sua simplicidade, dizia: as pessoas gostam das rochas porque apanham sombra. Logo depois, enumerava algumas rochas que deveriam ser destruidas por falta de segurança. Contradições que a jornalista não soube aproveitar.

A informação dada ao longo dos dias não foi adequada, foi sensacionalista, usou directos desnecessários, entrevistou gente que não viu e que pouco podia adiantar a não ser coisas banais. Na sofreguidão da concorrência entre emissoras, as empresas de audiovisual tornam imbecil qualquer informação, descredibilizam-na, aproximam a informação da ficção - e neste caso da ficção trágica.

Os jornalistas deveriam reflectir nas condições de urbanismo, por exemplo, e retirar daí conclusões sobre a pressão nos terrenos. Ou sobre a necessidade moderna de bronzear a pele e estar na praia todo o dia, procurando-se uma sombra para reduzir a fadiga do corpo sufocado por tanto calor. Como Nelson Traquina ensina há muitos anos: as notícias são sobre os acontecimentos e não sobre as problemáticas. O que nos chega do trabalho dos jornalistas é a espuma dos acontecimentos, faltando-lhe sempre as ligações, as razões, os porquês. É uma época de jornalismo leve, adequado ao mês quente em que estamos.

[imagens da Praia da Rocha, Portimão]

terça-feira, 25 de agosto de 2009

CALVIN E HOBBES NO CINEMA

Durante anos, li avidamente as tiras de Calvin & Hobbes no jornal Público, de igual modo que milhões de leitores seguiam as aventuras do rapazinho e do seu urso de peluche em 2400 jornais do mundo. O seu criador, Bill Watterson, decidiu deixar de editar a banda desenhada no final de 1995 (o jornal Público continuou a editar durante diversos anos as tiras). Os fãs da banda desenhada tem agora a promessa de um filme documentário, possivelmente a ser visionado no próximo ano, segundo se pode ler aqui. Joel Allen Schroeder e outros antigos alunos da escola de cinema e televisão da University of Southern California vão proporcionar a alegria de revisitarmos Calvin & Hobbes - em Dear Mr. Watterson. Trata-se de um filme não tanto sobre a história dos dois heróis mas mais sobre a influência mundial exercida por Watterson nos seus leitores (claro que o filme custa muito dinheiro e os seus autores, em especial o director, agradecem contributos, sendo possível que os nomes dos doadores apareçam nos créditos do Dear Mr. Watterson).

PARQUE TEMÁTICO E DE ENTRETENIMENTO CULTURAL NA CHINA

Na baía de Shenzhen (China) está a ser construída uma zona de entretenimento cultural, um parque temático e uma área ecológica pronta para abrir no final de 2010, esperando-se que os habitantes de Shenzhen e os turistas da China e do mundo possam aceder ao espaço de 15 quilómetros de costa em Maio de 2011 (informação obtida em Shenzhen Post).

MUSEUS, INDÚSTRIAS CULTURAIS E INCLUSÃO SOCIAL EM SEMINÁRIO

No dia 20 de Outubro, no Sackler Centre, Victoria and Albert Museum, em Londres, financiado pela ESRC e pelo Department for Culture, Media and Sport (DCMS), realiza-se o seminário Museums, the cultural industries and social inclusion. Objectivos:

  • The seminar will explore the significance of museums to the fulfilment of social inclusion / cohesion agendas and to regeneration and cultural industry initiatives. Recent research examining the significance of museums to social inclusion and cohesion will be presented, along with reflections on how the social role and impact of museums can be variously theorised and the practical barriers that may limit museums acting as agents of social inclusion and cohesion. The seminar will also address the relationships between this use and the demands placed on museums by their adoption as agents of growth and regeneration. The seminar is orientated towards outlining and drawing together the insights and concerns of academic research, museum professions and policy makers. It is hoped that the seminar, will provide a stimulus for further reflection and collaboration between these groups.
De entre os oradores confirmados incluem-se: Andrew Newman (University of Newcastle), Suzanne McLeod (University of Leicester), Sue Wilkinson (MLA), Andy Pratt (LSE), e Paul Jones (University of Liverpool).

Mais informações aqui.

REDE DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Nocci (Network of Creative and Cultural Industries) é uma rede livre aberta a indivíduos, empreendedores e gestores das indústrias criativas. Incluem-se: designers, músicos, criativos, pensadores, desenvolvimentistas, escritores, DJs, arquitectos, académico e gurus do digital. Fundada em 2007 por Neil Cocker, a rede organiza acontecimentos relaxantes onde as pessoas podem discutir os seus temas. A rede encontra-se em Cardiff, Bath, Birmingham, Aberystwyth, Newcastle e Middlesbrough.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

KUNIO KATO

  • Kunio Kato: "So heavy. Thank you very much. Thank you, my supporters. Thank you, all my staff. Thank you, my pencil. Thank you, Academy. Thank you, animation. Thank you my company, Robot. Domo arigato, Mr. Roboto. Thank you very much".
O filme de 12 minutos de Kunio Kato, Le Maison en Petits Cubes (no vídeo abaixo os primeiros cinco minutos), usa desenhos em papel e grafismos de computador em duas dimensões, onde conta as memórias do seu avô. Recebeu o óscar de curta-metragem animada 2009 da Magnolia Pictures. Kato ganhara anteriormente prémios nos festivais de Annecy (França) e Hiroshima.

Se quisermos, o filme de Kunio Kato é um olhar sobre a velhice e as longas memórias guardadas.





Obrigado ao Carlos por me dar a conhecer o filme.

domingo, 23 de agosto de 2009

SOBRE A CIRCULAÇÃO DA ARTE E DA LITERATURA

Crossing Boundaries: The Making and Circulation of Art and Literature é a conferência a ter lugar nos dias 10 e 11 de Setembro no Institute of Germanic & Romance Studies, University of London. Da informação de promoção do evento, lê-se:
  • From the way that our post-postmodern times of climate change and high-speed globalisation require an updated perspective on the nature of art and literature, we believe that a focus on the making and circulation of art and literature invites a fruitful, inter-disciplinary debate about our aesthetic understanding. By emphasising the aspects of production, circulation, distribution and reception across Anglo-Saxon, Germanic and Romance borders – national, cultural, disciplinary etc. - we believe that the notion of aesthetic signification and intention is in constant change.
De Portugal, Idalina Conde apresentará uma comunicação intitulada The Wittgenstein House: around meaning and reception in contemporary art.

CABO VERDE EM BUENOS AIRES

Fotografias de Diego Casas, no dia de África (25 de Maio), sobre a comunidade caboverdiana em Buenos Aires, Argentina, no jornal Clarín (aqui): mornas, cachupa, rostos.