terça-feira, 28 de novembro de 2006

DOIS DIAS SEM ESCREVER

O blogueiro vai estar dois dias sem escrever. Tenciono voltar na sexta-feira.

NOVOS LIVROS NO MERCADO


Após lançamento no Porto, a colecção de Comunicação da Porto Editora promove cinco livros, no dia 12, pelas 18:30, na Universidade Católica Portuguesa. Os livros pertencem a Luís Oliveira Martins (Mercados televisivos europeus), Gonçalo Pereira (A Quercus nas notícias), Helena de Sousa, organização (Comunicação, economia e poder), Armand Mattelart e Érik Neveu (Introdução aos Cultural Studies) e Jean-Pierre Esquenazi (Sociologia dos públicos).

A TELENOVELA SEGUNDO VERÓNICA POLICARPO


[roteiro da minha aula de hoje de Públicos e Audiências]

A perspectiva de Verónica Policarpo - no livro Viver a telenovela. Um estudo sobre a recepção, a apresentar hoje ao fim da tarde na Universidade Católica - constata-se logo nas primeiras páginas. Para ela, interessa investigar se, na sociedade portuguesa, homens e mulheres apresentam diferenças significativas na sua apropriação da telenovela. A autora parte do princípio que, ao longo da vida, os actores sociais constroem uma grelha de valores. Além disso, a situação conjugal (casados, divorciados) marca uma trajectória de análise.

Adaptação da dissertação de mestrado defendida na Universidade de Coimbra, Verónica Policarpo destaca, na revisão da literatura (cap. 1), os conceitos: 1) família, como contexto mais indicado para estudar as práticas de recepção da televisão, 2) o que influi na leitura da novela: meio social, género, trajectória familiar, apropriação.

Uma novela brasileira é: 1) produto que se destina essencialmente a preencher o imaginário do seu público, com a exploração das emoções (rir, chorar), 2) aproxima a especificidade da narrativa ao tempo real do quotidiano, 3) diferencia-se das suas congéneres de outras nacionalidades, em termos de: a) duração (média: seis meses) e estrutura narrativa, b) com conteúdo sem o retrato fantasista de um mundo perfeito, mas pela representação da vida ordinária e quotidiana, com temas relacionados com política, história do Brasil (caso da novela que analisou), desigualdades sociais, e c) qualidade técnica (cenários, acessórios e adereços, filmagens requintadas de exteriores) e de actores e direcção artística. Além disso, a telenovela é "uma forma narrativa, um léxico e uma semântica para [os telespectadores] construirem a sua própria história, a sua própria vida" (p. 125).

No caso da novela Terra Nostra, objecto de estudo em termos de recepção, há uma inter-relação com assuntos da esfera pública, crise político-económica, imigração de italianos para o Brasil, recessão do país no período pós-escravatura, assuntos da vida privada. Uma telenovela apresenta características específicas, nomeadamente o facto de ser emitida diariamente, em horário "familiar", simulando o tempo real da vida quotidiana (p. 41). Pelo horário em que é emitida, a família surge como contexto provável da recepção da telenovela. A autora faz as seguintes perguntas: qual a função que a novela desempenha no seu dia-a-dia, com quem assiste, costuma trocar ideias com alguém sobre o que vê, qual a sua motivação para seguir as suas histórias?

[nos vídeos, apresentação do livro feita por Isabel Férin e parte do agradecimento da autora, hoje ao fim da tarde. A presidente da mesa foi Isabel Gil, da Universidade Católica]



A televisão é vista como "companhia", muitas vezes servindo mais para ser ouvida do que vista, substituindo a rádio. A telenovela preenche uma necessidade identificada pela perspectiva dos usos e gratificações como de âmbito das relações pessoais: a companhia. Assim, em muitos lares a televisão permanece ligada quase todo o tempo em que há pessoas no lar. Desempenha, para além do papel de lazer, o preenchimento de espaços "vazios".

A telenovela pode também assumir o papel tradicional de contador de histórias. Os entrevistados da autora preferem novelas brasileiras devido à qualidade das interpretações e dos actores, com uma clara preferência pelas urbanas e actuais. Dos principais usos da novela, destacam-se a aproximação do tema à realidade do dia-a-dia, à socialização das audiências, à aprendizagem das regras da vida em sociedade e a determinados estilos de vida. Os principais motivos para seguirem uma telenovela são: horários de emissão, se coincidem com a hora de jantar, falta de programação satisfatória nos outros canais, nos mesmos horários, estratégias de programação, cenários e adereços, publicidade da imagem, construção de ambientes sociais e históricos, elemento de distracção e entretenimento. A autora detecta uma confusão entre actores e personagens por parte de alguns espectadores. Nalguns casos, a telenovela aparece como desempenhando uma importante função de utilidade social, pois ela surge como fonte de conversa. A telenovela também parece preencher necessidades de identidade pessoal, em que os indivíduos comparam a história da novela com a sua própria experiência social.

A novela surge ainda como fonte de reforço e aprendizagem de dados valores, familiares, cívicos, dentro das necessidades de reforço de valores. Género e trajectória de vida são duas marcas essenciais na recepção da novela. A construção de valores, representações e práticas são analisadas através de três dimensões da trajectória – individual, familiar e histórica. Os efeitos da trajectória familiar são atravessados pela experiência de género. Assim, cada entrevistado coloca-se face a três eixos fundamentais: 1) tema e narrativa da novela, 2) propostas relativas às relações de género, 3) propostas relativas às relações familiares.

Quanto à estrutura narrativa de uma novela, Policarpo adianta que uma coisa é como os produtores nos contam uma história e outra, diferente, como os seus entrevistados a contam. A história da novela pode ser contada através da vida de quem fala à autora. Assim, as mulheres casadas vêem-na com distância e contenção, 2) as mulheres separadas com amor romântico, espontaneidade e emoção, 3) os homens casados com desvalorização do conteúdo enquanto prática de distinção, 4) os homens separados com amor e emoção na apropriação da telenovela. As entrevistadas divorciadas manifestam alguma condescendência em relação à novela, enquanto produto televisivo inferior e alienante. A trajectória familiar (casados ou divorciadas) tornou-as espectadoras mais ou menos competentes para interpretar os conteúdos das novelas. Quanto mais complexa é a sua trajectória mais instrumentos têm ao seu dispor (p. 57).


A relação conjugal determina a apropriação: para as mulheres casadas, é corolário de consenso e estabilidade; para as divorciadas, há a aceitação da "fuga" à norma da vida do casal (p. 123). Os entrevistados casados revelam-se mais sensíveis à inverosimilhança histórica, com um sentido crítico da narrativa, como as mulheres casadas.

Registo ainda o modo como os homens entrevistados vêem a representação feminina nas novelas: activas e empreendedoras, apesar de frágeis. Isto pode ser provocado pela redefinição de papéis sexuais na sociedade portuguesa, com as mulheres a terem maior autonomia profissional e financeira. E também a relação dos homens com os filhos: se é rapaz, a relação é de cumplicidade; se é rapariga, exige-se respeito. Aliás, há uma família de pais e três filhos na presente série de Morangos com açúcar que ilustra a definição de Verónica Policarpo: o pai permite que o filho saia de casa todos os dias à noite, o que procura vedar à filha mais velha, embora esta conteste a situação (a mais jovem ainda não tem força para se opor ao pai).

Leitura: Verónica Policarpo (2006). Viver a telenovela. Um estudo sobre a recepção. Lisboa: Livros Horizonte

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

Ou apenas Mário Cesariny. O seu desaparecimento (nascera em 1923) teve capas e desenvolvimento em páginas de dentro no Público e no Diário de Notícias. Cesariny merecia esse cuidado, dada a sua enorme dimensão artística.

AUMENTA NÚMERO DE VISITANTES NOS MUSEUS


A notícia saída no Público do passado sábado é muito positiva acerca do comportamento dos museus, dado o aumento anunciado de visitantes nos dez primeiros meses do ano. Cerca de um milhão e trinta e cinco mil visitantes passaram pelos museus nacionais (25 museus do IPM), valor que se aproxima dos números de 1998, considerado na peça o ano de maior valor na história dos museus. A autora da peça, Lucinda Canelas, recolheu a informação a partir de uma conferência de imprensa dada pela ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e pelo director do Instituto Português de Museus (IPM), Manuel Bairrão Oleiro.

Diz ainda a peça sobre a actividade dos museus, com destaque na primeira página, que a estratégia de crescimento se deveu a exposições internacionais (O olhar fauve, no Museu do Chiado; Grandes mestres da pintura europeia, de Fra Angelico a Bonnard, no Museu Nacional de Arte Antiga) e à noite dos museus e dia internacional dos museus. Pela peça jornalística, fica a ideia de que há novos públicos conquistados.

A notícia, não pela ordem que eu dou nesta mensagem, veicula outras três informações: o ano de 2007 será difícil, dado o corte orçamental (23,2% de quebra face a este ano); os eixos fundamentais passam pela oferta de mais exposições internacionais e pela implantação de projectos novos (colecção Berardo no CCB, passagem do Museu dos Coches para outro edifício, pólo do Ermitage em 2010, ampliação do Museu do Chiado, criação do Museu no Palácio de São João Novo, no Porto, construção do Museu do Douro e do Côa e criação do Museu da Língua/Centro de Interpretação das Descobertas, no lugar do actual Museu de Arte Popular, cujas colecções serão guardadas no Museu de Etnologia); possibilidade de cada museu gerir as suas receitas.

Exceptuando a redução do investimento nos museus, o que se compreende dado o orçamento de rigor por parte do Governo, todo o resto da informação é útil e positiva. Contudo, e fazendo um exercício de metajornalismo, há coisas que precisavam de ser mais bem tratadas (ou melhor contadas). Antes de tudo, tenho de escrever que a informação diária do Público é-me muito importante para conhecer o que se passa no mundo e formular juízos sobre ele, e nisso incluo os trabalhos de Lucinda Canelas. No caso da peça em causa, a jornalista deixou-se conduzir pela fonte de informação, chamada primeiro definidor num texto clássico de Stuart Hall e colegas. Numa conferência de imprensa, quem a promove controla o que é dito (e pode esconder o que não quer dizer). O jornalista fica sempre sujeito ao que lhe é dado, pois não tem tempo de contrastar a informação do primeiro definidor. E, tratando-se de informação positiva, mais fácil é seguir a definição dada pela fonte.

Assim, detecto um conjunto de questões que deixo neste espaço público. Primeiro, num ano de rigor financeiro, a promessa de tantos projectos novos é possivelmente exagerada - ou há processos que vêm de trás e, logo, existe continuidade de investimento. Ainda dentro deste primeiro ponto, confesso que fiquei perplexo ao ler que ia haver um novo museu no Palácio de São Novo no Porto. Ele já existe há dezenas de anos, pois o frequentei amiudes vezes quando era adolescente. O que aconteceu foi o seu fecho devido a problemas de segurança (humidade, entre outras coisas).

Em segundo lugar, a ideia de exposições internacionais é um ponto interessante. Contudo, engrenar em circuitos internacionais de exposições custa muito dinheiro (seguros, por exemplo), o que invalida a hipótese em ano de magro orçamento. No CCB, a exposição de Frida Kahlo teve muito êxito pela mesma razão - a pergunta é: e vai continuar? A resposta é não, pois o espaço vai ser ocupado pela colecção Berardo. E tenho dúvidas da continuidade da afirmação do Museu Nacional de Arte Antiga como espaço de passagem de exposições internacionais.

Em terceiro lugar, a possibilidade de gerir receitas próprias de cada museu, ainda depende de uma autorização do ministério das Finanças. A mensagem de Isabel Pires de Lima é endereçada a um só leitor, o ministro das Finanças. Diz ela: "É uma reivindicação justa dos directores [dos museus]. Gostava de ver isso acontecer. Talvez esteja para breve". E se o ministro das Finanças disser que não, que é melhor a distribuição das receitas ser feita numa lógica central e não em cada museu?

Quando a jornalista escreve haver 1.035.158 visitantes dos museus do IPM este ano, até Outubro, fui ver o livro do Observatório das Actividades Culturais, O panorama museológico em Portugal (2000-2003), editado o ano passado, e em que Manuel Bairrão Oleiro é o responsável da parte do IPM neste livro (presente na conferência de imprensa de sexta-feira ao lado da ministra). No livro, na página 61, há referência a 11.829.479 visitantes em 2000, 12.963.695 em 2001 e 13.609.609 em 2002. Eles são diferentes dos apresentados na conferência de imprensa (ou confundidos pela jornalista) - ou eu não percebi bem os números indicados no livro.

Em quinto lugar, tenho dúvidas quanto à formação de novos públicos por causa de um acréscimo de visitantes em 2006. Os serviços educativos dos museus (como ainda no caso do CCB ou da Culturgest) devem já funcionar há anos, pelo que a evolução é feita gradualmente como os números contidos no parágrafo anterior demonstram. A Festa da Música também atraiu muita gente, mas isso nada significa em termos de novos públicos. Poderemos dizer que os públicos displicentes - os que têm possibilidades sociais e culturais mas não aparecem regularmente - se conquistam e se perdem se as iniciativas não continuarem. O Porto 2001 teve públicos fantásticos, mas bastou uma política camarária desastrada para que eles desaparecessem.

Claro que isto conduz à minha sexta observação, a mais dura. A conferência de imprensa ocorreu após semanas horríveis para o ministério da Cultura - orçamento reduzido para 2007, anúncios do fecho do Museu de Arte Popular (para dar lugar ao museu virtual da Língua) e da Festa da Música no CCB, com muitos artigos de jornais contra. Vem nos livros que, após acontecimentos terríveis, se deve dar uma conferência de imprensa com informação positiva para apagar a má imagem - e os resultados do número de visitantes é um admirável pretexto. Daí, enquanto cidadão, me ficarem muitas dúvidas quanto à bondade da marcação da conferência de imprensa. Pena que o jornal não tenha reflectido sobre isto. Deixo a sugestão.

VIVER A TELENOVELA


Amanhã, dia 28, pelas 18:30, vai ser lançado o livro de Verónica Policarpo, Viver a telenovela. Um estudo sobre a recepção. A apresentação, a decorrer na Universidade Católica, será feita por Isabel Ferin, professora da Universidade de Coimbra. O livro está editado na colecção Media e Jornalismo, da editora Livros Horizonte em parceria com o CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo).

Com base em estudo sobre a recepção, em Portugal, da novela Terra Nostra, a autora considera que há diversas variáveis sociais (classe social e género) que condicionam o modo de ver a televisão. Um conceito trabalhado por Verónica Policarpo é o de trajectória familiar, pois a apropriação da novela também depende do estatuto conjugal de quem a vê.

domingo, 26 de novembro de 2006

GRATUITO A LANÇAR EM 2007 PELA CONTROLINVESTE

Uma notícia publicada no Diário de Notícias de hoje dá conta do lançamento, para 2007, de um jornal gratuito por parte da Controlinveste, entidade proprietária daquele periódico de referência, uma ideia que já andava no ar há muitos meses. Também entre os projectos da Controlinveste para o próximo ano está a criação de um canal de televisão.

EXPLORADORES DA INTERNET

São três páginas da edição de hoje do Observer dedicadas ao que chamam Exploradores da internet ou os novos evolucionistas (evolutionaires), escrito por David Smith.


A mim, basta-me um pequeno conjunto de frases:

"por mês, 180 milhões de dólares são investidos em empresas de tecnologia que querem mudar a vida das pessoas em todo o planeta. Uma combinatória de juventude, espírito empreendedor, conhecimento técnico, músculo financeiro e sonho americano, temperado com utopia da Costa Leste, as quais têm formado uma máquina de movimento perpétuo que nos guia até à idade da informação. Cérebros brilhantes de estudantes e gente associada a computadores e internet [geeks], homens de negócios, cientistas, investidores [angel investors] e capitais de risco alimentam-se e tornam prósperos os outros, faiscando como se fosse aquela electricidade que imaginamos ter existido no norte da Inglaterra por alturas da Revolução Industrial. No horizonte, nasce toda uma nova rede mundial".

Locais como o Ritual Coffee Roasters, onde tomar café se faz acompanhar pelo uso da internet, servem para discutir o futuro da internet - ou web 2.0 - em que se deixa de ser consumidor de televisão, por exemplo, para ser produtor de conteúdos, na qual há um vasto número de contribuintes que fornecem informação mais detalhada sobre o interesse especial de cada um de nós que qualquer organização tradicional já é incapaz de fornecer.

Ora, depois do MySpace (partilha de música e de vídeos musicais) e do YouTube (partilha de vídeos), o que se segue? O jornalista do Observer fornece-nos alguns sítios: Squidoo (fazer catálogo e criar uma página sobre o assunto que mais gosta), BumpQ (sítio para partilha de ideias criativas), Yelp (convida todos a escrever sobre restaurantes, lojas, médicos, arte e entretenimento), Pandora (serviço de descoberta de música favorita, criando estações de rádio adaptadas a cada internauta) e loopt (através de um sinal do telefone celular sabe-se a sua localização geográfica).

E ainda escreve sobre o cruzamento de empresas (aquisições, fusões, concentrações): a News Corp comprou a MySpace, a eBay adquiriu a Skype, a Google comprou a YouTube (no mês passado, por 1,65 milhares de milhão de dólares, na base de tráfego gerado e não em rendimento). Os que trabalham com capitais de risco fazem e desfazem, criam, apoiam e incubam novas empresas de alta tecnologia. Parecem, escreve David Smith, os mecenas do Renascimento, que, apoiando um até aí obscuro artista, lhes fornece glória e dinheiro.

A REALIDADE CRUEL DO MUNDO DE DISNEY

Chamavam-lhe o tio Walt, todos o conheciam graças ao rato Mickey, à Branca de Neve, aos filmes de desenhos animados, aos parques temáticos.

Agora, uma biografia de Neal Gabler, intitulada Walt Disney: the triumph of the American imagination, deita abaixo o mito urbano do construtor de imaginários que todos nós transportamos desde que, em crianças, vimos um filme ou lemos um livro com a marca Disney.


Gabler teve acesso total aos arquivos de Disney, facultados pela família, coisa que nunca acontecera com essa extensão. E o retrato de Disney não é igual ao universo das personagens traçadas nas suas histórias, lê-se no texto hoje publicado no Observer, assinado por Paul Harris. Walt Disney maltratava os colaboradores e o próprio irmão Roy, a quem ridicularizava em público, a relação com a mulher foi sempre difícil, parecendo que o casamento não se dera com ela mas com o estúdio de cinema, tomou parte na perseguição a todos os artistas que tivessem inclinações políticas com a esquerda (1941) e não aceitava pessoas de cor a trabalhar consigo.

Morreu em 1966, sendo cremado e as suas cinzas espalhadas num jardim privado. Mas deixou um legado que - apesar de todas as críticas à sua vida pessoal e às suas tomadas de posição - é impressionante. No ano da sua morte, 240 milhões de pessoas tinham visto um filme seu, 80 milhões de pessoas tinham lido um livro seu e 100 milhões de pessoas tinham visto um filme seu na televisão. Walt Disney, o homem solitário e problemático, imortalizou-se, devido à sua obra.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE LUÍS TRINDADE


Conforme havia escrito aqui, foi ontem ao fim da tarde apresentado o livro de Luís Trindade 1ªs páginas. O século XX nos jornais portugueses. Livro comentado por mim em mensagem datada de 24 de Setembro último, a apresentação por Fernando Rosas e Mário Mesquita, ambos professores universitários muito conhecidos, enriqueceu bastante a compreensão do texto publicado, abrindo mesmo o apetite para a sua leitura.

Para Fernando Rosas (Universidade Nova de Lisboa), o livro não é sobre História, na habitual concepção do termo, mas combina História com Comunicação, preferindo designá-lo por ensaio, no qual encontra três ideias fulcrais. A primeira relaciona-se com o que Luís Trindade chamou de jornalismo de informação, uma nova modalidade de jornalismo que sustenta a modernidade: capitalismo, massificação e urbanização. A segunda ideia é a do jornalismo enquanto manipulador e construtor de uma realidade (tema retomado por Mário Mesquita, observável no terceiro vídeo), enquanto a terceira ideia se ocupa da explanação das novas tecnologias, exemplificadas na rotativa, na fotografia e na publicidade (primeiro vídeo de Rosas). Ainda sobre o livro, o mesmo orador encontra duas perplexidades (segundo vídeo): 1) o estudo dá pouco relevo à cor política dos jornais, 2) há um igual esbatimento quanto ao peso da censura durante o regime do Estado Novo [as minhas desculpas pelo enquadramento de Fernando Rosas; do ângulo onde eu estava, ele ficou encoberto por um livro destacado na mesa].

Já Mário Mesquita (Escola Superior de Comunicação Social) (para além de "responder" a Fernando Rosas sobre a comparação da História com o Jornalismo, patente no terceiro vídeo) preferiu falar de conceitos mais gratos a esta segunda ciência, como as ideias de objectividade e transparência. Os seus comentários sobre a primeira página enquanto dispositivo (quarto vídeo) merecem ser apreciados. Para Mesquita, há duas concepções quanto à primeira página. Ela tem valor literal (inicia um conjunto de páginas), mas também é um dispositivo autónomo (no quiosque, um leitor pode apreciar a primeira página e, com isso, obter informação; mas, ao não comprar, fica sem saber o conteúdo das restantes). A primeira página tem uma topografia própria com três áreas: escrita, icónica e para-icónica (grafismos, titulagem, publicidade). Ao apreciar a distinção introduzida por Luís Trindade quanto aos tipos de jornalismo na época do Estado Novo - oficial (caso do Diário da Manhã), oficioso (caso do Diário de Notícias) e de oposição (casos do República e do Diário de Lisboa), o professor de Jornalismo encontra um quarto tipo, o clandestino.

Os dois últimos vídeos mostram comentários e respostas do autor do livro às sugestões dos dois apresentadores.





sábado, 25 de novembro de 2006

UMA FOTOGRAFIA DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO CIMJ


Como amplamente publicitei aqui, decorreu no começo da semana passada um seminário de jornalismo organizado pelo CIMJ. Agora mostro uma fotografia da sessão de lançamento de livros e de revistas (dia 14), vendo-se da esquerda para a direita José Carlos Abrantes, Fábia Dejavite, Rogério Santos, Estrela Serrano, Rita Figueiras, Ana Cabrera, Isabel Ferin e Pedro Diniz de Sousa, que apresentou todos os presentes na mesa.


[trata-se de uma gentileza de Fernando O. Paulino, o "correspondente" do Indústrias Culturais em Sevilha, quase a regressar a Brasília, onde tem de apresentar tese de doutoramento, esperando eu que se mantenha como "correspondente" deste blogue, agora a partir do Brasil. Cumprimentos para ele e para a Juliana, agradecendo os agradáveis momentos de convívio aqui em Lisboa]

LANÇAMENTO DO MEU LIVRO


A fonte não quis revelar – um estudo sobre a produção das notícias (Campo das Letras).

No Porto (livraria FNAC de Santa Catarina), dia 6 de Dezembro, pelas 18:30. Apresentado pelo professor Eugénio dos Santos (Faculdade de Letras da Universidade do Porto).

A SOCIEDADE MCDONALDIZADA (3)


[continuação das mensagens de 9 e 17 de Novembro]

Ritzer à procura de Baudrillard

Temos de ter em atenção que os novos meios de consumo criam espectáculos não como um fim em si mesmo mas de modo a trazer grande número de pessoas para comprarem mais produtos e serviços. Um centro comercial, um casino ou um parque temático vazio ou meio cheio tem menos pessoas a comprarem e não geram a mesma excitação que uma casa cheia. Uma catedral de consumo quase vazia gera menos passa-palavra que uma sala cheia. Radical e crítico, Ritzer (2004b: 96; seguirei ainda as páginas seguintes) acha que cada espectáculo procura superar o anterior (em espectacularidade). Diria eu, é como se fosse um potlach. Implícito a isto é o uso de simulações para criar mundos fantásticos espectaculares. A essência dos novos meios de consumo está na capacidade de encantar pelos espectáculos, através de simulações, o que nos leva a Jean Baudrillard.

Este argumentou que vivemos numa “idade da simulação”. Isto implica que abandonamos um mundo social mais genuíno e autêntico. Por exemplo, diz ele, o povo primitivo de Tasaday, nas Filipinas, é uma simulação pois foi criogenizado e esterilizado para fugir à morte. Ou as grutas de Lascaux em França, que foram encerradas, abrindo-se uma réplica exacta, uma simulação.

A existência alargada de tais simulações no mundo do consumo contribui para a erosão da distinção entre o real e o imaginário, entre o verdadeiro e o falso. É muito mais simples estruturar a gruta simulada (em caso de perigo para os visitantes) que reestruturar a gruta original, pois há um constrangimento à alteração da sua forma original. É mais fácil reparar a simulação que o original que, nesse sentido, é irreparável. E para uma geração habituada a filmes, televisão, jogos vídeo e imaginação virtual torna-se perfeitamente aceitável esse mundo da simulação.

Mas não apenas existem simulações nos novos meios de consumo, mas também nas pessoas que tomam parte neles e nas suas interacções [e refere as pessoas vestidas à época na Disney e nos parques temáticos, por exemplo]. As organizações desenvolvem uma série de linhas de conduta do que se supõe que os empregados falem, vejam e se comportem. A “interacção” típica, escreve o radical Ritzer, vem dos animadores dos programas de vendas na televisão quando dizem: “obrigado pela chamada telefónica que fez”.

Ora vejamos como olha o próprio Baudrillard estas questões, nomeadamente as ideias de consumo (uso e ostentatório; o standing, como lhe chama Lipovetsky), sedução, simulação (hiper-real versus signo) e implosão. Em A sociedade de consumo (1981: 51), Baudrillard entende que todo o discurso sobre as necessidades/desejos aponta para o domínio da felicidade. Esta é a referência absoluta da sociedade de consumo. Ora, é preciso que a felicidade seja mensurável. Ela trata-se do bem-estar mensurável por objectos e signos do conforto, a intensificação do bem-estar. Baudrillard fala em democracia do standing, da televisão, do automóvel, da instalação estereofónica (hoje, diríamos iPod). E, mais à frente, Baudrillard (1981: 78) refere David Riesman e a sua noção de standard package, que se define como o conjunto de bens e serviços que constitui a espécie de património de base do americano médio: “Em aumento regular, indexado pelo nível de vida nacional, constitui um mínimo ideal de tipo estatístico, modelo conforme das classes médias. Ultrapassado por uns, sonhado por outros, surge como ideia em que se resume o american way of life. Mas, diz Baudrillard, o standard package não designa tanto a materialidade dos bens (televisão, casa de banho, carro) mas mais o ideal de conformidade.

O tema do condicionamento das necessidades (em especial, através da publicidade) tornou-se o tema favorito do discurso acerca da sociedade de consumo. A exaltação da abundância e a grande lamentação relativa às necessidades/desejos artificiais alimentam a cultura de massa. O mesmo autor vai adiante. Meta-consumo significa a busca de personalização, estatuto e standing – fundado em signos, isto é, não nos objectos ou nos bens em si, mas nas diferenças. Se o consumo pode assumir a discrição, o despojo e a reserva, o meta-consumo actua como expoente cultural de classe e tem a tendência predominante para consumir com ostentação. Daí que ele aposte não no esquema de singularidade e conformismo (Baudrillard, 1981: 106), colocado sob o signo do indivíduo, mas na lógica fundamental da diferenciação e personalização. Conclui por uma definição de consumo: 1) não se trata de uma prática funcional dos objectos e sua possessão, 2) nem de uma simples função de prestígio individual ou de grupo, 3) mas de um sistema de comunicação e de permuta, como código de signos continuamente emitidos, recebidos e inventados, como linguagem.


[continua]

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A NOVA CASA DO BLOGUE MEMÓRIA VIRTUAL

Leonel Vicente mudou a linha gráfica do seu blogue Memória Virtual.

Além disso, começou já a fazer o balanço de 2006 em termos de notícias sobre blogues. Como escreve aqui, "Pelo quarto ano consecutivo - depois das notas relativas a alguns dos principais aspectos relacionados com a “blogosfera” em 2003, 2004 e 2005 - chega agora a oportunidade de passar em revista mais um ano, o de 2006".

TELENOVELAS NO NÚMERO MAIS RECENTE DA NEWSLETTER DO OBERCOM


A newsletter nº 9 do Obercom traz informações sobre telenovelas e capas de livros sobre o mesmo tema. Inclui uma entrevista com Esther Hamburger, da Escola da Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ler aqui. E pode ainda analisar-se o documento Estratégias de sucesso na ficção TV nacional: estudo de caso de "telenovelas juvenis", onde são abordadas as novelas Morangos com açúcar (TVI) e Floribella (SIC).

UM DIA A FALAR DE TELEVISÃO


Organizado por José Carlos Abrantes e a Universidade Nova de Lisboa (departamento de Ciências da Comunicação), decorre no próximo dia 4 de Dezembro Um dia a falar de televisão, no Auditório 1 (edifício B - Torre), Universidade Nova, Avenida de Berna, 26-C, Lisboa.

O programa abre às 10:00, presidido por João Sáàgua, director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com nota de abertura por José Carlos Abrantes e conferência La theorie des images dans les nouvelles et la notion de "monstration", por Daniel Dayan. Pelas 11:15, José Pacheco Pereira apresenta o livro Televisão: das audiências aos públicos, editado pela Livros Horizonte/CIMJ.

Da parte da tarde, pelas 14:30, segue-se uma mesa-redonda e debate sob o título Como se tem avançado no conhecimento dos públicos em Portugal? Os estudos de audiência, os estudos qualitativos, com Luís Queirós (Marktest) e Cristina Ponte (Universidade Nova de Lisboa), moderada por Rogério Santos (Universidade Católica Portuguesa).

Segue-se, pelas 16:00, o lançamento do livro de Francisco Rui Cádima, A televisão "light" rumo ao digital, editado pela Media XXI e apresentação por Manuel Maria Carrilho. Depois, pelas 17:00, a mesa-redonda O documentário tem público na Culturgest. E na televisão?, com Inês de Medeiros (visionamento de excertos do seu último filme) e Jorge Wemans (director do canal de televisão :2), com moderação de José Carlos Abrantes.


CASO DA SEMANA


O CASO DA SEMANA É A MORTE DA FESTA DA MÚSICA

Retiro a informação do jornal Público, nos dias 21, 22 e 24 deste mês, um jornal de referência que deu muita atenção ao assunto, em cinco peças aqui analisadas. E porque se trata de bom jornalismo, dentro dos pressupostos clássicos da actividade (ouvir as principais fontes envolvidas no assunto, descoberta de contradições), entendo ser igualmente um bom estudo de caso.

No primeiro daqueles dias, o título da notícia era Morre a Festa da Música e nascem os Dias da Música no Centro Cultural de Belém. A quebra de orçamento do ministério da Cultura ocasionou igual perda de investimento no Centro Cultural de Lisboa (CCB), inviabilizando a Festa da Música. Pelo que se consegue ler na notícia, ministra e administrador do CCB estariam de acordo (embora tenha falado apenas Mega Ferreira, do CCB). A primeira notícia inclui também a opinião de Rui Vieira Nery, da Gulbenkian, e muitos números que mostram a evolução dos custos do programa (referirei à frente a análise de Cristina Fernandes).

Já no dia 22, com o título Contas de Mega e ministra não coincidem, percepciona-se a existência de posições distintas. A notícia do dia anterior provocara aquilo a que o jornal chamou de "fogo cruzado de declarações sobre as contas do centro". Para a ministra, o CCB ia ter mais dinheiro em 2007, pois ficava liberto do espaço de exposições, a ocupar pela colecção Berardo; para o administrador do CCB, o corte do orçamento fora o responsável pelo fim da Festa da Música.

Na edição de hoje, é publicada uma entrevista com René Martin, criador da Folle Journée de Nantes e até agora director artístico da Festa da Música, com um título muito impressivo: Roubaram-me completamente a ideia da Festa da Música. Garante Martin que nunca o chamaram a Lisboa para dar conta do ocorrido, chocando-o a ideia de Mega Ferreira nunca ter falado com ele. Reacção do administrador do CCB : "Martin não é dono do conceito de festival".

Observações do leitor de jornais: desde há algum tempo que se desenhava um desenlance deste tipo. Primeiro, quando tomou posse, António Mega Ferreira deu o exemplo da Festa da Música como adequado para as actividades do CCB e falou em construir um novo espaço, a oeste do actual centro; depois, a ministra Isabel Pires de Lima, ao indicar a zona das exposições do CCB para albergar a colecção Berardo, retirou campo de manobra à nova administração do Centro, pois disse logo que, havendo menos espaço a explorar, o CCB veria reduzido o seu orçamento; agora o verniz de duas pessoas cultas e civilizadas estalou. A meu ver, ambos ficam mal na fotografia, pois a frontalidade não tem sido muita, pelo que as notícias dizem (possivelmente, a valer a demissão do administrador do CCB, o que seria injusto, dada a muita qualidade por ele demonstrada ao longo da sua dedicada colaboração com o serviço público). Fica a convocação de uma manifestação por SMS no dia 1, pelas 15:00 em frente ao CCB.

As três notícias são um paradigmático exemplo de bom jornalismo: a primeira notícia relata o facto e ouve comentários, a segunda dá conta de uma falsa unidade, antevista a partir de informações cautelosas do administrador do Centro, pois novas fontes de informação foram acrescentadas, retirando o efeito de primeiro definidor contido na notícia inicial. Quanto à terceira, ela ilustra a posição de uma terceira parte, não coincidente com as descoincidências das duas primeiras, o que complexifica a história.

Quero ainda fazer referência a duas outras peças: uma análise (Cristina Fernandes) e um editorial (Nuno Pacheco), o que dá conta do grande empenho do jornal pela matéria. Fernandes refere o conceito de público e lamenta a falta de "um estudo que avaliasse a eventual repercussão na criação de novos públicos ou na mudança de hábitos culturais". Pacheco testou na sua peça uma postura mais política, partindo do número de bilhetes vendidos, o qual cresceu de mais de 27 mil em 2000 para mais de 51 mil em 2006. Para ele (e parece-me que tem muita razão), há justificações por uma opção cultural da ministra e do administrador. Se, acima, escrevia que Mega Ferreira e Pires de Lima não tinham feito um bom serviço, aqui considero que quem perde são todos os públicos que assistiam à Festa da Música, além de Martin, por quem os manifestantes do próximo dia 1 vão apoiar.


quinta-feira, 23 de novembro de 2006

HOMENAGEM A JORGE LISTOPAD

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) vai homenagear o encenador, escritor e crítico Jorge Listopad.

A sessão decorrerá no próximo dia 27, pelas 18:30, na sala Carlos Paredes, à rua Gonçalves Crespo, 62, em Lisboa.

ELEMENTOS COMPLEMENTARES A TEXTO AQUI PUBLICADO


No dia 20, publiquei aqui um texto sobre a entrevista dada pelo presidente da ERC, professor Azeredo Lopes, e publicada no jornal Público.

De Alberto Arons de Carvalho, professor da Universidade Nova de Lisboa, deputado do PS e antigo secretário de Estado da Comunicação Social, recebi alguns elementos que contextualizam e complementam a minha informação, os quais agradeço.


Para Arons de Carvalho, não se pode dizer que, por pertencer à SONAE, o Público terá de ser vendido. O Público pertence a uma empresa chamada Público SA, por sua vez, está ligada à SONAE. Isto é: "Não haverá qualquer problema com a nova lei, que aliás não inova nada nesta matéria. Trata da mera aplicação do princípio da especialidade das empresas de comunicação social, de resto já previsto não só na Constituição (artº 38.º n.º 4) como nas leis de imprensa, rádio e televisão em vigor".

Se tais normas visam, ainda segundo o deputado, "impedir que numa mesma empresa coexistam actividades de comunicação social e de um outro qualquer ramo da actividade económica", isso não inibe "que um grupo com múltiplas actividades e interesses tenha também uma empresa no sector da imprensa ou da comunicação social".

Outro elemento que Arons Carvalho me remeteu diz respeito à TVI, cujo projecto apresentado em 1991 seria diferente do inicial. Quando a TVI mudou de proprietário, deixando de estar ligada à Igreja, "apresentou o novo projecto, então à AACS, que foi aceite". É, pois, com este projecto que deve ser feita qualquer comparação com a actualidade. Além de não ser correcto dizer-se que a TVI passou de mãos portuguesas para espanholas, uma vez que, desde 1996 ou 1997, a larga maioria do seu capital pertence a fundos anglo-americanos.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

YARD DOGS ROAD SHOW

Estão marcadas as datas do espectáculo dos Yard Dogs Road Show, aprazadas para 3 de Março, no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, 8 de Março, na Aula Magna (Lisboa), e 9 e 10 de Março no Theatro Circo de Braga. Segundo a promoção dos espectáculos: "nascido num qualquer saloon de Vaudeville no velho Oeste americano de 1800 surge como espectáculo pela mistura com a sub-cultura de estrada norte-americana. O magnífico espectáculo dos Yard Dogs Road Show combina elementos de vaudeville e do burlesco".

OS 75 ANOS DO RCP


Hoje, os jornais dão conta do 75º aniversário do Rádio Clube Português. Na realidade, foi em Novembro de 1931 que o emissor CT1DY, então com a designação de Rádio Clube da Costa do Sol, começou a emitir.

O número 4 do Boletim do Radio Club Português (Julho de 1933), com sede na vivenda Zinda, na Parede, descrevia assim a sua existência: "Todos os nossos consócios se lembram da memorável Assembleia-Geral em que os actuais corpos gerentes foram eleitos; pela primeira vez em Portugal conseguiu-se obter numa Assembleia-Geral de uma associação de Radiófilos uma assistência superior a 400 pessoas que cheias de entusiasmo ali acorreram a autorizar com o seu voto a transformação do pequenino Rádio Clube da Costa do Sol no actual Rádio Clube Português. [...] havia a visão nítida de que o nosso Clube, nascido de uma modesta iniciativa local, estava destinado pelo seu rápido desenvolvimento a vir a preencher a lacuna existente no meio radiófilo português, criando uma forte agremiação de auditores de TSF que pugnasse pelos seus direitos e mantivesse aquele elo de ligação que se torna necessário entre os apaixonados pelos encantos da radiodifusão".

Em Novembro de 1931, o RCP tinha uma potência de antena de 75 watts, passando depois para 200 watts e, ainda mais tarde, para 1500 watts. O mesmo boletim informava que se ouvia distintamente a emissão na cidade alemã de Leipzig, o que deixava a direcção da estação muito ufana do seu sucesso.

Já nessa altura se pressentia o peso do RCP no panorama da rádio em Portugal (político e cultural). Afastado CT1AA das emissões, por vontade do proprietário, o RCP surgia como seu herdeiro natural na actividade privada da rádio, ainda antes da Emissora Nacional começar os seus trabalhos (inaugurada em 1935).

Do RCP da altura, já com Botelho Moniz à frente dos seus destinos, havia uma estética nova: a lenta passagem de programas de música clássica, como centro da programação, para música popular portuguesa (fados, música ligeira) deu-se na estação da Parede. Daquela estação partiu também a luta pela revogação da legislação que proibia publicidade radiofónica, interregno que durou de 1934 a 1936, e que estrangulara outras estações. Foi também o RCP que deu um apoio inequívoco às tropas de Franco na Guerra Civil de Espanha. Após a vitória deste, até Salazar tentou limitou a força de Botelho Moniz, uma espécie de dirigente político mais à direita do ditador.



[nas imagens, páginas do Boletim do Radio Club Português e Mimi, a jovem cantora que fazia as delícias do programa infantil da estação, nos seus primórdios]

[o blogueiro não quer ser desmancha-prazeres para com os organizadores das comemorações, mas parece-me que as emissões começaram a 21 de Novembro de 1931 e não a 22, como indicam os jornais de hoje; o Boletim nº 4 do RCP fala de 21 de Novembro como princípio da actividade]

Seminário sobre fonógrafos e gramofones

Ontem, integrado no II seminário de Cultura de Massas em Portugal no Século XX, Cândido Gonçalo apresentou o tema Fonógrafos e gramofones: o comércio de música gravada em Portugal.


Tudo começou em 1877, quando Edison inventou o fonógrafo, onde rolos podiam ser gravados e reproduzidos, com discursos, cartas falantes e músicas. A fragilidade da máquina - os rolos tinham uma duração muito curta em termos de reprodução - beneficiou da concorrência entre Edison e Bell (o inventor do telefone), o que conduziu o primeiro daqueles inventores a criar uma empresa com o seu nome, de maneira a que se pode falar de um mercado de fonógrafos na última década do século XX [imagem do Museu da Música Mecânica, inserido em 4 de maio de 2018].

O invento chegaria a Portugal no ano seguinte ao da sua primeira divulgação. Em 1879, havia já notícias de espectáculos de fonógrafo (Diário Ilustrado, por exemplo), associado a alta magia. A desmaterialização - discos, cinema - levava a que se considerasse essas sessões como tendo um efeito fantasmagórico quanto à realidade. Já em 1893-1894, uma empresa de dois americanos percorreria o país (Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu, Figueira da Foz, nomeadamente) a comercializar o fonógrafo e os seus rolos musicais. Essas sessões duravam 25 minutos e eram aproveitadas para gravar novos rolos que seriam publicitados nas outras cidades. Quase logo a seguir, surgiram empresas com catálogos de rolos, onde se ouviam fados, óperas, fanfarras militares e hinos nacionais. Era o começo de uma nova era e de uma nova e grandiosa actividade.

Cândido Gonçalo falou ainda do outro tipo de registo, o disco e o gramofone, devidos a Berliner, em 1888, um alemão a viver nos Estados Unidos, e que rapidamente substituíram o rolo e o fonógrafo. As vantagens eram muitas, caso da forma (o disco era mais simples e fácil de preservar face ao cilindro) e da reprodução (a partir de uma master podiam fazer-se as cópias que se quisessem). Em Portugal, instalou-se uma empresa francesa, que ficou com o monopólio do equipamento, enquanto o comércio se adaptava e vendia fonógrafos e gramofones e tinha catálogos de música.

Uma nova evolução deu-se com a gravação eléctrica, mais eficaz em termos de captação de sons. Valentim de Carvalho, representando a Columbia, em Lisboa, e Grande Bazar do Porto, representando a Gramophone Company, no Porto, tornar-se-iam as grandes marcas de gravação: fado, música clássica, outras tendências musicais.




O próximo encontro ocorrerá a 5 de Dezembro, pelas 18:00 na FCSH da Universidade Nova de Lisboa (Av. de Berna), com António Tilly a falar sobre A produção musical e a indústria fonográfica em Portugal (1960-1980).

terça-feira, 21 de novembro de 2006

NOVA LEI DE TELEVISÃO

Os jornais escrevem hoje sobre a nova lei de televisão, cuja proposta governamental já está pronta.

Das alterações, frisam-se as seguintes: 1) regresso do segundo canal público à posse do Estado, sucedendo à decisão tomada em 2003 por um outro governo (social-democrata) de associar esse canal à sociedade civil, 2) mais serviço público, informação e documentários na RTP1, fazendo maior sensibilização das questões de cidadania, 3) maior poder para a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), em especial o controlo da actividade dos operadores licenciados, nomeadamente a contra-programação, 4) anúncio do novo concurso de televisão digital terrestre previsto para 2007.

LANÇAMENTO DE LIVRO DE VERÓNICA POLICARPO

Vai ser no dia 28, pelas 18:30, na Sala dos Descobrimentos da Universidade Católica, o lançamento do livro de Verónica Policarpo Viver a telenovela. Um estudo sobre a recepção. A apresentação caberá a Isabel Ferin (Universidade de Coimbra).

APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE LUÍS TRINDADE

O lançamento do livro de Luís Trindade, 1ªs páginas. O século XX nos jornais, com apresentação de Mário Mesquita e Fernando Rosas, ocorrerá no dia 25, pelas 17:00, na Fnac Chiado. Já fiz referência ao livro aqui.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

FONÓGRAFOS E GRAMOFONES EM SEMINÁRIO


Amanhã, dia 21, pelas 18:00, realiza-se a terceira sessão do II Seminário de cultura de massas em Portugal no século XX. A decorrer na sala de reuniões do 7º piso da Torre B da FCSH/UNL (Universidade Nova de Lisboa, na Av. de Berna), Cândido Gonçalo falará sobre Fonógrafos e gramofones: o comércio de música gravada em Portugal.

Trata-se de uma organização do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (Universidade de Coimbra) e do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa). Mais contactos com Tiago Baptista (trbaptista@gmail.com) e blogue, apesar de não actualizado, aqui.

ENTREVISTA DO SENHOR ERC


A entrevista de Azeredo Lopes ao Público, Rádio Renascença e canal público 2 merece ser lida com atenção, pelo que diz e pelo silêncio ou reserva em algumas matérias [eu sigo o que foi publicado na imprensa].



Azeredo Lopes, professor da Universidade Católica (Porto) e presidente da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) desde começos deste ano, mostra-se prudente em algumas matérias. É de realçar isto, dada a delicadeza da área onde trabalha.

De alguns pontos onde essa sensibilidade é maior, destaco: 1) renovação das licenças de televisão (SIC e TVI), apesar de um dos jornalistas - pelo jornal não se sabe se a pegunta foi feita por José Manuel Fernandes (Público) ou Graça Franco (Rádio Renascença) - falar de um projecto (TVI) que já nada tem a ver com a atribuição da licença inicial, 2) relação nada amigável entre presidente da Câmara do Porto e o jornal Público, 3) lei da concentração dos media, 4) independência da ERC, apesar da nomeação dos seus dirigentes a partir da Assembleia da República.

Dessa prudência respigo duas ideias. A primeira logo no começo do texto, quando, em lead, se lê que Azeredo Lopes entende que a ERC deve ter uma agenda própria, não determinada por pressões políticas (deve ler-se: partidárias). A segunda vem em resposta à queixa apresentada por Manuel Maria Carrilho, ainda reportado às eleições autárquicas em que aquele político e docente universitário se candidatou à liderança de Lisboa. Se Carrilho pediu uma intervenção, a ERC está a fazer um trabalho cauteloso (talvez lento em excesso) de definir critérios de abordagem e de selecção de pessoas a ouvir para formar uma posição.

Há um tema que me parece Azeredo Lopes ter escapado sem ter dado uma resposta adequada. Refiro-me à lei da concentração. Quando se lhe pergunta se vê com agrado o reforço da ERC nessa matéria, responde não ter de se pronunciar sobre tal. À questão de um critério de medir a concentração ser o indicador de mais de 50% de audiência, Azeredo Lopes responde que tradicionalmente a concentração dos media tem uma relação inversa com o pluralismo (destacado colorido meu). Ora, se há uma aferição tradicional, qual será a moderna?

Das leituras que tenho feito, nomeadamente da investigação de Gillian Doyle (e que um livro muito recente de Luís Oliveira Martins sobre mercados de televisão retoma), não há uma regra moderna na relação concentração versus pluralismo. O serviço público de televisão implica, segundo a minha perspectiva, pluralismo. A atribuição de licenças em televisão pressupõe já essa prestação de serviço público, pelo que basta verificar o comportamento dos canais. E, a haver concentração excessiva, ela reside na publicidade, como tem escrito Paulo Faustino.

Um segundo tema que, pela enunciação simples, me parece perturbador é a resposta evasiva à hipótese de detenção da propriedade de media ser apenas da responsabilidade das empresas que têm por objecto social a comunicação social [diz: "É uma leitura possível a que não posso responder", esperando pela decisão do ministro]. O exemplo descrito no jornal é o Público pertencer à Sonae, que tem outros objectos sociais. Se assim acontecer, o jornal terá de ser vendido, o que me parece um disparate. Estou a pensar na imprensa regional, muito fraca e dependente de entidades proprietárias ligadas a actividades industriais que não os media. Esses jornais vão ser vendidos necessariamente? E quem fica com eles?

Dos blogues que consulto regularmente, o Atrium, de Luís António Santos, e o Blogouve-se, de João Paulo Meneses, fizeram referência à entrevista, destacando a questão do relacionamento de Rui Rio e a Câmara Municipal do Porto versus Público. Para mim, parece-me excessivo o destaque no jornal a este tema conflituoso, com uma clara assunção de um ponto de vista quando o próprio jornal é parte nesse ponto de vista, o que colide com a isenção e a objectividade que se quer dos jornais.

DIGITALIZAÇÃO NO SECTOR DA COMUNICAÇÃO (RELATÓRIO PRELIMINAR)


A primeira fase de investigação do projecto A digitalização no sector da comunicação: Um desafio europeu encontra-se já sintetizada em relatórios preliminares nacionais. O projecto envolve Portugal - através do CENJOR e do Sindicato dos Jornalistas (SJ) -, Espanha, Chipre, Noruega e Roménia. Com investigação coordenada por Fernando Cascais (CENJOR) e José Luiz Fernandes (SJ), os seus objectivos são a análise dos processos e das consequências da digitalização no sector dos média e a identificação de novas necessidades de formação. Apoiado pelo programa europeu Leonardo da Vinci, o projecto iniciou-se em Outubro de 2005 e termina em Setembro de 2007.

A digitalização implica as tecnologias relacionadas com os conteúdos editoriais trabalhados pelos media tradicionais, como a imprensa, rádio e televisão, e pelas publicações electrónicas on-line. Se conteúdos editoriais significam actividades distintas como jornalismo, entretenimento, publicidade e marketing, o texto agora publicado coloca o conceito conteúdo editorial dentro da esfera da profissão do jornalismo, apesar de a alargar às funções e profissões directamente relacionadas com a produção material das peças jornalísticas.

Logo: conteúdo editorial é qualquer texto, imagem ou som publicados com fins informativos, por agência noticiosa, imprensa, rádio, televisão e outros media electrónicos, como resultado da pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos ou opiniões feitos por jornalistas, dentro dos princípios deontológicos da profissão. Isto engloba funções como editor, repórter, fotojornalista, repórter de imagem de televisão e apresentador, mas também técnicos de litografia, técnicos de sistemas de informação, operadores e regentes de emissão.

Segundo o texto que estou a seguir, a introdução de tecnologias digitais nos media nacionais começou em 1983-1984, com a entrada de computadores nas redacções dos jornais. Já no final da mesma década, todas as redacções dos grandes jornais estavam informatizadas, com uma profunda alteração a nível profissional (os tipógrafos saíam de cena, eles que durante décadas tiveram um grande poder na cadeia de valor da imprensa) e desaparecimento de jornais – entre 1987 e 1993 – como Tempo, Diário de Lisboa, O Diário e Diário Popular, uns nascidos antes da mudança de regime (1974) e outros fruto da democratização, enquanto O Jornal dava origem à newsmagazine Visão. Outros jornais diários eram reprivatizados (A Capital, Jornal de Notícias, Diário de Notícias) enquanto uma rádio (Comercial) seguia o mesmo caminho e apareciam canais privados de televisão (SIC, TVI).


Na segunda metade da década passada, a internet potencia e acelera a digitalização, continua o mesmo texto. Se todos os media criaram projectos autónomos on-line, a sua rentabilidade não foi conseguida. Exceptuaram-se o Diário Digital, o primeiro jornal digital nascido em 1999, e sítios ligados à Media Capital, agregados na marca IOL.

Na televisão, a RTP tem equipamentos digitais desde 1998, renovados por outros em 2002-2003, mas em pouca quantidade dado o investimento elevado, o mesmo sucedendo com a SIC, que suspendeu a adopção total do sistema Newsplex por limitações orçamentais. Na grande imprensa, já está generalizada a integração digital do processo de edição e desenho das publicações e a transmissão electrónica a distância das páginas, permitindo a edição regional. Por seu lado, a TSF disponibiliza emissões em podcast desde o começo deste ano.

Portabilidade e mobilidade são palavras da presente agenda. Em todos os fóruns se fala da substituição da informação em papel pela digital, em ecrãs recarregáveis com informação, o novo papiro. Além disso, com o advento das tecnologias digitais, processa-se a integração de várias funções num só equipamento, o que torna possível a execução por um só operador de funções até aí distribuídas a várias pessoas. Como se escreveu atrás, desapareceu uma parcela da produção gráfica. Por outro lado, em empresas grandes como a RTP, a digitalização terá sido responsável pela redução de quadros, de 2800 para 2000. Mais especificamente, o trabalho dos compositores de texto passou para os jornalistas, os revisores foram substituídos por software de correcção e os maquetistas e paginadores por programas informáticos.

A digitalização traria maior poder aos jornalistas, alargando as suas funções. Com a substituição da máquina de escrever pelo computador, o jornalista passou a assegurar a composição do texto e, com software novo, a edição de fotografia e a paginação, o que eliminou alguns passos na cadeia de produção da actividade. No caso da rádio, os jornalistas passaram a editar sons, através de software instalado. O mesmo aconteceu na televisão, com o jornalista a editar imagens e a enviar imagens por satélite ou videotelefone. Ao alargamento de funções pode corresponder um acréscimo de remunerações, embora haja casos da necessidade de novos investimentos, como com os fotojornalistas, que tiveram de comprar novos equipamentos fotográficos, abandonando os de tecnologia analógica.

Conclusão: as alterações trouxeram o desaparecimento de profissões e o surgimento de outras, com novas oportunidades e novas necessidades de formação, de que se destaca o CENJOR, Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas, com uma vertente mais prática na formação de jornalistas, com adaptação à evolução tecnológica.

O texto aqui referenciado tem ainda um conjunto de anexos, propondo a identificação de mudanças e tendências, diagramas síntese de alterações provocadas pela digitalização e identificação de actividades e competências.

O meu agradecimento a Fernando Cascais, do CENJOR, pelo envio do relatório, permitindo-me actualizar o conhecimento que tinha sobre a matéria.

domingo, 19 de novembro de 2006

PRÉMIO PARA REVISTA OS MEUS LIVROS


Retiro do blogue CD1 Públicos e Audiências (texto de Inês Teixeira-Botelho), a seguinte informação:

  • Nos passados dias 13 e 14 de Novembro, decorreu na Fundação Caloute de Gulbenkian o 2º Congresso de Editores Portugueses [...]. A revista Os Meus Livros [...] foi galardoada com o 2º prémio "Divulgação: Imprensa - Revista". O júri explicou as razões desta atribuição, nas linhas que se seguem: "Lutando contra ventos e marés que condenaram regularmente ao desaparecimento muitas das revistas literárias nascidas nas últimas décadas, trabalhando corajosamente num mercado altamente competitivo e com escassez de leitores regulares quer para os livros quer para a imprensa especializada neles, a revista Os Meus Livros afirmou-se nos últimos anos como um dos pilares da divulgação do trabalho dos escritores e dos editores no nosso País.
O director da publicação é o jornalista João Morales [com quem trabalhei quando eu era director da revista Media XXI e ele o seu editor]. Parabéns, João!

MARIZA, CANTORA DO MUNDO


É, certamente, uma das melhores páginas sobre Mariza, a fadista portuguesa, aquela que aparece hoje num jornal inglês, The Observer. Claro, a razão da página inteira prende-se com o espectáculo que ela vai dar na próxima quarta-feira na magnífica sala do Royal Albert Hall, mas não deixa de ser menos expressivo acerca da popularidade de Mariza.


No texto principal, assinado por Andrew Meldrum, é referida a infância da fadista, vinda de Moçambique com três anos para Portugal (1976) e da sua lenta percepção da importância do fado na vida dela. Na mesma peça noticiosa, é destacada a influência de Amália Rodrigues sobre Mariza, a qual cantou no álbum de estreia (Fado em mim, 2001). Sabe-se do apreço de Mariza por Amália - apresentada no texto de Meldrum como a Edith Piaf de Portugal. Mariza cresceu na Mouraria, ou como diz o texto: "Lisbon's working-class port district, Mouraria, where fado originated in the 19th century". Criança ainda, ouvia os fadistas que actuavam no restaurante dos seus pais, pelo que debutaria aos cinco anos, embora só na adolescência fosse levada a sério. Mas, no seu começo, Mariza começara a cantar música brasileira, jazz, Rolling Stones e Supertramp, entre outros, acompanhando uma banda que actuava num paquete, Foi quando um poeta - o texto não indica quem - a incentivou a cantar fado e em português.

Ora: o que é o fado? É um tipo de canções tristes do Portugal antigo, continua o texto do Observer. Mas Mariza modernizou-o e, sem perder o tom negro das vestes, soube introduzir cor e novidade estética. O que acontece igualmente na música; daí, traduzir uma nova intimidade, dada pelo registo harmonioso da Orquestra Sinfónica de Lisboa, dirigida pelo brasileiro Jacques Morelenbaum. E o convite a mais músicos para a acompanharem no espectáculo de Londres, como o cabo-verdiano Tito Paris e o fadista português Carlos do Carmo.

Mariza - tornada uma estrela de nível mundial ao actuar para uma audiência de 4000 pessoas no Royal Albert Hall - acha que o fado é um meio de comunicação como a CNN, pois pertence a uma mescla de povos, raças e culturas. E salienta a riqueza dessa música triste, que associa jazz, blues e música clássica. Bonito de ler - e de ouvir.

OS MELHORES BLOGUES DE 2006


O blogue Geração Rasca propõe um regulamento para eleger os melhores blogues de 2006: 1) individual feminino, 2) individual masculino, 3) colectivo, 4) temático, 5) blogue, 6) blogueiro. As respostas devem ser endereçadas para o e-mail melhor-blog-2006@hotmail.com, até ao dia 7 de Dezembro.

Espero que André Carvalho e colegas consigam uma boa colheita. Por aqui, ficamos atentos aos resultados.

CASA DOS PATUDOS


A Casa dos Patudos, em Alpiarça, é um espaço de cultura muito distinto. Edificada em 1905-1909, a partir de projecto de Raul Lino para residência de José Relvas, um dos elementos fundadores da República e coleccionador de arte (e também lavrador). Para além da importante colecção de arte - pintura naturalista da transição do século XIX para o XX (casos de José Malhoa, Columbano e Silva Porto), faiança, arte sacra e uma importante biblioteca, Relvas deixou outras ligações, nomeadamente à música, através da fundação da Academia dos Amadores de Música e da Sociedade de Música de Câmara [pormenor: na visita à Casa-Museu dos Patudos, os visitantes usam sapatos de fibra plástica idênticos aos que se empregam nas salas de operação dos hospitais, como forma de preservar a limpeza do espaço; ver a última fotografia] [leitura: Roteiro - Casa dos Patudos, com texto introdutório de M. L. Bartholo, de 1963, em edição de 1982].

José Relvas foi filho de Carlos Relvas, notável fotógrafo - com colecção agora não aberta ao público devido a obras na casa da Golegã.

sábado, 18 de novembro de 2006

ACTIVIDADES

O Goethe-Institut Portugal está a promover um mês da Holanda em cinema digital. A próxima sessão, no dia 22, é o filme Lomax, o caçador de canções, de Rogier Kappers, sobre Alan Lomax, o homem que descobriu Woody Guthrie, Pete Seeger e Muddy Waters entre outros. O ciclo continua no dia 29.

A capa do boletim Ecomuseu (número de Novembro e Dezembro da edição da Câmara Municipal do Seixal) aparece nesta mensagem acompanhada por informações do workshop Faça a sua jóia, hoje e dia 25 na Loja Serralves (contactos pelo telefone 226156591), da festa dos três anos da newsletter rua de baixo e da homenagem a José de Castro, actor nascido em Paço d'Arcos amanhã, nomeadamente com a apresentação da peça O vagabundo do mar, no Clube Desportivo de Paço d'Arcos, à estação ferroviária daquela localidade.




sexta-feira, 17 de novembro de 2006

AINDA A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA OLIVEIRA (GUIMARÃES)


No passado dia
13, escrevi sobre a igreja de Nossa Senhora de Oliveira (Guimarães), a propósito da dissertação de licenciatura de Maria Miguel Pereira.

Agora, retirei do blogue
On how I fought in the Easter Rising, e com autorização dos seus autores, uma fotografia da belíssima praça de Guimarães onde está implantado o referido templo religioso.

CINE GUIA


Coordenado (conteúdos) por Miguel Lourenço Pereira, já está à venda o livro intitulado Cine Guia, edição de 2007, um repositório de todos os filmes em DVD. No total, são mais de sete mil títulos em apresentação.


Diz Miguel Lourenço Pereira, também blogueiro em
Hollywood, que o "público português deve saber o que existe no mercado nacional", pois isso ajuda a combater a pirataria. Para o coordenador da obra agora lançada, o Cine Guia surge com a intenção de aproximar o público do cinema, seja em casa ou na sala.

O livro tem 16 secções com vinte filmes essenciais por género (e mais dez cuja edição, no nosso país, é recomendada). As 16 secções são: acção e aventura, animação/anime, cinema de autor (Europa), cinema de autor (Estados Unidos), cinema português, comédia, drama, erótico, fantástico, ficção científica, guerra, musical, policial, séries de televisão, suspense e western. Cada filme tem uma classificação: três estrelas quer dizer indispensável, duas estrelas é recomendável e uma estrela fica ao critério de gosto do leitor/espectador.

Mário Dorminsky assina o prefácio. Diz o organizador do Fantasporto que o preço médio de um DVD em Portugal oscila entre 20 e 25 euros, bem que custa de 15 a 18 euros na vizinha Espanha. Mais: 50% dos DVDs vendidos não são filmes mas musicais.

Cine Guia vai ser apresentado no próximo dia 20 de Novembro, na Fnac do GaiaShopping, pelas 10:00.

O meu obrigado ao editor (Dinalivro) e ao coordenador da edição, Pedro Garcia Rosado, pela oferta de exemplar do livro.

UM BLOGUE EM REPOUSO TEMPORÁRIO?

Graham Barnfield, o autor do prestigiado blogue The Loneliest Jukebox, deixou uma mensagem esta semana a dizer que parava a escrita no seu sítio até novas notícias. Graham Barnfield escreveu nomeadamente um capitulo do livro Reality TV: how real is real? Escrevi aqui uma pequena história sobre ele, pois recorreu ao Google para traduzir um meu texto em português sobre esse livro, ficando o inglês um mimo (risos).

Espero que Barnfield regresse em pleno proximamente.

COMUNICAÇÃO E RECEPÇÃO: O PÚBLICO FACE AOS MEDIA


Nos próximos dias 22 e 23, realizam-se na Universidade da Beira Interior as jornadas internacionais com o título acima indicado. Para saber mais pormenores, ver aqui. Retiro do programa:

  • Os estudos sobre recepção têm uma larga presença no universo das Ciências da Comunicação. Com uma tradição teórica e empírica muito sólida aonde se vislumbram alguns dos melhores trabalhos levados a efeito nesta área disciplinar, tais estudos são um espaço de convergência de elementos teóricos relativos a Retórica, aos processos de deliberação politica, à análise de públicos e audiências além dos saberes técnicos do Jornalismo e da Publicidade relacionados com a persuasão e a sedução.

A SOCIEDADE MCDONALDIZADA (2)


[continuação da mensagem de 9 de Novembro]

Debord

Comenta Ritzer que, no livro A sociedade do espectáculo, Guy Debord escreve: "o espectáculo é o produto principal da sociedade no seu dia-a-dia". E, como Ritzer, associa o espectáculo aos bens (produtos e serviços) a vender. Isto é, os bens e os espectáculos dominam não apenas a economia mas também a sociedade. Em última instância, Debord via a emergência de uma sociedade do espectáculo, onde os bens se contemplam num mundo feito por eles mesmos.

Ora, o que nos diz Debord? Desde os anos 1950, Debord produziu críticas radicais da vida na sociedade moderna, sobre o imperialismo cultural e o papel da mediação nas relações sociais. Devido aos processos de radicalização francesa de Maio de 1968, envolveu-se muito na Internacional Situacionista. A partir de 1952, os seus filmes seriam considerados as primeiras tentativas do uso radical do meio. Mais importante, todavia, foi o conceito da "construção da situação" no contexto do significado do discurso artístico. A partir dos anos de 1970, Debord passou a viver em reclusão.

Do livro A sociedade do espectáculo extraem-se os seguintes pontos: "1 – Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se esvai na fumaça da representação". "4 – O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens". "11 – Para descrever o espectáculo, a sua formação, as suas funções e as forças que tendem para sua dissolução, é preciso distinguir os seus elementos artificialmente inseparáveis. Ao analisar o espectáculo, fala-se em certa medida a própria linguagem do espectacular, no sentido de que se pisa no terreno metodológico desta sociedade que se exprime no espectáculo. Mas o espectáculo não significa outra coisa senão o sentido da prática total da formação económico-social, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém". "14 – A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente espectacular, ela é fundamentalmente espectaculista. No espectáculo, imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espectáculo não quer chegar a outra coisa senão a si próprio". "44 – O espectáculo é uma permanente guerra do ópio para confundir bem com mercadoria; satisfação com sobrevivência, regulando tudo segundo as suas próprias leis. Se o consumo da sobrevivência é algo que deve crescer sempre, é porque a privação nunca deve ser contida. E se ele não é contido, nem estancado, é porque ele não está para além da privação, é a própria privação enriquecida".

No seu texto A sociedade do espectáculo, Debord distinguira duas formas do poder espectacular, rivais e sucedendo-se uma à outra. Pela primeira, designada concentrada, favorecia-se a ideologia condensada à volta de uma personalidade ditatorial, acompanhada por uma contra-revolução totalitarista, fascista ou estalinista. Pela forma difusa de poder, levavam-se os assalariados a aplicarem a sua liberdade de escolha no âmbito alargado de novos bens [commodities] em oferta. Esta representava a americanização do mundo, processo que seduziria melhor ou pior muitos países e onde se mantinham formas tradicionais de democracia burguesa. Seguidamente, estabeleceu-se uma terceira forma, uma combinação racional das duas, o espectáculo integrado, que se impôs globalmente. Aplicado ao governo – o governo espectacular –, possui os meios necessários para falsificar a produção e percepção. É o mestre absoluto das memórias, que reina sem ser avaliado e executa sumariamente os seus julgamentos.

Tudo aparece numa singeleza carnavalesca, escreve Debord. Generaliza-se o desaparecimento da capacidade real: um financeiro pode ser um cantor, um advogado um espião, um padeiro pode falar dos seus gostos literários, um actor pode ser presidente. Qualquer pessoa pode juntar-se ao espectáculo, publicá-lo ou adaptá-lo, ou praticá-lo. Como o "estatuto dos media" adquiriu muito mais importância que o valor de qualquer coisa toda a gente é capaz de fazer o que quiser, tem o mesmo direito e o estatuto de estrela.

A sociedade, cuja modernidade atingiu uma etapa de espectáculo integrado caracteriza-se pelo efeito combinado de cinco factores principais: renovação tecnológica incessante, integração do Estado e da economia, segredo geral, mentiras não respondidas, eterno presente. As mentiras não respondidas conseguiram eliminar a opinião pública, a qual perdeu a possibilidade de se fazer ouvir e rapidamente se dissolveu. Isto tem consequências significativas para a política, ciências aplicadas, sistema jurídico, artes.


A manufactura do presente - em que a moda é um em si, das roupas à música - chega a uma paragem, a qual quer esquecer o passado, sem parecer acreditar num futuro. Ela acha-se numa circularidade incessante de informação, voltando sempre à pequena lista de prioridades, proclamada apaixonadamente pelas maiores descobertas. Ao mesmo tempo, raramente surgem notícias do que acontece e muda de importante.

[continua]

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

ÓSCAR MASCARENHAS EM COLÓQUIO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA

No dia 23 de Novembro (quinta-feira), pelas 18:30, no Auditório 3 da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica, Óscar Mascarenhas, antigo presidente do Sindicato dos Jornalistas, falará sobre jornalismo e justiça em Portugal. O jornalista comentará nomeadamente a polémica relacionada com o caso "envelope 9".

SÍNTESE DO SEMINÁRIO DO CIMJ


Isabel Ferin (1) foi a oradora encarregada de apresentar uma síntese dos trabalhos do seminário internacional do CIMJ (13 e 14 de Novembro). Para além do balanço do projecto que deu o nome ao seminário (Jornalismo e Actos de Democracia), ela destacou a conferência de abertura como sendo um dos pontos altos, pelas comunicações de três conferencistas, de uma grande diversidade de perspectivas.

Apesar do seu longuíssimo percurso académico, Doris Graber trouxe uma perspectiva nova, cognitivista, aquisição que os investigadores portugueses precisam de registar, dada a potencial aplicação em estudos de audiência e recepção. Já Kees Brants deu uma visão do cinismo do jornalismo na política e na relação entre ambas as áreas. Os jornalistas não são cínicos em si, considerou, mas existe uma conjuntura que se reflecte na comunicação política e no jornalismo político e leva a essa forma contextual de intervenção. João Pissarra Esteves, de um ângulo distinto, olhou o contributo das novas tecnologias para o aprofundamento da democracia. José Pacheco Pereira, comentador deste painel, levantou a natureza da cumplicidade entre jornalistas e política, difícil de destrinçar, e que faz com que comunicação política e jornalismo vivam um do outro. Para os estudantes presentes, foi útil haver essa percepção de cumplicidade e de partilha, disse Isabel Ferin.

Na segunda sessão, Estrela Serrano e Fermín Galindo apresentaram trabalhos sobre campanhas eleitorais. A primeira analisou o Diário de Notícias e a RTP1 e a evolução da cobertura das eleições em Portugal desde 1976, onde se notam grandes mudanças quer no aspecto do espectro mediático (canais comerciais) quer nas novas tecnologias. Tal condiciona o jornalismo de imprensa e televisivo, levando a retirar, assim, parâmetros sobre a evolução da cobertura das eleições em Portugal. Por outro lado, isso comprova a necessidade de estudos extensivos para aferir as mudanças que os ciclos políticos envolvem. As eleições em Galindo foram analisadas no prisma das sondagens e do condicionamento das eleições, e do modo como a política partidária está condicionada pelas sondagens que, em Espanha, não têm aferido correctamente o sentido de voto nas eleições mais recentes. Os comentários feitos por André Freire e José Manuel Fernandes ampliaram a ideia da mudança. Para o director do Público, há uma grande mudança desde 1976, como a questão dos directos, o custo de fazer jornalismo e a preparação dos jornalistas, tendo como pano de fundo a evolução das tecnologias na cobertura jornalística. André Freire fez um desafio: é necessário um maior conhecimento das sondagens, concluindo da importância de inter-relação entre estudos das ciências da comunicação e da sociologia política.

A sessão da tarde do dia inaugural foi dedicada a analisar a cobertura dos congressos partidários. Rogério Santos apresentou os resultados da análise dos congressos partidários a partir de 1994 (integrado no projecto Jornalismo e Actos de Democracia). Um dado a realçar é a conjugação da cobertura das primeiras páginas dos congressos com finais de mandato (tema que Isabel Ferin analisaria no dia seguinte) - há cerca de 65% de primeiras páginas (Diário de Notícias, Público, Expresso e Visão) quanto a comunicação política. Pergunta: o que fica nas primeiras páginas nestes momentos, para além da comunicação política? Outro assunto visto foi procurar saber que relação existe entre agenda política e notícias saídas nos media. Sabe-se que muita informação circula nos bastidores mas não aparece nas primeiras páginas, o que poderá ser útil para outras investigações. James Stanyer ressalvou a ideia de que os políticos agendam os congressos partidários para os media, ficando as grandes discussões restritas a poucas pessoas, longe das câmaras e numa perspectiva de reserva. Existe a ideia de um espectáculo para cativar o público, nomeadamente os direitos de antena, e a grande política a ficar nos bastidores. Ricardo Jorge Pinto, como comentador, apontou a interdependência do que é feito para os media e do que os media passam depois, reflectindo o grande show montado pelos partidos. O comentarista entende haver diferentes níveis de passar a mensagem, pelo que indagou qual o nível em que Portugal está, dado ainda não ter o desenvolvimento político e os dispositivos tecnológicos de mediatização do Reino Unido, por exemplo.

No dia 14, houve duas sessões sobre o projecto Jornalismo e Actos de Democracia, a primeira sobre finais de mandato (legislativas), cabendo a Isabel Ferin a sua apresentação. Esta investigadora analisou um final de mandato (Cavaco Silva) e dois falsos finais de mandato (António Guterres e Santana Lopes), procurando saber se estes diferentes finais de mandato tiveram ou não coberturas idênticas. Embora uma conclusão inicial apontasse para maior cobertura negativa em torno do final de mandato de Cavaco Silva e um enorme volume de peças durante os oito meses de mandato de Santana Lopes, a ideia final indica não ter havido uma tendência generalizada de cobertura negativa nos finais de mandato. Por seu lado, Albino Rubim fez uma análise das eleições e reeleições brasileiras de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Lula da Silva. Ele mostrou que Lula ganhara as eleições contra a imprensa e FHC com a imprensa a favor. Como comentador, Adelino Gomes destacou a existência de dois mundos diferentes no Brasil: um desenvolvido e outro subdesenvolvido e corrupto.

Rita Figueiras fez uma comunicação também dentro do projecto Jornalismo e Actos de Democracia, versando sobre os líderes de opinião e a condição de género nos líderes, universo dominado pelos homens, políticos, jornalistas e académicos, onde as mulheres têm dificuldade em se manter, oriundas do jornalismo. Isabel Ferin destacou a importância do tema e a qualidade da mesa, reunindo duas pessoas jovens e já com um percurso importante traçado: Rita Figueiras e Pedro Magalhães, este a comentar [ver vídeos de mensagem anterior].

Para além das sessões plenárias, houve, nos dois dias de seminário, sessões livres.

O projecto vai avançar com a publicação dos textos dos conferencistas internacionais em próximo número da revista Media & Jornalismo, publicando-se em livro as comunicações em torno do projecto Jornalismo e Actos de Democracia.

(1) A partir de resumo apresentado por Isabel Ferin (Universidade de Coimbra), editado com base na comissão de síntese formada por docentes e alunos da Universidade Católica.