domingo, 30 de setembro de 2007

RAFAEL BORDALO PINHEIRO


Rafael Bordalo Pinheiro. O Português Tal e Qual, de José-Augusto França, é um livro sobre a vida e obra daquele desenhador, caricaturista, ceramista, jornalista e pensador (1846-1905). Serve ainda para percebermos a história política e social de Portugal (e mais especialmente Lisboa) do final do século XIX. Tem mais de 70 páginas de trabalhos – reflexões em desenho –, feitas com o humor mordaz de Bordalo Pinheiro, num total de 350 páginas.

[informações fornecidas pelo editor, Livros Horizonte]

SÍTIO SOBRE ARTE


Diz Wilton Renato Pedroso (Wiltão) que possui o "maior acervo de arte contemporânea da internet" no seu sítio Artistas Visuais. Não tenho como prová-lo, mas vale a pena espreitar.

Escreve ele: "Por que hoje ninguém mais consegue entender a arte?A arte perdeu o sentido ou ela se especializou tanto que nem mais quem estuda arte consegue entender a arte?". Confrontar aqui.

sábado, 29 de setembro de 2007

ECONOMIA DA CULTURA

  • a produção cultural alterou-se, tal como a natureza da cultura e o papel do Estado. Os antigos meios de gerir a cultura já não se aplicam; precisamos de novos. [...] A política tem de ir para além do instrumentalismo, ou dos simples subsídios, é necessária uma abordagem política inteligente e matizada (Andy C. Pratt, "O estado da economia cultural: o crescimento da economia e os desafios da definição de uma política cultural", In Homi K. Bhabha et al. (2007) A urgência da teoria. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, p. 215).
A imprensa de hoje traz duas peças que contribuem para a discussão da economia da cultura. Uma resulta da conversa da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, com jornalistas do Expresso (Nuno Saraiva, Cândida Pinto e Luciana Leiderfarb). A peça ocupa uma página inteira, mas a grande ironia como o texto foi construido deixa uma imagem não muito agradável da ministra. Sobre os "casos" Paolo Pinamonti e Dalila Rodrigues, afastados respectivamente do Teatro Nacional de São Carlos e do Museu Nacional de Arte Antiga, o artigo dá conta da irritação da ministra. O mesmo quando ela encara a hipótese de saída de Mega Ferreira, se este se não entender com Joe Berardo, e do custo do pólo lisboeta do Museu Hermitage de São Petersburgo. O colar de contas de vidro que trazia partiu-se, depois de tanto o apertar. Com uma auto-avaliação muito positiva da sua acção como ministra, ela quer ainda concretizar, nomeadamente, a construção da segunda torre da Biblioteca Nacional, a abertura do Museu Mar da Língua e o lançamento do Museu de Etnologia do Porto. Neste espaço, já mostrei a minha tristeza e indignação pela saída do Museu de Arte Popular e sua transformação num museu de ecrãs. Mas também a minha estranheza pelo lançamento do Museu de Etnologia do Porto. Lembro que escrevi o seguinte a 27 de Novembro de 2006:

  • Primeiro, num ano de rigor financeiro, a promessa de tantos projectos novos é possivelmente exagerada - ou há processos que vêm de trás e, logo, existe continuidade de investimento. Ainda dentro deste primeiro ponto, confesso que fiquei perplexo ao ler que ia haver um novo museu no Palácio de São Novo no Porto. Ele já existe há dezenas de anos, pois o frequentei amiudes vezes quando era adolescente. O que aconteceu foi o seu fecho devido a problemas de segurança (humidade, entre outras coisas).
O segundo texto foi o de José Pacheco Pereira sobre cultura europeia, a propósito da reunião em Lisboa do Fórum Cultural para a Europa. Diz ele que a definição da política da UE para a cultura resulta num modelo muito dependente do Estado, com peso significativo de redes de casas de cultura, animadores, agentes, produtores, artistas, e com uma versão liofilizada politicamente. O articulista entende que estas ideias correspondem ao modelo (francês) Malraux-Lang e não a um mais eficaz e independente modelo anglo-saxónico (falha: não indicou nomes actuantes como no outro modelo). Muito lúcido, como na grande parte da sua produção intelectual, creio que este artigo de Pacheco Pereira é injusto para com a economia da cultura, pelo menos quando se lê a literatura recente sobre a matéria. No texto, apontam-se a França e a Espanha (e também a Bélgica e Portugal) como países intervencionistas, mas não se refere ao conceito de excepção cultural (que comentei em 27 de Agosto de 2004) nem dá qualquer relevância ao modelo menos intervencionista, que será o seu modelo.

Os textos (ou as questões) acima referidos(as) perdem espessura quando os comparo com a conferência de Andy C. Pratt, dada na Gulbenkian em
27 de Maio de 2007 e agora editada no livro A urgência da teoria. Pratt, que associa economia e cultura, entende que esta relação se alterou, pelo que o domínio da política pública tem de mudar. O autor escreve sobre indústrias culturais e criativas, talvez o texto mais importante sobre a matéria este ano publicado. Se tradicionalmente a cultura esteve na agenda dos Estados, regida por um conjunto de regulamentos, Pratt aponta as mudanças presentes em três vertentes: cultura, criação da cultura e governância da cultura, com um enfoque nas actividades de produção, distribuição e consumo. Ele distingue as artes das outras actividades económicas. Por exemplo, "o desempenho de um quarteto de cordas não pode alcançar ganhos em termos de eficiência com a poupança de tempo ou de trabalho; o custo da mão-de-obra, contudo, aumenta" (p. 197). A isto chama a Doença de Baumol: ao longo dos anos, o quarteto de cordas precisa do mesmo tempo para ensaiar e tocar uma peça; não há qualquer melhoria de eficiência que altere esse tempo, pois não se pode introduzir uma outra rotina ou máquina que viabilize uma execução mais rápida. O que torna tal actividade menos económica e necessite de subsídio. O refazer as indústria culturais significa compreender que elas são: 1) dominadas por grandes empresas multinacionais, com a dependência de pequeníssimas ou micro-empresas, 2) com processos de trabalho em permanente alteração, o que conduz a reciclagem e evolução e a um formato económico baseado no projecto e na equipa existente para fazer esse projecto e desaparecer após a sua conclusão, e 3) cuja rotatividade (novidade, moda) implica incerteza sobre o sucesso desses produtos de circulação curta em termos de tempo. Importância do design, da cultura e das linguagens da arte, necessidade de preparação de indivíduos que dialoguem entre o Estado e a cultura (criação de um terceiro sector de organizações) e compreensão da inevitável e desejável mudança do quadro laboral de trabalhadores precários ou freelancers - são alguns temas que Andy C. Pratt se propõe continuar a investigar.

Com este texto, verifica-se quão distantes estão os pensamentos de Isabel Pires de Lima e José Pacheco Pereira, ambos com preocupações de Estado, mesmo que digam o contrário. O olhar a cultura e a sua economia apenas em termos dos grandes projectos (posição da ministra) ou do grande irmão que é a política cultural do conjunto de Estados da UE (posição do historiador e antigo deputado europeu) precisa de discussão.

POSTAIS DE BERLIM - 8


Há uma relação magnífica dos berlinenses com o rio (Spree) e o jardim (Tiergarten).

Pode dizer-se que a história da cidade nasceu com o desenvolvimento das povoações de Berlim e Cölln, nas margens opostas do Spree, junto ao que é hoje o Nikolaiviertel, actualmente com ruas estreitas, réplicas de edifícios antigos históricos e com restaurantes, cafés e bares. Cölln aparece documentada em 1237 e a sua povoação gémea Berlim em 1244. De traça inicial gótica e renascentista, a construção do palácio dos eleitores do Brandeburgo e a sua conversão posterior em palácio imperial - o Stadtschloss - alteraram a fisionomia inicial. O próprio palácio seria arrasado em 1950, mas sobreviveram alguns edifícios como a catedral (Berliner Dom) e os museus, que dão o nome à ilha. O passeio de barco ao longo do rio é uma das actividades a recomendar numa visita à cidade.

Também o Tiergarten faz parte do roteiro habitual de quem se desloca a Berlim. Antiga coutada de caça, o Tiergarten transformou-se em parque no século XVIII.



sexta-feira, 28 de setembro de 2007

a urgência da teoria


Foi lançado hoje ao fim da tarde o volume a urgência do mundo, resultado das conferências de o estado do mundo, uma das iniciativas dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, com António Pinto Ribeiro como programador. Com apresentação de Isabel Gil, da Universidade Católica, o livro contém as conferências de Homi K. Bhabha, Andy C. Pratt, Antonio Cicero, Bernard Stiegler, Danièle Cohn, Daniel Miller, Filipe Duarte Santos, Marc Ferro, Medhi Belhaj Kacem, Miguel Vale de Almeida, Paul D. Miller, Paul Gilroy e Pedro Magalhães. Observe-se que o livro já tem uma tradução em inglês, o que significa uma ampla divulgação mundial das conferências. Os vídeos reproduzem parcelas das palavras iniciais de Rui Vilar, presidente da Gulbenkian, e da apresentação do livro por Isabel Gil.

ODÍLIA


Lançamento do livro de Patrícia Portela, Odília ou a história das musas confusas do cérebro, no Centro Nacional da Cultura, em 2 de Outubro, às 18:30. Ana Pais apresenta a obra.

ESPECTÁCULOS


De 2 a 6 de Outubro será apresentado em Lisboa, no Hospital Miguel Bombarda e no Teatro da Politécnica, o resultado final do projecto de colaboração internacional Lugares Imaginários. Cinco espectáculos (4 itinerarios y otras fotos, La grammaire d’ENOS, Yesterday’s Man, FAQ (Frequently Asked Questions) e In Memory of Coming). No dia 4 de Outubro realizar-se-á uma palestra de entrada livre com o arquitecto Tony Chakar no Goethe-Institut sobre o estatuto do espaço público nas cidades contemporâneas (informações da organização).

Lisboa é uma das cinco cidades por onde circulam os cinco espectáculos promovidos por alkantara, L’animal a l’esquena, Bunker, Carovana e L’Officina. O arranque deu-se a 20 e 21 de Setembro em Girona (Espanha), seguindo-se Marselha (25 a 29 de Setembro), agora Lisboa, e prossegue em 11 e 12 de Outubro em Cagliari (Itália/Sardenha) e 18 a 20 de Outubro em Ljubjlana (Eslovénia).



BLOGUES


Cristina Fernandes, como escreve nesta mensagem do blogue Dias Felizes, "ausentou-se" por uns tempos, deixando a Rui Manuel Amaral a tarefa da escrita. Justifica-se assim: "Digamos assim: ganhei uma bolsa de uma obscura instituição marinha para estudar (lá fora muito longe no fundo do mar) os disfarces dos polvos e outros bichos do género dissimulado — assunto que me interessa bastante" (mensagem do dia 21 deste mês, faz agora uma semana).

Antes fora o blogue
Janela Indiscreta, desaparecido no ido ano de 2004 (como o tempo passa).

Gosto de ler a sua escrita, pela envolvência cinematográfica, literária e das artes plásticas.

HISTÓRIAS EM QUAD[RAD]INHOS


A História - Imagem e narrativas é uma publicação online brasileira de inegável interesse científico. O número mais recente é dedicado à redescoberta dos quadrinhos em tempos de mídia planetária. Aconselho, por exemplo, a ler A atualidade das histórias em quadrinhos no Brasil:a busca de um novo público, de Waldomiro Vergueiro.

IMPRENSA - 3


Nos dados da APCT relativos ao primeiro semestre de 2007, há uma súbida de circulação nos jornais diários Correio da Manhã (mais de 115 mil exemplares) e Diário de Notícias (que chega a quase 37 mil). Apesar de uma quebra no jornal Público durante todo o período, regista-se uma recuperação após a reformulação de Fevereiro (mais de 45 mil em Junho).

IMPRENSA - 2


O último número do semanário Tal & Qual sai hoje. Pertencente ao grupo de media Controlinveste, a razão prende-se, segundo comunicado da administração do grupo, com um "reestruturação do portfólio de títulos [...], iniciada com a reformulação das principais publicações do grupo, a que se juntou o sucesso do recente lançamento do diário [gratuito] Global Notícias". O jornal tinha quase três décadas de existência, actualmente com uma média de circulação paga de menos de 10 mil exemplares. O semanário ficou conhecido pelo seu tom de notícias sensacionalistas, numa época em que esse estilo não era tão abrangente como nos anos posteriores.

IMPRENSA - 1


Saiu esta semana a Timout, a revista semanal sobre espectáculos e actividades culturais e de lazer fora de casa, em Lisboa. Lê-se: "Sem suspirar pela vida das outras capitais e sem saudades do tempo em que havia menos carros na rua. Gente que se orgulha por poder ir a uma estreia de teatro, assistir a um grande concerto, ver uma exposição, descobrir uma tasca castiça ou a melhor discoteca do momento".

A revista, que custa €2 e tem 106 páginas, tem as seguintes secções: Na Cidade, Arte, Livros, Filmes, Miúdos, Palco, Música, Gay, Noite, Comer & Beber, Compras, Em Forma, Televisão. Nas Compras, há o convite às noites no antiquário, ou seja, ir à rua de São Bento, a rua do país com mais antiquários. Em especial entre quintas-feiras e sábados.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

BOLSA DE EMPREGO - 2


A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa aceita candidaturas, durante 5 (cinco) dias úteis [a partir de hoje], para recrutar um docente convidado/conferencista para a disciplina de PRÁTICAS WEB, do curso de Mestrado de Novos Media e Práticas Web, com o seguinte perfil:

a) doutorado ou mestre na área;
b) com domínio em: teoria e práticas de processamento e integração de imagem e som; ferramentas multimédia para a rede; concepção/gestão de um Website; bases de dados; Web social e participativa e interactividade.

As candidaturas acompanhadas de curriculum vitae detalhado, fotocópias do Bilhete de Identidade e do documento comprovativo de habilitações, deverão ser dirigidas ao cuidado do Prof. Doutor Francisco Rui Cádima, enviadas pelo correio com aviso de recepção ou entregues pessoalmente no Departamento deCiências da Comunicação, Av. de Berna, 26 C, 1069-061 Lisboa até dia 4 de Outubro p.f.

Em igualdade de circunstâncias, será dada preferência a candidatos portadores de deficiência, nos termos do D. L. nº 29/2001, de 3 de Fevereiro.

BOLSA DE EMPREGO - 1


Empresa de serviços e conteúdos na área da Comunicação pretende reforçar o Departamento de Marketing, procurando potenciais candidatos a Designer/Webdesigner com o perfil a seguir traçado:

Função: desenvolver toda a imagem corporativa, campanhas gráficas de eventos, área de multimedia, criação de páginas Web, controlo de sites e desenvolvimento de conteúdos digitais do tipo CD-Rom.

Perfil do candidato: frequência de curso superior ou formação equivalente na área de Design ou Novas Tecnologias da Comunicação, multimedia, com talento e criatividade. Sólidas noções de design web, usabilidade e acessibilidade. Domínio das aplicações Adobe e Macromedia, nomeadamente Photoshop, Fireworks, Flash.

Disponibilidade imediata.

Envio de currículo/portfolio (em PDF) para o email bolsadeemprego@2send.net.

ESTUDO DAS AUDIÊNCIAS SEGUNDO ALASUUTARI


Pertti Alasuutari (1999) fala em três gerações de estudos de recepção (audiência) e etnografias de audiência. Refere igualmente a riqueza da investigação nesta área [imagem do autor retirada do sítio da Universidade de Tampere, na Finlândia].

A primeira geração remonta ao trabalho de Stuart Hall (1974), Encoding and Decoding in the Television Discourse. A investigação em media studies associa-se, desde o começo, ao Birmingham Centre (CCCS), mas também ao paradigma dos usos e gratificações e à crítica literária alemã dos anos 1960. Os media studies ingleses integram-se nos cultural studies.

O modelo de Hall não é muito diferente do de Shannon e Weaver (teoria da informação). Mas introduz a ideia que uma mensagem codificada por um programador de televisão pode ser descodificada diferentemente pelos receptores. Não é o grande salto, mas distinguem-se valores diferentes na codificação e interpretação, na perspectiva semiótica. Hall fala em três tipos [Alasuutari descreve quatro]: 1) dominante-hegemónico, em que a codificação é aceite em termos de significado preferido, 2) negociado, onde o receptor aceita/adopta e rejeita alguns elementos da mensagem, 3) oposicional, em que o receptor compreende o sentido denotativo mas interpreta-o ao contrário (rejeita-o totalmente). O esquema de Hall foi aplicado ao estudo da recepção de programas de televisão, nomeadamente um desenvolvido pelo britânico David Morley (The Nationwide Audience, 1980).

A segunda geração trabalha com o modelo da etnografia da audiência. Houve uma mudança de paradigma, em especial a de género, pois a entrada de mulheres na investigação levou ao interesse em programas de ficção, caso das séries românticas como as telenovelas. Se isso aconteceu no Reino Unido, podemos dizer o mesmo em Portugal, com Isabel Ferin (Universidade de Coimbra) como a maior representante. Olhava-se a recepção dos programas dentro da ideia de comunidade interpretativa (John Fiske, em texto de 1979). Estuda-se o quotidiano de um grupo (social; vizinhos, família) e o uso que fazem dos programas e da televisão. A análise etnográfica é assente em entrevistas em profundidade com um grupo de pessoas.

A terceira geração sitia-se na década de 1980, e tem autores como Ien Ang e Lawrence Grossberg. Critica-se o conceito audiência enquanto construção discursiva produzida por um olhar analítico específico. Mas também se critica a etnografia. A pergunta é: quais os interesses culturais à volta do uso dos media e das mensagens nos media. Há um aumento da reflexividade e um peso maior na sociologia face à psicologia social. Desconfia-se da ideia do receptor activo, do consumidor resistente. A cultura de massa fixara a ideia da legitimidade do consumo cultural. Muda-se da esfera estética para a esfera política. Trata-se de um modelo politizado. Mas com pontos que merecem reflexão profunda. Por exemplo, se se entrevista alguém sobre consumos de televisão, há uma resposta politicamente correcta – vê-se programas informativos e raramente se vê telenovelas ou outros programas de ficção. Omite-se o que as estatísticas indicam para “mostrar” cultura. É a ideia de hierarquia moral da programação, que esconde o voyeurismo.

Alasuutari conclui o seu texto caracterizando os discursos em volta dos media, uso dos media e audiências como formando um círculo à volta da intersecção da vida quotidiana, política e pesquisa dos media. Por exemplo, os profissionais da televisão – jornalistas, produtores, realizadores – têm a sua imagem construída do que é a audiência, muitas vezes a partir de construções como os indicadores de audiência média. Tal discurso sobre audiência torna-se parte do conhecimento comum, o que afecta as noções sobre os media e o seu uso.

Leitura: Pertti Alasuutari (1999). "The shape of audience research". In Pertti Alasuutari (ed.) Rethinking the Media Audience. Londres, Thousand Oaks e Nova Deli: Sage

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

METODOLOGIAS

Para ver aqui (autora: Catarina Duff Burnay)

PRÉMIOS GAZETA 2006 DO CLUBE DE JORNALISTAS


Ontem à noite, foram entregues os Prémios Gazeta 2006 do Clube de Jornalistas, em cerimónia presidida pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, acompanhado pelo ministro dos Assuntos Parlamentares.


O Grande Prémio Gazeta foi atribuído a Jacinto Godinho, jornalista da RTP e docente universitário (ver vídeo). Brevemente, Jacinto Godinho editará a primeira parte da sua tese de doutoramento. O Prémio Gazeta Revelação pertence a João Pacheco, 26 anos, jornalista em regime de trabalho precário - como fez questão de frisar na cerimónia. O Prémio Gazeta de Mérito foi dado a Manuel António Pina, sempre ligado ao Jornal de Notícias (Porto), prémio recebido pela sua filha Sara Pina. Finalmente, o Prémio Gazeta Imprensa Regional foi atribuído à revista Mais Alentejo (Beja), dirigida por António Sancho e actualmente com 116 páginas e 15 mil exemplares.

No começo da cerimónia, o Presidente do Clube dos Jornalistas, Mário Zambujal, fizera a apresentação dos objectivos dos prémios e falara da actividade do clube.


POSTAIS DE BERLIM - 7


A Siegessaüle (Coluna Triunfal) foi contruída após a guerra entre a Prússia e a Dinamarca (1864), com desenho de Johann Heinrich Strack. Depois das guerras da Prússia contra a Áustria e a França acrescentou-se a figura dourada de Friedrich Drake, a Goldelse ou Vitória, com asas de anjo.

Do topo, avista-se grande parte da cidade, como o Tiergarten (jardim).

terça-feira, 25 de setembro de 2007

TESE DE DOUTORAMENTO DE RITA FIGUEIRAS


Rita Figueiras defendeu hoje a sua tese de doutoramento, com o título Os Comentadores e o Comentário Político na Imprensa de Referência Portuguesa, na Universidade Católica Portuguesa, tendo sido classificada com a nota máxima. Igualmente se edita uma parcela da arguência do Prof. Pedro Magalhães (ICS) (imagens de Inês Espada Vieira).

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SAPATOS - DOS CROCS AOS MODELOS DE LUXO


Da última vez que escrevi uma mensagem sobre sapatos, no dia 4 de Setembro (sobre uma exposição no Museu Nacional do Traje), estava a pensar em modelos mais antigos ou mais recentes - e que poderiam ampliar a panóplia de estéticas e design da mostra.

Por esses dias, o jornal Público, mais propriamente a 30 de Agosto, trazia um artigo sobre Crocs, a nova tendência de calçado (Joana Amaral Cardoso).
São a mania deste ano, escreveu a jornalista. O sucesso das Crocs terá começado há quatro anos, ainda entre pessoal de hospitais enquanto alternativa aos sapatos de uso diário. Na série Anatomia de Grey, os modelos Crocs foram popularizados, a que se juntou o colorido desse calçado, o seu peso muito leve e o conforto. Assim como o seu licenciamento: há, por exemplo, Crocs da Disney e do Homem Aranha.

Mas a jornalista falaria também dos chinelos Havaianas: ainda ontem vi um homem de fato e de havaianas calçadas nos pés. Isto para além das sapatilhas (ténis) All Star e do Birkenstock, sapato alemão que nos faz lembrar sandálias e calçado ortopédico.



Hoje, o Diário de Notícias (Ilídia Pinho) destaca os sapatos de luxo portugueses, elemento importante na nossa indústria e que "estão a evoluir na cadeia de valor". Como não se pode concorrer com a China na gama mais baixa (o preço médio é de € 2,22 na China contra € 16,2 em Portugal). Assim, a aposta nacional nos segmentos médio-alto ou alto (€ 200 a 300), em que os aspectos mais destacados são design e moda. A feira de Milão, o Micam, que agora encerrou, seria um local de destaque da indústria nacional.

domingo, 23 de setembro de 2007

STEVE JOBS


Cerimónia de graduação na Universidade de Stanford, em 2005 (a partir de gnuisnotunix, legendado em castelhano). Steve Jobs é presidente executivo da Apple e da Pixar Animation.

CINEMA EM TERESA MENDES FLORES


Cinema e experiência moderna, de Teresa Mendes Flores, foi inicialmente uma tese de mestrado. Docente na Escola Superior de Comunicação Social e bolseira de doutoramento, a autora abarca duas ideias centrais: a imagem-movimento de Deleuze e o impacto filosófico e antropológico do filme de Dziga Vertov, O homem da câmara de filmar (1929).

Os inventores do cinema tiveram uma preocupação científica central, a da análise do movimento. Logo depois, o cinematógrafo viria tornar banal qualquer assunto ou tema. O cinema aparece como a vista oferecida pela montra de uma loja ou grande armazém. Com uma distinção: a montra da loja pode seduzir e levar o indivíduo a entrar e ver mas não comprar; com o cinema, o espectador absorve o que vê. A arcádia, no trabalho de Walter Benjamin, entende-se como um dispositivo com uma sucessão de montras.

O livro é, assim, sobre o dispositivo fixo que é o ecrã. O cinema é diferente da pintura, pois esta exige somente uma moldura e não necessita do dispositivo tecnológico de recepção. E o tempo não é matéria da pintura, com o espectador a observar sem o limite de tempo imposto pelo realizador na passagem dos planos do filme.

É esse tempo que castiga o filme que Vertov critica. O cinema é independente da cultura literária e expressa o homem novo e a nova sociedade industrial de operários. Engajado na política soviética, o cinema surge como máquina revolucionária, ligada às vanguardas que acreditam no poder transformador da arte e rejeitam o velho cinema burguês dos cine-dramas psicológicos, escreve Teresa Mendes Flores. Fundador do movimento Kinoks, o tema do filme de Vertov é o do homem que sai para as ruas de uma cidade e se dispõe a filmá-la. Vertov dá relevo às máquinas: transportes, fábricas, telecomunicações. E ao voyeurismo dos lugares: o comboio que passa, uma rapariga que se levanta e veste, o homem da câmara a mudar de lente. Em suma. trata-se de um ensaio sobre a mobilização cinematográfica do olhar, sobre o olho-mecânico que observa (e memoriza e arquiva). Em que a montagem aparece como preocupação central: como cortar um plano? Onde colocar o intervalo? No final do filme, volta-se à sala de cinema, ao dispositivo de projecção.

Ecrã dentro do ecrã, dispositivo que revela a natureza desse dispositivo, o filme de Vertov prepara o regresso de Teresa Mendes Flores à análise de Deleuze, núcleo do terceiro capítulo. Deleuze ancora-se em Bergson: as imagens relacionam-se com o corpo, a memória e o pensamento. Bergson, aliás, funda o conceito de imagem-movimento, que Deleuze desenvolve. Segue a autora de Cinema e experiência moderna: no pós-Segunda Guerra Mundial, as situações e personagens de um filme dispersam-se, perde-se a centralidade da acção, o modelo de perseguição no cinema americano transforma-se em modelo de caminhada sem motivo ou destino.

Observação: há uma grande ligação entre os conceitos desenvolvidos pela autora e João Mário Grilo, autor a que me referi em recente mensagem. Este foi orientador da tese de mestrado daquela.

Leitura: Teresa Mendes Flores (2007). Cinema e experiência moderna. Coimbra: MinervaCoimbra

NAZARÉ


A mulher do pescador (ou a peixeira) já não espera a chegada da traineira com peixe ainda "vivinho". Agora, dedica-se a uma actividade mais segura: a venda de tremoços, castanha de cajú e outros aperitivos (imagem tirada no Sítio, Nazaré).

PASTEIS DE NATA DE BELÉM (LISBOA)

sábado, 22 de setembro de 2007

PÚBLICOS DA CULTURA


Na primeira parte do seu texto, João Teixeira Lopes (2007: 11-72), aborda o conceito de cultura (as múltiplas leituras), o modelo hierarquizado (tricotomia) e a sua crítica, formação de públicos e constituição de políticas culturais.

O que me interessa sobremaneira é a sua análise e crítica ao modelo hieraquizado (alta cultura ou cultura erudita, cultura média ou de massas, cultura popular ou baixa cultura) e a representação de públicos. No seio da cultura, lembra-se a existência de um capital simbólico colectivo acumulado ao longo da história (p. 24). João Teixeira Lopes considera também que, para observar essa realidade, há uma compartimentação disciplinar a que convém dar atenção: de um lado, a sociologia da cultura, consagrada ao estudo das obras e da produção cultural nobre; de outro lado, a sociologia do quotidiano, que estuda o trivial e o anódino (p. 22), a cultura popular e de massas. A última, a cultura de massas, surgida no apogeu do capitalismo fordista, nos anos 1930, tem uma marca ligada, por isso mesmo, à produção em série e à sociedade do consumo (p. 25). As indústrias culturais, especifica, representam a ligação ao lazer e aos tempos livres e apagam sinais de classe, região, género ou idade - uma cultura para todos. E ainda a associação à cultura-espectáculo e a sentimentos de identificação, através do star system.


O modelo (expresso no quadro acima, p. 29) é contestado. Em seu lugar, João Teixeira Lopes procede a um inventário. Primeiro, há a irrupção da diferença e a substituição da ideia de massa pela de audiências parciais. Depois, múltiplas estruturas organizacionais e diversidade de produtos culturais e mercados acarretam múltiplos arranjos entre criadores, intermediários e públicos, destruindo a homogeneidade dos públicos dos níveis de cultura. Terceiro, dá-se um eclectismo de gostos e preferências de públicos, resultado de princípios de classificação comercial e emergência de mundos autónomos e concorrentes (p. 36). Quarto, a noção de hipermobilidade ou acesso físico ou simbólico às vias e aos meios de aceleração, com distinção entre a mobilidade real (para as classes mais favorecidas) e mobilidade virtual (para as desfavorecidas). Crítico, João Teixeira Lopes fala em democratização tecnológica (ter um telemóvel, comprar um computador) e literacia digital (ter recursos para criar informação, seja uma página na internet ou um blogue).

Antes de apresentar as regularidades que contribuem para a definição de públicos, o sociólogo anota a ideia da recepção cultural como prática cultural (p. 43): se os críticos, investidos do poder simbólico capaz de determinar o valor das obras, os receptores ou público tendem a organizar os seus universos de referência por coordenadas pré-modernas, com a identificação de personagens ou cenários, sem elementos de enquadramento e capacidade crítica. João Teixeira Lopes fala ainda em cultura superficial (caso dos livros de auto-suporte) e comenta a noção de comunidade interpretativa, pois considera que um qualquer receptor circula por várias comunidades interpretativas, criando repertórios sincréticos (p. 45).

Tendências principais das práticas culturais portuguesas (pp. 51-56)

A primeira indica uma intensa participação nos espaços e tempos domésticos-receptivos (galáxia audiovisual). Mas, nestas práticas domésticas, verifica-se heterogeneidade: práticas receptivas (ver televisão), operacionais (usos de carácter amador), intelectivas (leitura), conviviais (receber ou visitar amigos). A prática convivial funciona articulada e complementada em quadros de sociabilidade local (cafés, cabeleireiros, clubes).

Uma segunda grande tendência é a da rarefacção das saídas culturais. Com a provável excepção do cinema, há poucas saídas de cultura cultivada (teatro, concertos de música erudita, exposições). Verifica-se também um baixo nível de práticas criativas (como escrever, pintar, etc.).

A terceira grande tendência é a da intensa juvenilização das práticas culturais. Fala-se de indução juvenil ou capital de juvenilidade, possivelmente porque a massificação dos níveis superiores de ensino foi tardia no país e, por isso, os jovens são os mais escolarizados da sociedade. Mas o autor fala igualmente em clivagens entre os jovens, atendendo às modalidades de transição para a vida adulta: um estudante tem práticas culturais mais regulares que um trabalhador casado. Fala igualmente num brusco envelhecimento cultural, que tem a ver com as condições anteriores: o indivíduo que trabalha dispõe de menos tempo livre para as práticas culturais. O envelhecimento cultural é desigual ainda em termos de capital escolar, caso das práticas criativas, que exigem mais tempo do que as meras práticas receptivas. Associa-se a esta tendência aquilo a que o autor chama, seguindo outros sociólogos, de dissociação entre cultura cultivada (capital escolar, título académico) e cultura letrada (capital cultural).

Uma quarta tendência principal é a importância das redes de sociabilidade na estruturação das práticas de saídas culturais: a motivação e a informação provém de amigos, que assim prolongam a fruição e a companhia. O que implica uma atenção nova para interpretar os modos como os indivíduos usam a cultura para estabelecer contactos entre si.

Leitura: João Teixeira Lopes (2007). Da democratização à democracia cultural. Uma reflexão sobre políticas culturais e espaço público. Porto: Profedições

POSTAIS DE BERLIM - 6


Um pequeno número dos espaços interiores (cafés, restaurantes, salas de espectáculos).

MAIS TROVOADA EM LISBOA

Anteontem, à noite.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

FALAR DE IMAGENS

No dia 27, pelas 19:00, colóquio-tertúlia Um documentário de viagem: "Balaou", de Gonçalo Tocha. Com a presença do realizador. Na Livraria Almedina, Atrium Saldanha, Lisboa.

CONCERTOS ANTENA 2 NO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUÊS


A Antena 2 e o Instituto Franco-Português apresentam, entre Setembro e Dezembro, concertos às 19:00, transmitidos em directo pela rádio.

Assim, no próximo dia 24, no Instituto Franco-Português, o concerto chama-se As cordas descobriram o acordeão, com Paulo Jorge Ferreira no acordeão, Xuan Du e Alexandra Mendes nos violinos, Lu Zhenj na viola e Catherine Strynckx no violoncelo. Isto é, o quarteto de cordas, de ampla história na música erudita, funde-se com o acordeão. Preço: € 10 (€ 5 para menores de 12 anos e maiores de 65 anos).

Depois, haverá novos concertos em Outubro (dias 1, 17 e 26), Novembro (2 e 23) e Dezembro (6 e 28).

O CINEMA EM JOÃO MÁRIO GRILO


Do mesmo modo que o catálogo do Museu do Filme em Berlim, João Mário Grilo também realça o cinema expressionista alemão.

O cinema alemão aparece discutido numa aula, contra quatro aulas da escola francesa, quatro aulas do cinema soviético e três aulas do cinema americano. O livro As lições do cinema. Manual de filmologia contém 23 aulas com guiões do curso de filmologia, disciplina que o autor ensina na Universidade Nova de Lisboa desde 1984. Cada guião contém um sumário, uma descrição da matéria, sugestões de visionamento de filmes e lista de bibliografia.

Eis a sugestão dos tópicos das duas aulas iniciais: conceitos como plano, enquadramento, campo, fora de campo e raccord (p. 11). Do cinema alemão, prefere falar de caliganismo em vez de expressionismo. Quando surge o filme de Robert Wiene, em 1918, O Gabinete do Dr. Caligari, o movimento expressionista já perdera actualidade e pertinência (p. 114).

Da filmologia, retenho a sua definição: ela nasce da urgência real de interrogar e limitar o cinema enquanto formidável máquina de transformação e condicionamento social (p. 166). Ciência do filme, a filmologia procura estabelecer e esclarecer as condições de possibilidade do objecto cinematográfico. A filmologia estende-se a um vasto campo de ciências (p. 168). João Mário Grilo dedica atenção especial ao conjunto da estética, psicologia e filosofia gerais e à sociologia. Étienne Souriau é o autor eleito, mas também enumera Jean-Jacques Rinieri, Pierre Francastel e Jean-Louis Schefer.

Volto à fundamentação arqueológica do cinema: o seu dispositivo aponta para um duplo ancoramento: 1) teoria da estrutura espacial da imagem e do modo de imitar a realidade (a crença, segundo André Bazin), que está na raiz das características realistas, 2) espectáculo do movimento que leva o cinema para além desse realismo e que o faz participar da revolução expressionista, do objecto para o olhar sobre o objecto. Depois de Vertov e Eisenstein, Deleuze espreita, com a imagem-movimento.

De salientar que parte substancial da obra deste professor e realizador de cinema foi publicada entre o ano passado e este, para além de As Lições do Cinema: O Homem Imaginado, O Cinema da Não-Ilusão e O Livro das Imagens. Anteriormente, editara A Ordem no Cinema.

FREQUÊNCIA DAS SALAS DE CINEMA EM 2006/2007


Segundo os resultados de Julho de 2006 a Junho de 2007 do Bareme Cinema Marktest, são 2,529 milhões os residentes no Continente com 15 e mais anos que afirmam ter o hábito de ir ao cinema, o que representa 30,4% do universo em estudo:

Uma análise por complexos de cinemas permite verificar que o ArrábidaShopping (Vila Nova de Gaia) é aquele que mais portugueses dizem frequentar, num total de 268 mil indivíduos. Na segunda posição está o Norteshopping (Matosinhos), com 204 mil indivíduos e na terceira posição é referenciado o Centro Comercial Colombo (Lisboa), frequentado por 179 mil portugueses. O hábito de frequentar determinado complexo de cinema está, obviamente, relacionado com a região de residência dos inquiridos.

ERRO ORTOGRÁFICO, DIRECTAMENTE DA PORTA DO FRIGORÍFICO PARA O BLOGUE


A imagem copiei-a do blogue Nocturno com gatos, de Soledade Santos (mensagem de 17 de Setembro).


Na habitual tertúlia que é a sua caixa do correio, justifica a autora do blogue: "dei uma passeata até ao frigorífico, contemplei gravemente os magnetos e vai daí... Como resistir a um lenço dos namorados e a um erro ortográfico?!". Logo lhe respondem: "Também quero uma porta de frigorífico assim... «Bai lenço aboar, aboar assoar a narigueta de mê bem lá na lunjunra...». Ao que responde Soledade Santos: "e que tal este dizer: «E TAM CERTO EU AMARTE COMO O LENÇO BRANCO SER SO DESCHAREI DE TE AMAR QUANDO O LENCO A COR PERDER». :) Ou este: «vai lenço feliz voando nas azas dum passarinho se encontrares o meu amor dale por mim um beijinho»". E vai mais além: "sempre as mulheres teceram sonhos, ilusões e penas nas suas teias e bordados. Sabemos de Penélope, das donas e meninas das cantigas de sirgo, da Menina e Moça". Ao que recomenda o sítio
Lenços de Namorados.

Parece um azulejo, foi (terá sido) um lenço, é um íman de pôr na porta do frigorífico. A imagem mostra flores (azuis, laranjas, vermelhas; cravos), uma andorinha (a inversão da posição do cravo), caules e lianas verdes, um debruado azul; a brancura está presente mas as cópias digitais fizeram a cor pura desmaiar.
Pouco confidencial, deixo escapar um comentário da blogueira: "As mulheres voltam a congregar-se, não é? São(somos) terríveis, nos nossos círculos, mesmo os virtuais :)".

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

POSTAIS DE BERLIM - 5


O Museu do Cinema, no complexo do Sony Center, é uma atracção da nova Berlim. Fica na praça Potsdamer.
Quais os principais relevos? Imagens e ecrãs. Espaço dado às primeiras divas, a Robert Wiene, à República de Weimar, com Ernst Lubitsch, Friedrich Murnau, Fritz Lang, Wilhelm Pabst e ao cinema expressionista, a Marlene Dietrich - no centro do museu e ocupando mais espaço que qualquer outro artista ou realizador (três salas), ela que nasceu em Berlim, o Anjo Azul de Josef von Sternberg, a quem acompanhou até Hollywood -, ao III Reich e a Leni Riefenstahl, ao exílio e pós-guerra, os nomes mais recentes como Wim Wenders, Rainer Werner Fassbinder e a sua musa Hanna Schygulla (nomeadamente em Die Ehre der Maria Braun, A Honra Perdida de Maria Braun). As últimas salas são dedicadas ao cinema fantástico e misterioso, como King Kong, 2001 Odisseia no Espaço, Guerra das Estrelas, etc., em que o centro do mundo é o cinema dos Estados Unidos.

No Filmmuseum Berlin - que apresenta, em colecção permanente, parte do espólio da Cinemateca Alemã, fundada em 1962 - destaque ainda para os modelos de vestuário usados por Marlene Dietrich, mas igualmente guarda-roupa usado em diversos filmes ao longo da história do cinema alemão (e não só) e uma sala-armazém onde todos os modelos de roupa estão arrumados como se pudessem ser alugados ou utilizados ao dia, bem conservados e dando a ideia de organização de uma responsável pelo guarda-roupa num filme.

Além da ênfase dada a Marlene Dietrich, o museu - e o livro catálogo Film Museum Berlin, editado por Wolfgang Jacobsen, Hans Helmut Prinzler e Werner Sudendorf (2000) - dão destaque aos inventores Max Skladanowsky, Oskar Messter e Guido Seeber, aos pioneiros e divas como Henry Porten (Berlim), Asta Nielsen (Copenhaga) e Fern Andra (Illinois, Estados Unidos). Os autores do catálogo evidenciam Fern Andra: Madonna sofredora, mulher moderna, acrobata audaz. E escrevem mais sobre ela: uma das primeiras personalidades do ecrã, capaz de respirar expressão e tornar popular géneros, tipos e papéis distintos.

Depois de Dietrich, o segundo principal destaque é conferido ao filme de Robert Wiene (1920), Das cabinet des Dr. Caligari (O Gabinete do Dr. Caligari). O expressionismo patenteia-se nos cartazes, nos ângulos de visão desses cartazes, nas memórias do filme, nos múltiplos ecrãs onde se visionam diversos planos do filme. É um momento alto na visita ao museu.

Embora compreensível mas comentável (criticável), há uma linha ideológica no traçado do museu - leia-se: nacionalista. A Alemanha disputou com a França a paternidade da invenção do cinema, mas rapidamente ultrapassou o país vizinho e tornou-se o maior mercado mundial na produção do cinema. O espaço dado ao expressionismo é disso significativo. A ascensão de Hitler ao poder significou o êxodo de realizadores, artistas e divas para o outro lado do Atlântico. O cinema americano lucrou muito com esta passagem. Marlene Dietrich é um exemplo: artista de vários sucessos mas também envolvida na política, quando apoiou as tropas aliadas contra o ditador alemão. A reflexão sobre o período nazi e a área reservada aos exilados acentuam a ruptura entre dois mundos não conciliáveis. Os anos pós-guerra são a recuperação da ferida. Sissi, a jovem imperatriz (protagonizada por Romy Schneider), é a representação feliz e ingénua desse voltar a página (filmes de 1955). De Sissi, que desce o Danúbio até ao imperador que a espera, mais a tiara real, ficaria a imagem da jovem rebelde e apaixonada mas igualmente conciliadora e humanista que procurou modernizar uma corte barroca e ossificada, com quem muitas raparigas e mulheres simpatizaram, numa Alemanha do então rígido sistema político de Konrad Adenauer. O muro de Berlim (1961) faria regressar suspeitas de calma não alcançada. Nas estações de metro do lado oriental, os
passageiros tinham de sair em determinadas portas, pois nem em todas as carruagens as portas abriam. Fora, soldados de metralhadora acompanhavam a identificação desses passageiros. Os anos de chumbo aparecem representados nos filmes de Fassbinder, caso de A Honra Perdida de Maria Braun. As brigadas Baader-Meinhof, ou Fracção do Exército Vermelho (fundada em 1970), iriam ser responsáveis por 34 assassinatos políticos.


[imagem de Berlim leste a partir da torre da televisão]

ALEMANHA APROVA PLANO PARA TELEVISÃO NOS CELULARES

A Autoridade para a Concorrência alemã aprovou, no final da semana passada, um plano para a criação de plataforma técnica para televisão nos telemóveis.

Os operadores T-Mobile, O2 e Vodafone trabalharão em conjunto segundo a norma europeia DVB-H (Digital Video Broadcasting for Handhelds, ou Radiodifusão de Vídeo Digital para Telefones). Os três operadores estão obrigados a respeitar um certo número de normas, facilitando aos clientes a livre escolha de operador.

A Comissão Europeia disse, há dois meses, que iria incluir a tecnologia DVB-H na lista de standards de modo a encorajar o uso de uma só tecnologia em toda a Europa.

(fonte:
Media Network Weblog)

A HISTÓRIA DO GATO MAOMÉ


Conta-se em sete linhas: Arifur Rahman, cartoonista de um semanário satírico do Bangladesh, fez um desenho onde se mostra um menino a dar o nome de Maomé ao seu gato. O cartoonista foi preso no dia imediato e houve manifestações de protesto contra o desenho por parte de grupos religiosos em Dhaka. O governo do Bangladesh é militar e proibe manifestações. A Associação Repórteres Sem Fronteiras pediu a libertação do cartoonista.

(fonte:
European Journalism Centre)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

terça-feira, 18 de setembro de 2007

O ESTADO DO MUNDO EM LIVRO


A Urgência da Teoria (Fundação Calouste Gulbenkian e Edições Tinta da China) é o livro que reune contributos de Andy C. Pratt, Antonio Cicero, Bernard Stiegler, Danièle Cohn, Daniel Miller, Filipe Duarte Santos, Homi K. Bhabha, Marc Ferro, Medhi Belhaj Kacem, Miguel Vale de Almeida, Paul D. Miller, Paul Gilroy e Pedro Magalhães, resultado do Fórum Cultural O Estado do Mundo. Com lançamento para o dia 28 de Setembro, às 18:30, no auditório 3, a apresentação estará a cargo de Isabel Capeloa Gil, directora da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.