sábado, 3 de janeiro de 2004

LUSOMUNDO ABANDONA O SECTOR DO LIVRO

A notícia vinha na edição do jornal Público de ontem. A Editorial Notícias, pertença da Lusomundo, tinha-se destacado nos anos mais recentes no mercado do livro, caso dos romances. Mas também com uma importante colecção dos media, chamada Media&Sociedade. O último título que tenho conhecimento que saiu desta colecção é o texto de Daniel Ricardo, jornalista da Visão, e que tem o título Ainda bem que me pergunta. Manual de escrita jornalística. Segundo as minhas contas, a colecção dos media teve 18 títulos distintos de vários autores, de que destaco, por gosto pessoal, Nelson Traquina, José Rebelo, Luís Paixão Martins, Diogo Pires Aurélio e Nuno Brandão. A Editorial Notícias também tem publicado a revista Trajectos, dedicada aos media, e pertença do ISCTE.

Esta alteração estratégica da Lusomundo poderá explicar a recente edição do livro de João Paulo Meneses sobre a TSF (Tudo o que se passa na TSF) não na Editorial Notícias, mas acompanhando uma das edições do Jornal de Notícias, pertença do mesmo grupo, o que me parecera estranho então.

Segundo a mesma notícia, a Lusomundo, para além da Editorial Notícias, abandona ainda o negócio das livrarias. Em contrapartida, adquiriu o jornal Ocasião, publicação gratuita de anúncios classificados, num recentramento nítido do negócio. Já há algum tempo que se vinha a especular acerca desta mudança de rumo - meses atrás, alguém que conheço submeteu um original para publicação na Editorial Notícias. A resposta foi pronta: "Lamentamos [...] informar que o nosso programa editorial não comporta, de momento, a inclusão de mais títulos". Segundo uma informação recente que recolhi de uma responsável do sector, o mercado do livro teve um abrandamento de 20% nas vendas em 2003, prova de que o mercado se encontra numa grave crise. A Editorial Notícias tinha toda a cadeia de valor do sector: produção, distribuição e venda (livrarias próprias). Se, nalguns casos, há vantagens em controlar o sector todo, noutros casos, quando a crise financeira é forte, o risco eleva-se.

Recorde-se que os negócios principais da Lusomundo são o cinema (exibição de filmes em salas e distribuição de filmes e vídeos) e os media (jornais como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas, Tal & Qual; revistas; rádio TSF).

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