MUTAÇÃO DOS MEDIA
Segundo um estudo divulgado no passado domingo - Project for Excellence in Journalism, editado pela escola de jornalismo da Universidade de Columbia University School of Journalism e patrocinado pela Pew Charitable Trusts -, o jornalismo em 2004 está a passar por uma mudança de era, como quando se inventou o telégrafo e a televisão. As transformações são ainda mais marcantes devido às reduções nos gastos com a produção e à crescente desconfiança do público face aos media. O estudo surge como o primeiro olhar anual sobre o jornalismo electrónico, impresso e em linha.
Como grandes novidades, apresenta-se uma actividade cada vez mais atravessada em simultâneo pela fragmentação e convergência, enquanto se concentram os media em empresas gigantes. Se mais pessoas concorrem para dar estórias, repetidas pelos vários media, há, ao mesmo tempo, quem usurpe o tradicional papel do jornalista como aquele que escolhe as estórias e as transforma em notícias. É o caso dos jornais associados à internet. Ou dos blogs, acrescento eu. O jornalista, diz Tom Rosenstiel, director do projecto, tem agora múltiplos papéis. Os velhos media, como os jornais e a televisão, chegam a audiências mais pequenas, enquanto aumentam os media alternativos, étnicos e em linha. Rosentiel pensa em especial nos jornais de língua castelhana nos Estados Unidos, que triplicaram na última década, ao passo que os de língua inglesa baixam. Além disso, muito do investimento no jornalismo vai para a distribuição do jornalismo e não para a procura de notícias. O estudo apresenta números da realidade americana: há menos 2200 jornalistas nos jornais que em 1990, e as redes de televisão cortaram um terço de correspondentes desde os anos de 1980.
Além disso, tem havido grandes falhas no investimento de novas estratégias para alcançar as suas audiências, no preciso momento em que estas desconfiam crescentemente das notícias. A confiança baixou de 72% em 1985 para 49% em 2002. Segundo a percepção do público, os erros cometidos pelos jornalistas passaram de 13% para 67%. Mas isto são números de sondagens ou inquéritos e a realidade pode estar longe desses números. Pelo menos para Rosenstiel, os jornalistas não estão pessimistas. Ao mesmo tempo, as grandes companhias de media, como a CBS News e o New York Times estão a entrar em novas actividades. Um destes dias, diz Rosenstiel, veremos notícias no metro, a caminho de casa; isto é, quando e onde quisermos.
(esta mensagem seguiu de perto o trabalho de David Bauder, jornalista de televisão da Associated Press, editado ontem, e que se pode ver em newsobserver.com. Também encontrei informação sobre o mesmo estudo no jornal Público, no blog Jornalismo e Comunicação e na newsletter European Journalism Centre, todos com a data de ontem. O texto integral pode ser visto em Jornalism.org).
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