TARSO GENRO AO EL PAIS
Entrevistado hoje pelo jornal El Pais, o ministro da educação brasileiro Tarso Genro defende que a cultura gera a inclusão social: "Com a ampliação do tempo de ócio, o sector lúdico-cultural passa a ter não apenas uma importância social agregadora, mas também uma importância económica fundamental. Hoje há espaços concretos para que se desenvolva um terceiro sector do ócio, da cultura, da educação..., como elementos vitais do desenvolvimento económico, como oferta de emprego e como elemento de integração social e política em volta de um projecto de cidade e de região".
Mais à frente na entrevista, define política cultural: "Em sentido estrito, refere-se às promoções culturais. Num sentido estratégico, significa uma nova proposta de coesão social, com laços educativos, culturais e intelectuais, que promovam um sentido de vida aberto e completamente democrático". E vê a cultura nos países não dominantes como "uma cultura dual, de resistência e de reconstrução universalista. A resistência com os valores tipicamente locais é importante; por exemplo, resgatar as origens da nossa música". Ainda na entrevista e a uma pergunta sobre o debate, no Brasil, acerca das quotas de entrada de negros e índios nos centros de ensino e nas universidades, o titular da educação naquele país responderia do seguinte modo: "No Brasil, esta política afirmativa é positiva porque parte de uma constatação histórica, de uma dívida histórica do Estado brasileiro, que como condutor da escravatura tem que proporcionar condições objectivas para que o princípio jurídico da igualdade formal seja efectivamente desenvolvido. Significa reconhecer esta dívida histórica e proporcionar uma política de quotas que não seja contra os brancos nem contra outra raça".
Tarso, contactado no final da assembleia Agenda 21 da Cultura em Porto Alegre (Brasil), estará em Barcelona (Espanha) em finais deste mês, para participar no Fórum 2004, que junta três eixos temáticos: paz, diversidade e sustentabilidade. O Fórum de Barcelona foi inaugurado ontem.
PÁGINAS CENTRAIS DO CADERNO DESPORTO DO SUNDAY TIMES DEDICADAS A JOSÉ MOURINHO E F. C. PORTO
Com chamada de capa e foto de José Mourinho e duas páginas centrais do caderno de desporto do Sunday Times de hoje, vem a história de sucesso do treinador e do clube que estará no final da Taça dos Campeões de futebol. Nestas duas páginas, há imagens do treinador e do presidente do clube do Porto.
NOTÍCIAS CULTURAIS E TELEVISÃO
Ainda no El Pais de hoje, vem uma peça sobre as notícias culturais que passam na televisão. Entrevistado Francisco Rodríguez Pastoriza, jornalista da TVE (Televisão de Espanha), professor da Universidade Complutense e autor de Cultura y televisón. Una relación de conflicto (editado pela Gedisa), ele considera que as notícias culturais são uma espécie de adorno nos noticiários de televisão. E entende que há uma relação de conflito entre cultura e televisão, "em primeiro lugar, pelas exigências da audiência, e em segundo lugar, pela escassa repercussão da actividade cultural. Se uma pessoa visse apenas a televisão, pensaria que em Espanha não há actividade cultural".
Para Rodríguez, há uma obrigação de emitir programas culturais, na Europa como nos Estados Unidos: "Quando nasceu a televisão, obrigaram-se os operadores a dedicar determinados espaços à informação de serviço público. Assim surgiram os noticiários televisivos. Gostaria que em Espanha os noticiários da televisão estivessem obrigados a oferecer informações culturais e seguissem o exemplo do jornal Le Monde, que tem o compromisso de publicar diariamente uma notícia cultural na primeira página. [...] As televisões privadas deveriam ter a mesma obrigação de emitir programas culturais como as públicas".
Pode aplicar-se totalmente o exemplo a Portugal, agora que o Acontece já desapareceu.
A ORELHA DE VAN GOGH
Ainda no Sunday Times de hoje, vem um artigo de Waldemar Januszczak sobre Vincent Van Gogh e a sua verdadeira história, a passar no Channel 4 (inglês) a partir de 16 de Maio [que pena, não temos no nosso cabo; esperemos que a 2: esteja atenta].
Januszczak produziu uma série em três partes sobre o tão considerado pintor dos girassóis. Mas Van Gogh não gostaria de se ver na televisão. É que o autor da série encontra hera em vez de girassóis na obra do autor que cortou a orelha. Explicando melhor: Van Gogh dava-se constantemente com prostitutas, a ponto de ser expulso de casa dos seus pais, em Haia, quando ali entrou com uma delas. Januszczak vê uma só cara nas mulheres pintadas por Van Gogh: madame Ginoux. E aponta-a num quadro representando um bordel agora divulgado e pertencente à misteriosa colecção Barnes, de Filadélfia. A mulher de amarelo, à esquerda, é provavelmente a Ginoux.
E o autor da série a passar na televisão britânica tem uma versão peculiar da história da orelha cortada do pintor. Do mesmo modo que um toureiro corta a orelha do touro que mata na arena e a entrega a uma senhora na assistência, Van Gogh cortou a sua própria orelha, embrulhou-a numa folha de jornal e enviou-a a uma prostituta do seu bordel preferido. Daí Januszczak escrever que Van Gogh era um pintor de heras e não de girassóis. Estas eram mais da especialidade de Gauguin - a quem Van Gogh se juntou em Arles. Gauguin crescera no Peru, país de girassóis (o nome botânico é Chrysanthemun Peruvianum, crisântemo do Peru), e os girassóis de Van Gogh são um tributo a Gauguin.
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