JULIA OTERO
Confesso que não conhecia Julia Otero até hoje de manhã quando li o El Pais. Ela é jornalista da televisão. Nos últimos três anos, Julia Otero trabalhou na Catalunha, no canal TV-3. Agora, prepara-se para regressar à TVE, em Outubro, com um novo programa. Da sua entrevista a Arcadi Espada, retirei algumas ideias.
Sobre o ofício das mulheres
Para a jornalista, o facto de haver maior presença nas notícias sobre a violência doméstica, e também o seu tratamento, relaciona-se com a maior presença de mulheres na sala de redacção. É frequente Julia Otero fazer a pergunta aos homens políticos: como compaginam a vida familiar com a vida laboral? Ela observa o actual governo de Madrid: oito ministros são pais de vinte e quatro filhos, oito mulheres têm cinco filhos. Para ela, as mulheres que chegam a cargos mais elevados vivem sozinhas.
E prossegue o seu pensamento, quanto se fala das mulheres e de cargos elevados nos media: "As estatísticas cantam: não há mulheres nos media. Um empresário dos media é sobretudo um empresário e os critérios empresariais acabam por se impor. Por razões de produtividade e de rentabilidade, às vezes mal estabelecidas, pensa-se que um homem, devido a que a sua carreira é compatível com a sua fertilidade, será mais adequado para um determinado trabalho. Uma mulher com trinta anos, por muitos masters que tenha e por muito bem preparada que esteja, sempre será observada como um factor de perigo. Porque com trinta anos é bastante provável que queira ficar grávida. O homem de trinta anos tem mais vantagens".
Os media enquanto circo
A uma pergunta sobre a capacidade de influência dos media, Julia Otero responde que há "um certo mal-estar geral diante do funcionamento dos media. Um mal-estar muito generalizado perante este circo". Porquê circo? Porque "dá muito medo a que qualquer discurso dure mais de dois minutos. Não há respostas largas. Tudo é slogan. Títulos. E, enfim: tudo se quer cortado aos bocadinhos [picadito] e com muito ritmo. Esta é a única frase do livro de estilo da televisão actual. Aos bocadinhos e com muito ritmo. Na realidade nem a imprensa se salva deste estilo. Cada vez é mais difícil encontrar trabalhos jornalísticos de alcance, de longo percurso".
No que li da imprensa de hoje, só encontro paralelo no texto (pessimista mas realista) da historiadora Maria de Fátima Bonifácio sobre os estudantes do ensino universitário, que querem muito lazer e pouco estudo (Público).
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