sábado, 16 de outubro de 2004

OS MEUS BLOGUES PREFERIDOS - I

[texto saído originalmente na revista MediaXXI, nº 76 (Junho-Julho-Agosto). De novo, agradeço a todas(os) as(os) blogueiras(os) a amabilidade de responderem ao meu questionário. Este texto deve ser comparado com o trabalho de Joana Baptista, em Seminário de Investigação].

blogue17.jpgNos últimos tempos, tem-se escrito muito sobre blogues. Até os jornais veiculam informações por eles produzidas. O que são e para onde vão eis a razão deste artigo.

O movimento dos blogues começou em 1997, mas atingiu, entre nós, a notoriedade pública em 2003. Segundo o sítio Weblog.com.pt, existem já 1328 blogues nacionais. Para António Granado (PontoMedia), o blogue é uma “página com entradas datadas que aparecem pela ordem inversa em que foram escritas”. Já Elisabete Barbosa (Jornalismo Digital), defende que “o que distingue os blogues das restantes páginas é a motivação de quem o produz”. Os dois bloguistas escreveriam este ano um livro sobre o tema (Weblogs. Diário de bordo).

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Quanto aos académicos, eles fazem múltiplas apreciações: se, para José Luis Orihuela (Universidade de Navarra), a “blogosfera é um sistema complexo, auto-regulado, dinâmico e sensível à informação que produzem os meios tradicionais, em particular a referida a assuntos políticos e tecnológicos”, para Beth Saad (Universidade de S. Paulo) o blogue é um “espaço virtual de troca de experiências em torno de um determinado tema”, com “a manutenção da linha editorial das discussões e de uma acção contínua de fomento” das mensagens, enquanto Manuel Pinto (Universidade do Minho) defende os blogues pela “auto-edição acessível e barata”, mas teme que a sofisticação da ferramenta traga “uma nova forma de exclusão”.

blogue12.bmpPassado o pioneirismo, assiste-se à especialização de blogues (media, arte, cultura, política), com a existência de redes concêntricas (citações mútuas de blogues) ou excêntricas (bloguistas que intervêm nos comentários). Os blogues variam ainda segundo rankings (qualidade estética do blogue, informação nova), com os blogues de culto citados em primeiro lugar.

Inquérito

Em texto recente editado pelo MIT, Fernanda Viégas explica as razões do sucesso dos blogues: a maioria ostenta o nome do seu autor, que edita sem constrangimentos de espaço físico e cria uma audiência fiel (sistema de comentários). A autora, que baseou estes resultados na pesquisa on-line feita em Janeiro transacto, serviu de guia para um inquérito que elaborei. Apesar do meu inquérito não ter pretensões científicas, dado o pequeno número de blogues respondentes (19), ele não deixa de apontar tendências (ver Quadro).

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Para os respondentes, os blogues são passatempo, servem para comunicar de modo interactivo ou sob anonimato, fazem amigos e registam uma memória afectiva. Consideram ainda que a maioria dos blogues se dedicam a política e entretenimento. Uma das inquiridas acha que os “blogues masculinos são essencialmente políticos e de actualidade, enquanto os femininos se voltam mais para a literatura, entretenimento e reflexão”. Apesar do pequeno número de respostas, permito-me concluir que a maioria dos blogues pertence a uma população urbana já habituada a redes informais de electrónica.

Quadro (em percentagens). Número de respondentes=19

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[Nota: blogues respondentes – Arcabuz, Atrium, O céu sobre Lisboa, Íntima Fracção, Janela Indiscreta, Lua, Luminescências, Memória Virtual, A minha rádio, Nocturno com Gatos, Notícias de Ovar, Blogouve-se, Portugal Profundo, Puta de vida… ou nem tanto, A Rádio em Portugal, Seta Despedida, A Tasca da Cultura, Umblogsobrekleist, Vizinho].

[continua]

2 comentários:

folhasdemim disse...

Interessantes estas estatísticas. Betty :)

Rogério Santos disse...

Obrigado, Betty, de Oeiras.