domingo, 24 de outubro de 2004

REGRAS DE AUTOREGULAÇÃO E FONTES ANÓNIMAS

Das 21 regras de autoregulação da cadeia televisiva espanhola Telecinco, a primeira diz: "Os programas e os seus apresentadores diferenciam entre opinião e informação, oferecendo a todo o momento informações verdadeiras e opiniões livres" (ler hoje no El Mundo, p. 60, versão em papel).

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A cruzada contra o telelixo em Espanha precisa de se estender a Portugal. Mas não só à televisão. É que também há lixo na imprensa - e mesmo na de qualidade. Se o 24 Horas fala da "paixão" do actor de filmes pornográficos por uma habitante da Quinta das Celebridades não podemos encolher simplesmente os ombros perante este jornalismo tablóide. Certamente aquilo não é notícia. Não é isso que se ensina na Universidade, nem os códigos deontológicos aconselham. Mas, quando se lê a página 12 do Público de hoje, fica a pensar-se na necessidade de uma medida profiláctica qualquer.

A propósito dos 100 dias do Governo, as jornalistas Helena Pereira e Eunice Lourenço não nomeiam uma só fonte de informação na peça por si assinadas. A base do seu trabalho assenta em tão só: "um responsável da coligação", "colaboradores do primeiro-ministro", "alguns sociais-democratas críticos de Santana", "um membro do gabinete do primeiro-ministro".

Retiro do Livro de Estilo do Público: "Formulações do tipo «o Governo está a pensar...» não são admissíveis nas páginas do PÚBLICO. «O gabinete do primeiro-ministro declarou...» é também uma expressão a evitar: só as pessoas podem fazer declarações" (Público, 1998: 69-70). Será que o livro que tenho em casa já foi substituido por uma nova edição? Admitem-se tantas fontes anónimas ou não identificadas na peça que ocupa quase uma página inteira? Trata-se de informação ou opinião?

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