sexta-feira, 26 de novembro de 2004

10 MILHÕES DE BLOGUES NO MUNDO NO FINAL DE 2004

Esta é a estimativa apresentada por José Luís Orihuela no texto Weblogs. El médio y el mensaje, publicado no número 601-602 da revista Nuestro Tiempo, pertencente à Universidade de Navarra. Orihuela, alimentador do blogue eCuaderno, é um dos investigadores das ciências sociais que melhor conhece este novo fenómeno de comunicação.

ecuaderno.bmpBlogues, diários em linha ou páginas pessoais na web – eis uma das zonas mais dinâmicas da internet e que lutam por um lugar entre as versões electrónicas dos meios convencionais e os meios apenas digitais (portais informativos, revistas digitais, boletins electrónicos e confidenciais), começa assim o texto de Orihuela. Por o achar muito pedagógico, esta mensagem segue de muito perto o seu trabalho.

Se a WWW abriu, pela primeira vez na história, a possibilidade de se fazer uma publicação sem editor, o certo é que ainda havia um conjunto de obstáculos – era necessário aceder a um domínio para publicar, uma certa destreza no uso da linguagem de programação HTML e alguns rudimentos de desenho gráfico. Os blogues simplificaram este processo e tornaram a publicação em linha uma tarefa intuitiva e amigável como o uso do correio electrónico.

O termo blogue foi cunhado por Jorn Barger em Dezembro de 1997 – há uns escassos sete anos. No começo de 1999, Jesse James Garrett identificava 23 blogues. Foi nesse mesmo ano que se deu o lançamento dos serviços gratuitos de edição e publicação dos blogues Blogger e Pitas. A previsão aponta para dez milhões de blogues no final deste ano de 2004.

Estrutura de um blogue

Como principal elemento de um blogue temos as mensagens (histórias ou posts), ordenadas segundo uma cronologia inversa (as mais recentes, em sentido ordenado). Cada uma das histórias tem uma direcção URL permanente (permalink), o que facilita a sua ligação a partir de sítios externos.

As mensagens podem arquivar-se cronologicamente e por temas (por categorias) e pode existir um pesquisador interno para facilitar a sua localização. A maior parte dos blogues inclui uma selecção de ligações (blogroll) que recolhe os sítios lidos ou, pelo menos, recomendados pelo autor, e alguma referência pessoal (about) que, junto ao título e descritor do blogue, ajudam o leitor a situá-la.

Além da direcção permanente, as mensagens levam o dia e a hora em que são publicadas, um título (que deve ser curto), o corpo da mensagem (que pode incluir referências a outros blogues ou sítios). Na maior parte, inclui um sistema de comentários que permite aos leitores participarem com sugestões e opiniões. Nos blogues colectivos, a assinatura de cada mensagem é a referência básica para identificar o autor, ao passo que, nos individuais, pode ser um pseudónimo (nickname), que permite identificar o autor quando comenta noutros sítios ou responde aos comentários no próprio.

Professor em Pamplona, Orihuela destaca os blogues jornalísticos, políticos, educacionais, autobiográficos, de desenho, economia, ficção, humor e viagens. E termina o seu texto salientando o facto de os blogues ajudaram a recuperar a filosofia inicial da web e também a cumprir algumas das suas promessas. O estilo dos blogueiros assenta na actualização regular que os leva a publicar quase um diário, a navegação intensiva que se reflecte nas múltiplas ligações das suas histórias e um forte sentido de comunidade, gerando valor acrescentado à informação disponível na rede e contribuindo para a sua conversão num espaço semântico.

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