Dia da infâmia
Seria com este título que saiu o El Mundo de 12 de Março de 2004. Mas as capas dos outros jornais reflectiriam também o terror do dia anterior, demonstrando que a realidade nunca desafiara tanto os profissionais da informação como nessa ocasião, disse um dos oradores ao congresso de Pamplona, Antoni Piqué. Para este, algumas das características imanentes a acontecimentos como o 11M e o 11S são: 1) acontecimentos massivos e rápidos (queda das torres, atentados nos comboios), 2) repetição temática nas capas dos jornais (assunto, título, texto, enfoque), 3) coincidência nas decisões das redacções.
A emoção televisiva
A sessão mais concorrida do congresso foi a que teve presente vários responsáveis da televisão e rádio espanholas. Assim, Jesús María Santos, da Telecinco, destacou o interesse da emoção na televisão: lágrimas, silêncios. E acrescento eu: símbolos (flores, velas).
A emoção nesses dias subiria, pois, após os atentados, havia eleições legislativas. O relevo dos acontecimentos levou a que as redacções de todos os media fossem destacadas apenas para a cobertura destes eventos. Acrescentando-se as decisões tomadas no momento - por exemplo, as imagens que chegavam às redacções das televisões não tinham indicação de quando acabavam para se proceder à sua montagem (presumo ter havido emissão de imagens não trabalhadas editorialmente, dada a urgência em pôr no ar tais imagens).
Isto é, apesar de um dispositivo assente na rotina - mesmo em momentos de ruptura -, os acontecimentos do 11M ao 14M tornaram o trabalho assente permanentemente em improviso. Cada directo era carregado de emoção (o jornalista não podia isentar-se dos registos emotivos).
Já Alfredo Urdaci, da TVE, preferiu centrar-se no protocolo da crise: 1) procura intensa de informação, 2) tensão e emoção e suas consequências, 3) migração dos telespectadores de canal em canal à procura da informação mais recente.
Sobre o primeiro ponto, o antigo director de informação do canal público reflectiu sobre as falhas e os erros dos jornalistas, que crescem quando aumenta a procura de informação (ausência de confirmação de dados, falta de enquadramento, emoção). Como a audiência queria saber mais do que se passara, o noticiário da tarde de 11M não acabaria à hora habitual mas prolongou-se durante o dia.
No designado pelo jornalista como protocolo da crise, seria dada prioridade às vítimas (informações úteis) e com maior recurso a especialistas.
Por seu lado, Daniel Anido (Cadena SER) reconheceu alguns erros na transmissão de informações durante esses dias de pesadelo: 1) origem do atentado atribuida à ETA, 2) mancha verde na pele de um suicida (julgando tratar-se de um explosivo quando era proveniente de um produto usado em extintores), 3) publicação das fotografias de elementos da ETA considerados associados aos atentados (os atentados foram perpetrados pela Al Qaeda).
Seria com este título que saiu o El Mundo de 12 de Março de 2004. Mas as capas dos outros jornais reflectiriam também o terror do dia anterior, demonstrando que a realidade nunca desafiara tanto os profissionais da informação como nessa ocasião, disse um dos oradores ao congresso de Pamplona, Antoni Piqué. Para este, algumas das características imanentes a acontecimentos como o 11M e o 11S são: 1) acontecimentos massivos e rápidos (queda das torres, atentados nos comboios), 2) repetição temática nas capas dos jornais (assunto, título, texto, enfoque), 3) coincidência nas decisões das redacções.
A emoção televisiva
A sessão mais concorrida do congresso foi a que teve presente vários responsáveis da televisão e rádio espanholas. Assim, Jesús María Santos, da Telecinco, destacou o interesse da emoção na televisão: lágrimas, silêncios. E acrescento eu: símbolos (flores, velas).
A emoção nesses dias subiria, pois, após os atentados, havia eleições legislativas. O relevo dos acontecimentos levou a que as redacções de todos os media fossem destacadas apenas para a cobertura destes eventos. Acrescentando-se as decisões tomadas no momento - por exemplo, as imagens que chegavam às redacções das televisões não tinham indicação de quando acabavam para se proceder à sua montagem (presumo ter havido emissão de imagens não trabalhadas editorialmente, dada a urgência em pôr no ar tais imagens).
Isto é, apesar de um dispositivo assente na rotina - mesmo em momentos de ruptura -, os acontecimentos do 11M ao 14M tornaram o trabalho assente permanentemente em improviso. Cada directo era carregado de emoção (o jornalista não podia isentar-se dos registos emotivos).
Já Alfredo Urdaci, da TVE, preferiu centrar-se no protocolo da crise: 1) procura intensa de informação, 2) tensão e emoção e suas consequências, 3) migração dos telespectadores de canal em canal à procura da informação mais recente.
Sobre o primeiro ponto, o antigo director de informação do canal público reflectiu sobre as falhas e os erros dos jornalistas, que crescem quando aumenta a procura de informação (ausência de confirmação de dados, falta de enquadramento, emoção). Como a audiência queria saber mais do que se passara, o noticiário da tarde de 11M não acabaria à hora habitual mas prolongou-se durante o dia.
No designado pelo jornalista como protocolo da crise, seria dada prioridade às vítimas (informações úteis) e com maior recurso a especialistas.
Por seu lado, Daniel Anido (Cadena SER) reconheceu alguns erros na transmissão de informações durante esses dias de pesadelo: 1) origem do atentado atribuida à ETA, 2) mancha verde na pele de um suicida (julgando tratar-se de um explosivo quando era proveniente de um produto usado em extintores), 3) publicação das fotografias de elementos da ETA considerados associados aos atentados (os atentados foram perpetrados pela Al Qaeda).
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