[Lazarsfeld lê-se lazursfelt]
O que proponho nesta mensagem, desdobrada em três parcelas, é a leitura do percurso de vida e principais pontos da actividade de Paul Lazarsfeld (1901-1976), a partir de um texto de David Morrison (2001), intitulado The historical development of empirical social research.
Prever o olhar futuro do historiador a partir de Marienthal
Paul Félix Lazarsfeld, um dos fundadores da moderna investigação de comunicação de massa, fez uma interrogação num seu texto de 1950, A obrigação do perito em sondagens de 1950 para com o historiador de 1984: "Não se sobrevaloriza o facto de, em certo modo, o homem das sondagens escrever história contemporânea. Não reprovará o historiador de 1984 o não ter dado suficientes indicações do que se conhecia em 1950"?
O historiador deve ser cuidadoso no uso de dados sociológicos. Isto é: não se deve aceitar a interpretação sociológica dos dados. Primeiro, deve-se perguntar se o que se mediu satisfaz; depois interpretar de novo os dados brutos de uma sondagem ou inquérito, mas nunca trabalhar somente a análise produzida originalmente. Se um estudo parece rigoroso, e muitas vezes parece ser rigoroso porque tem dados estatísticos, isso não significa que seja rigoroso. Por isso, Morrison concorda com Lazarsfeld: a recolha sistemática da opinião pública em questões do dia a dia podem representar uma valiosa fonte de dados para o historiador futuro.
Lazarsfeld fez um trabalho paradigmático em 1931 na Áustria sobre os desempregados de Marienthal (a equipa liderada por si incluía Marie Jaboda e Hans Zeisel). Marienthal, pequena cidade fora de Viena, dependia de uma única fábrica de moagem enquanto actividade económica. O seu encerramento destruiu a comunidade. Antes desta situação, a vida social era vibrante. Existiam vários clubes e elevada a leitura de jornais. Quando cresceu a pobreza, baixou a leitura dos jornais e o interesse pelo exterior, centrando-se a comunidade na sua condição mais interna.
Morrison, no seu texto, pretende mostrar que a análise estatística dos dados recolhidos, em forma quantificável, é útil para os historiadores. A recolha de dados em forma quantificável oferece o exemplo clássico onde o historiador pode usar dados recolhidos pelo cientista social para fazer ligações de causa entre variáveis.
Se, num dado momento, temos um conjunto completo de atitudes, crenças, experiências, e num período posterior temos dados semelhantes, que se podem sobrepor com uma análise de conteúdos de mensagens, então temos um trabalho interessante a fazer. Pelas mudanças nas crenças, através da manipulação estatística de variáveis, descobrimos a saliência de dados factos através da contagem de receptividade às mensagens. Graças a um método proposto – a manipulação estatística das variáveis – fica-se na posse de um conhecimento próximo e controlado do que se trabalha e como.
[continua]
O que proponho nesta mensagem, desdobrada em três parcelas, é a leitura do percurso de vida e principais pontos da actividade de Paul Lazarsfeld (1901-1976), a partir de um texto de David Morrison (2001), intitulado The historical development of empirical social research.
Prever o olhar futuro do historiador a partir de Marienthal
Paul Félix Lazarsfeld, um dos fundadores da moderna investigação de comunicação de massa, fez uma interrogação num seu texto de 1950, A obrigação do perito em sondagens de 1950 para com o historiador de 1984: "Não se sobrevaloriza o facto de, em certo modo, o homem das sondagens escrever história contemporânea. Não reprovará o historiador de 1984 o não ter dado suficientes indicações do que se conhecia em 1950"?
O historiador deve ser cuidadoso no uso de dados sociológicos. Isto é: não se deve aceitar a interpretação sociológica dos dados. Primeiro, deve-se perguntar se o que se mediu satisfaz; depois interpretar de novo os dados brutos de uma sondagem ou inquérito, mas nunca trabalhar somente a análise produzida originalmente. Se um estudo parece rigoroso, e muitas vezes parece ser rigoroso porque tem dados estatísticos, isso não significa que seja rigoroso. Por isso, Morrison concorda com Lazarsfeld: a recolha sistemática da opinião pública em questões do dia a dia podem representar uma valiosa fonte de dados para o historiador futuro.
Lazarsfeld fez um trabalho paradigmático em 1931 na Áustria sobre os desempregados de Marienthal (a equipa liderada por si incluía Marie Jaboda e Hans Zeisel). Marienthal, pequena cidade fora de Viena, dependia de uma única fábrica de moagem enquanto actividade económica. O seu encerramento destruiu a comunidade. Antes desta situação, a vida social era vibrante. Existiam vários clubes e elevada a leitura de jornais. Quando cresceu a pobreza, baixou a leitura dos jornais e o interesse pelo exterior, centrando-se a comunidade na sua condição mais interna.
Morrison, no seu texto, pretende mostrar que a análise estatística dos dados recolhidos, em forma quantificável, é útil para os historiadores. A recolha de dados em forma quantificável oferece o exemplo clássico onde o historiador pode usar dados recolhidos pelo cientista social para fazer ligações de causa entre variáveis.
Se, num dado momento, temos um conjunto completo de atitudes, crenças, experiências, e num período posterior temos dados semelhantes, que se podem sobrepor com uma análise de conteúdos de mensagens, então temos um trabalho interessante a fazer. Pelas mudanças nas crenças, através da manipulação estatística de variáveis, descobrimos a saliência de dados factos através da contagem de receptividade às mensagens. Graças a um método proposto – a manipulação estatística das variáveis – fica-se na posse de um conhecimento próximo e controlado do que se trabalha e como.
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