domingo, 26 de dezembro de 2004

CANAIS PÚBLICOS EUROPEUS DE TELEVISÃO EM EXAME

Este é o título da peça hoje publicada no El Pais (p. 44). A análise envolve Reino Unido, França, Alemanha e Itália, e inclui ainda um gráfico de audiências do primeiro canal espanhol (TVE-1). Sobre Portugal não há qualquer informação (mas basta procurar em jornais como o Público ou o Diário de Notícias).

O que nos diz o texto, e que eu sigo na totalidade nesta mensagem? Que os níveis de audiência da televisão pública inglesa baixaram a níveis históricos, e num momento em que se anuncia o despedimento de 2900 empregados, ao passo que os canais públicos dos outros países em comparação estão em luta acesa pela partilha de audiência com os canais privados.

A quebra de audiências da BBC - abaixo dos 35% - deve-se sobretudo à concorrência das plataformas digitais por cabo e por satélite. Só o canal estrela, BBC1, caiu abaixo dos 25% de share. Há vinte anos atrás, a BBC tinha metade da audiência, partilhada com a ITV, a única empresa privada de televisão então existente. A chegada do Channel 4 (1983), da Sky (1991) e do Channel 5 (1997) alterou as quotas de audiência. Há quatro anos, a BBC caira para 38%, enquanto os canais privados somavam 45% e as plataformas 17% (este ano subiram para 26%). A BBC perdeu a batalha do futebol mas mantém a liderança em termos de informação.

Em França, os canais públicos (France 2, 3, Arte, France 5 e TV5) recuperaram audiência em 2004 [a TV Cabo retirou recentemente da sua grelha exactamente o Arte]. O canal France 2 recuperou face à France 1 audiências em termos de informação das 20:00 mas também lidera frequentemente o período 19:00-20:00, e sem necessidade de recorrer ao populismo ou ao escândalo. France 3 é um canal regionalizado e o France 5, que emite entre as 9:00 e as 19:00, tem consolidado as suas emissões de debate e informação.

O sistema alemão implica que o espectador pague para ver (€16,15 mensais), mas em contrapartida recebe programas de qualidade, filmes sem cortes publicitários e ausência de anúncios a partir da hora de maior audiência (20:00). Além disso, há a garantia dos canais públicos nacionais (ARD e ZDF) e regionais estarem livres da censura do Governo. Os canais públicos somam 41,1% (a ARD tem 14,1% e a ZDF 13,4%), e o resto é repartido pelos canais privados (a RTL tem 14,9%). O telelixo escasseia. O programa estrela da ARD, o telejornal (Tagesschau) das 20:00 dura um quarto de hora! A sua implantação é de tal ordem que, por questões de educação, não se devem fazer chamadas telefónicas durante esses quinze minutos.

Finalmente, quanto à Itália, a televisão pública mantém uma audiência notável (quase 45%). Na próxima Primavera privatizará 20% das suas acções. Embora pareça gozar de boa saúde, a baixa qualidade de programação (como os reality-shows) e a ingerência política causam problemas que se arrastam há muitos anos. Os três canais públicos (RAI 1, 2 e 3) são controlados por Berlusconi.

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