PÚBLICOS DE CULTURA, PÚBLICOS DE ARTE
Na aula de ontem de Públicos e Audiências, houve duas convidadas, pertencentes ao Serviço Educativo do CCB (Centro Cultural de Belém), Bárbara Coutinho e Marise Francisco [as fotografias que lhes tirei não ficaram nada boas, reconheço. As minhas desculpas às duas e aos leitores do blogue].
O que trouxeram à aula? Uma experiência prática em trabalhar com públicos de arte. Isto é: criação e fidelização de públicos e estratégias em torno da criatividade e inovação quanto a esses públicos. Fizeram ainda referência a quatro projectos desenvolvidos no CCB.
O CCB, que abriu em 1993 - após servir de sede da presidência portuguesa da União Europeia -, tem duas áreas fundamentais: espectáculos e exposições. O Serviço Educativo, criado em 1998, está ligado a esta segunda valência. A sua função principal é a de animar cultural e pedagogicamente as visitas. Podemos dizer que se trata de um departamento de comunicação orientado para os vários públicos que visitam o CCB, preparando informação a eles destinada (nas exposições) ou animando cursos de formação. Objectivo - fazer a ligação entre os públicos e os criadores de arte contemporânea.
Curioso que, apesar de ainda não existir um estudo sociológico dos públicos do CCB (um trabalho feito com a índole dos desenvolvidos pelo Observatório de Acrividades Culturais desenrola-se no tempo e custa muito caro), o acumular de experiência leva à conclusão que quem visita o CCB quer mais informação sobre o edifício em si (arquitectura, história) e a sua contextualização quer com o espaço circundante, caso dos Jerónimos, quer com a própria cidade.
Números e projectos
Se, em 1998, houve um número inferior a 5000 visitantes recebidos pelo Serviço Educativo, este valor tem vindo a crescer, chegando aos 30 mil o ano transacto (visitas a ateliês, cursos, workshops, oficinas). O aumento de públicos que o Serviço Educativo apoia prende-se, por exemplo, com a necessidade de descodificar a arte contemporânea, com códigos de leitura muito próprios, necessitando de interlocutores que expliquem esses códigos [Em termos absolutos, o CCB teve o ano passado 140 mil visitantes, uma pequena diminuição relativamente ao ano anterior, explicável pela crescente oferta cultural na cidade].
Das estratégias para cativar e fidelizar os públicos, o Serviço Educativo criou: 1) cartão de professor (um agente amigo ligado às escolas e universidades e relacionado ainda com famílias e amigos), com regalias como desconto em catálogos e nos cadernos pedagógicos, 2) cursos de formação, em horário pós-laboral (em arte contemporânea, arquitectura, cinema, teatro, design), visando a educação e sensibilização do olhar, 3) perto da vista, programa associado à exposição do fotógrafo Gerard Castello Lopes, 4) serviço Ask me, com jovens identificados com uma camiseta e disponíveis para darem informação sobre as peças e obras em exposição.
Sem comentários:
Enviar um comentário