quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

JORNAIS GRATUITOS

"Conhece o novo jornal gratuito Metro?", pergunta o jornal Público na sua coluna de hoje Vox populi (caderno local de Lisboa). Trata-se de um pequeno espaço regular onde se faz uma pergunta a leitores ou simples cidadãos interpelados pelo jornalista e pelo fotógrafo, em quase estilo de apanhado. As respostas são habitualmente simples, mostrando com alguma frequência desconhecimento no tema tratado. Funciona na página onde se insere a tribuna do leitor (cartaz sobre a região); logo é espaço público de opinião.

As respostas de hoje vão do conhecimento à ignorância do jornal Metro. Uma supervisora de 26 anos responde: "Sim, li-o uma vez. Gostei do jornal [...]. Duvido que o tenha lido, pois o referido jornal vai hoje na sua quinta edição.

Ora, que fenómeno é este do Metro e dos jornais gratuitos?

gratuito2.JPG

Primeiro foi o Destak, já no seu quarto ano de existência, distribuido às portas do metropolitano de Lisboa. Aliás, o jornal ostenta o slogan O primeiro diário gratuito português. Parecendo regressar às origens do jornalismo, este tipo de imprensa tem conquistado espaço em vários países da Europa. A dar-lhe cobertura financeira a publicidade incorporada (a edição de anteontem, de que se vê parcialmente a capa, tinha um anúncio de página inteira do Correio da Manhã e fazia promoção do jornal Mundo Universitário, bem como uma secção de classificados de duas páginas - as centrais), em vinte páginas de jornal.

Agora é o Metro. Também em formato tablóide, um pouco maior que o Destak, o seu sustento económico é igualmente a publicidade, mas em maior quantidade que a do outro gratuito, também num total de vinte páginas do jornal. A última página traz um anúncio da Tele2 [as imagens mostram parcelas das capas das edições de ontem e de hoje. Por um erro do paginador, o número inserido no cabeçalho é, ontem e hoje, o quatro; prevê-se que amanhã seja o seis].

gratuito1.JPGgratuito3.JPG

Conteúdos e objectivos

A capa aposta na cor, com uma fotografia em destaque, que ilustra normalmente a manchete. Mas esta pode desdobrar-se em duas. Os temas são do conhecimento prévio dos leitores, adquirido nomeadamente na televisão: processo Casa Pia, condenação de Vale e Azevedo. Quer o Destak quer o Metro têm uma coluna à esquerda, remetendo para desenvolvimento nas páginas interiores.

A leitura é fácil: os textos lêem-se quase numa viagem de metro ou de autocarro e o jornal destina-se a ser deitado fora mal seja lido. Corrijo de imediato, pois os jornais têm a programação da televisão e páginas de lazer: palavras cruzadas, descubra as 10 diferenças, receitas de culinária, horóscopo e até a meteorologia. E também páginas de desporto, internacional e economia.

gratuito4.JPGgratuito5.JPG

gratuito6.JPG[a publicidade fica ao pé dos pontos de distribuição do jornal: as estações da Alameda (D. Afonso Henriques) (primeira imagem) e Areeiro (as outras duas)]

Ou seja: o Metro traz quase tudo o que possui um jornal que custa dinheiro. O fenómeno dos gratuitos pode ter duas consequências, sendo a primeira a conquista de novos leitores (no metro isso já é notório, com os passageiros a lerem o seu exemplar). Mas pode criar uma situação gravosa, a de os jornais pagos se ressentirem em termos de vendas, casos dos populares 24 Horas e do Correio da Manhã, mas ainda dos jornais de referência Diário de Notícias e Público. Além de que não é preciso ir procurá-lo à tabacaria ou quiosque; o jornal espera o leitor à porta do metro! Basta reflectir no slogan do novo jornal: A informação não tem preço. E, acima de tudo, as suas notícias leves não são tão fantasiosas, sensacionalistas ou bombásticas que as dos jornais populares e tablóides.

Das fichas técnicas retiro os seguintes elementos: o Metro pertence à Transjornal Edição de Publicações e conta como director Nuno Henrique Luz, com uma redacção de seis elementos, um deles estagiário. A periodicidade é de segunda a sexta-feira. Não possui indicação de tiragem. Funciona na zona das Amoreiras, em Lisboa. O Destak pertence à Metro News Publicações, tem como chefe de redacção Cristiana Pereira e sete jornalistas a trabalharem, além da editora. A tiragem é de cem mil exemplares. Funciona em Carnaxide.

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rogério,
antes do Destak já havia o também gratuito Jornal da Região (actual grupo Edimpresa), desde Maio de 1996. E recuando alguns anos, Artur Albarran lançou "O Século" gratuito, embora sem grande sucesso...
PedroF

Anónimo disse...

Não tenho dúvidas que os jornais pagos terão muitas dificuldades com a circulação dos jornais gratuitos. O Destak é distribuido gratuitamente no metro mas também noutros locais da Grande Lisboa, como por exemplo, nas estações de comboio da Margem Sul (Fertagus).

Rogério Santos disse...

Obrigado pelos contributos.

emot disse...

São conceitos diferentes, actuais, pertinentes e com algum valor. Pecam pela brevidade na informação e, pelas redacções diminutas que nem sempre conseguem elaborar mais certos artigos... Pessoalmente prefiro escrever no Público e ler o Público, e algumas secções do DN, bem como as revistas semanais...
Outro conceito possível desenvolver ainda seria revistas gratuitas semanais...

Eu sei bem disso... visto ser jornalista num destes jornais, aquele com o K, Destak.
Abraço e Parabéns pelo blog!
JT

Anónimo disse...

Viva meus caros leitores!! O Destak não presta!! ja não é aquilo que era antigamente!! Existe muita competição e as pessoas são sinicas umas com as outras. Hà muitos interesses em jogo!! Paciência!!!