Retomando o tema das lojas e centros comerciais em trabalhos dos meus alunos, faço hoje alusão a três deles (o último será presente num outro post): 1) Ikea, de Filipa Arrobas da Silva, Rita Rousseau e Mariana Romão, 2) Colombo, de Patrícia Cintra, Daniela Seabra e Cátia Santos, e 3) Amoreiras e Colombo, de Ana Rita Pires, Mariana Gomes da Costa e Rosa de Oliveira Pinto. Em todos estes trabalhos, o objectivo foi o de saber como se formam os públicos consumidores.

O conhecimento prévio da loja fora, no essencial, o de boca-a-orelha (17 respostas), através dos media (11), por publicidade deixada na caixa do correio (4) e a partir do estrangeiro (1). Aos respondentes (23 em 30 eram habituais fregueses das lojas de decoração e mobiliário) colocou-se a seguinte pergunta: qual o principal motivo de deslocação ao Ikea? Afirmaram: produtos de qualidade e a baixo preço (21), design moderno e arrojado (18), grande variedade de produtos (6). Havia uma quarta escolha - estacionamento grátis e garantido - mas sem sucesso na resposta. As alunas concluiriam que, apesar do Ikea ter aberto num ano de depressão económica, a marca conseguiu elevados níveis de procura, dada a relação preço/qualidade ser imbatível e porque vende bens essenciais e ligados ao bem-estar e conforto.
Vale a pena reflectirmos o que Rachel Bowlby (2000: 10-11) escreveu sobre o Ikea: andamos pelas salas onde se mostram mobiliários e objectos, parando para olhar e experimentar as cadeiras ou abrir portas ou tocar nas peças expostas, todas ligadas a decoração de quartos e salas. Nestas salas não há nada para comprar, apenas o desejo de comprar (anotamos os objectos do nosso plano de aquisição numa folha que retiramos à entrada, juntamente com um pequeno lápis). Depois de passearmos por todas as áreas diferentes - acabando na moda dos anos 2000 - chegamos à cafetaria. É o espaço de ligação à segunda parte, onde estão os mobiliários de cozinha e da linha de camas, antes de chegarmos ao armazém e à necessidade de arranjarmos um carrinho onde colocamos as peças (desmontadas) respeitantes ao que queremos comprar. Ao fazermos todo este trabalho, poupamos nos custos de distribuição, reflectindo-se no preço final. Estão aqui presentes as duas versões do estilo moderno de comprar: trabalho e lazer.
Colombo versus outros locais

Assim, as alunas colocaram vários locais para compras por esta ordem: 1) Colombo, 2) Vasco da Gama, 3) comércio tradicional, 4) Amoreiras, 5) outlet do Carregado, 6) outlet de Alcochete. Por outro lado, apontaram os períodos de compras com maior frequência à tarde, seguindo-se o fim-de-semana e após a saída do trabalho, coincidindo com o texto de Turo Kimmo Lethonen e Pasi Mäenpää (1997) aqui referenciado no blogue por diversas vezes. Metro e veículo próprio são as formas mais habituais de deslocação. Até duas horas é o tempo habitual de compras (16 em 20 respostas). As três alunas concluiram ainda pela necessidade prática em torno das compras.
Leitura: Bowlby, Rachel (2000). Carried away. The invention of modern shopping. Londres: Faber and Faber
[continua]
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