quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

LOJAS E CENTROS COMERCIAIS –II

[continuação do post de ontem]

Colombo versus Amoreiras

Finalmente, o grupo de de Ana Rita Pires, Mariana Gomes da Costa e Rosa de Oliveira Pinto procurou encontrar uma identidade e distinção entre os clientes das Amoreiras e os do Colombo. Foram inquiridas 30 pessoas nas Amoreiras e outras 30 no Colombo, concluindo-se que a maioria delas visita cada um destes espaços uma vez por semana. Fazendo uma separação por géneros, as investigadoras anotaram que as mulheres que visitam o Colombo fazem-no uma vez por semana, ao passo que os homens o procuram quando estritamente necessário, o que as levou a percepcionar pela maior fidelidade das mulheres ao centro comercial.

As principais razões de escolha são hábito (22) e proximidade geográfica (20), no caso do Amoreiras, e diversidade de escolha (20) e proximidade geográfica (18), no caso do Colombo. Para as Amoreiras, a razão da proximidade - um pouco acima da mesma referência ao Colombo - justifica-se pela elevada densidade populacional da zona, próxima dos bairros de Campo de Ourique e de Campolide.

As alunas não esconderam, ao longo do texto, a sua preferência pelas Amoreiras. Eu também o faria se falássemos do Fonte Nova, em Benfica, por oposição ao Colombo - pela dimensão, pelas lojas ainda não franchisadas, apesar destas estarem a diminuir, por uma clientela de bairro que se desloca a pé e não em transporte pessoal. Para Ana Rita Pires, Mariana Gomes da Costa e Rosa de Oliveira Pinto, o frequentador-tipo das Amoreiras "assume declaradamente que se sente emocionalmente ligado ao centro". 22 dos respondentes nas Amoreiras estão ligados ao centro pelo ambiente (afectivo, estético) que lá se respira. E as alunas clarificariam o significado do termo desafogamento quando aplicado ao Amoreiras: "posso andar sem muita gente à minha volta" (João Neves, 49 anos, um dos entrevistados).

À pergunta "o que mais lhe agrada no centro?", as respostas foram ambiente, restauração e diversidade de lojas nas Amoreiras e diversidade de lojas, restauração e supermercado no Colombo. A restauração, notam as alunas, é melhor no Amoreiras, apesar da menor dimensão: elas salientam o Garden Burger, muito apreciado pelos jovens, e que não existe no Colombo. Algumas respostas apontaram também no sentido da identificação com uma loja, caso da Havaneza: embora exista nos dois espaços de compras, uma das respondentes (não identificada, 50 anos) ressalvou a fidelidade a essa loja nas Amoreiras. E este centro seria o ideal se também tivesse a FNAC (João Tiago Correia, 29 anos). Ou "a tradição é bastante importante para o sucesso das Amoreiras" (Filipa Paneiro, 50 anos).

Finalmente, é curioso destacar o facto de uma loja funcionar como pólo de atracção (ou âncora). Inevitavelmente a FNAC é a loja mais procurada no Colombo (informação que as alunas obtiveram do centro de informação do centro comercial). Mas dois dos respondentes salientaram a importância do sapateiro (presumo que de consertos).

Observação: no final do semestre, premiei os três melhores trabalhos. O de Ana Rita Pires, Mariana Gomes da Costa e Rosa de Oliveira Pinto foi um deles. Os outros seriam Morangos com açúcar, de Gisela Pereira, Marta Amado e Sofia Palma, e O clube de fãs de Mafalda Veiga, de Ana Sofia Rocha, Natacha Almeida e Rita Félix Soares - já aqui resumidos. O prémio para cada grupo foi o livro de Maria Filomena Mónica, O filho da rainha gorda. De notar que o texto Morangos com açúcar já teve 1,07% de visitas assinaladas pelo eXTReMe Tracking, desde 18 de Janeiro, quando coloquei o post sobre este seriado juvenil.

Leitura: Bowlby, Rachel (2000). Carried away. The invention of modern shopping. Londres: Faber and Faber

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