segunda-feira, 7 de março de 2005

EXIBIÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM PORTUGAL – 2004

Recentemente, o ICAM apresentou os números respeitantes à exibição cinematográfica no país. A informação apresentada - e que a direcção do ICAM teve a amabilidade de me fornecer - é "fruto de um ano de trabalho no âmbito do processo de informatização de bilheteiras e de transmissão de dados electrónicos pelos exibidores cinematográficos – promotores de espectáculos – nos termos do disposto no decreto-lei nº 125/2003, de 20 de Junho".

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Assim, de 278 concelhos listados, há 172 deles que possuem salas de cinema, totalizando 274 recintos e 592 ecrãs. O distrito de Lisboa lidera (43 recintos e 159 ecrãs), seguindo-se o Porto (21 recintos e 88 ecrãs), Setúbal (18 recintos e 60 ecrãs) e Faro (18 recintos e 41 ecrãs). Há distritos com um número razoável de recintos mas menor quantidade de ecrãs, caso de Leiria (19 recintos e 21 ecrãs), o que ilustra a questão dos multiplexes e megaplexes, centrados nos principais centros urbanos.

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Salas e espectadores

O quadro seguinte ilustra o número de espectadores de cinema ao longo de 2004. Assim, os meses de maior quantidade de entradas nas salas são Julho e Agosto, meses tradicionalmente de férias. Isto induz a ideia de que, passando férias perto de casa, os portugueses alternam uma ida ao cinema com outra à praia. Dezembro e Janeiro são os meses seguintes com maior procura nas salas de cinema.

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O número total de espectadores é de 16,28 milhões, dando, grosso modo, 1,6 idas anuais dos portugueses ao cinema, valor bastante escasso - e que eu já reflectira há algum tempo, quando li as primeiras informações na imprensa. Quanto a receitas por distrito, Lisboa vai à frente (€28,9 milhões), seguindo-se o Porto (€14,7 milhões) e Setúbal (€6,9 milhões). Portalegre é o distrito que menos rende em termos de cinema (€22 mil).

Exibidores e distribuidores

Quanto aos principais exibidores, a Lusomundo lidera (25 recintos e 148 ecrãs, equivalente a 9% do total do existente no país), seguindo-se a Socorama - Castello Lopes (23 recintos e 89 ecrãs, 8% do total) e o grupo Paulo Branco (10 recintos, 64 ecrãs e 4% do total do país). Já em número de espectadores, a Lusomundo lidera folgadamente (7,7 milhões), após o que vem a Castello Lopes (3,3 milhões) e Paulo Branco (1,9 milhões).

Além de liderar o mercado da exibição, a Lusomundo também ocupa o lugar cimeiro em termos de distribuição, como mostra o quadro seguinte, uma ilustração da hegemonia que exerce em grande parte da cadeia de valor do cinema em Portugal.

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Das longas metragens estreadas no país em 2004, as americanas levam grande vantagem (120, a que corresponde 42,7% do total), seguindo-se as europeias (76 e 27%). Portugal estreou 18 filmes (6,4%). Dos filmes mais vistos, Shrek 2 vendeu 743.156 bilhetes, seguindo-se A paixão de Cristo (685.974 bilhetes) e Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (513.957 bilhetes), ranking a que eu já fizera alusão num outro post. Os 44 filmes mais vistos o ano passado foram produzidos ou co-produzidos pelos Estados Unidos. Balas e bolinhos, de Luís Ismael, seria o filme português mais visto (em 93º lugar, com 46.671 espectadores).

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Últimas notas: como referimos noutro post, há ainda uma discrepância em termos de números relativamente ao Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números do INE são mais elevados, dado que os dados do ICAM reportam somente às bilheteiras informatizadas. Além disso, não temos dados qualitativos, do género que públicos e faixas etárias são predominantes. Contudo, uma vez que dois dos três filmes mais vistos se orientam para públicos jovens, julgo natural que os frequentadores mais assíduos sejam os jovens.

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