INDÚSTRIA DISCOGRÁFICA VALE MENOS 25%
Citando os valores publicados pela Associação Fonográfica Portuguesa, Nuno Galopim, do DNMúsica, na sexta-feira passada, destacava uma perda de 25% no mercado fonográfico português no ano passado. Uma indústria que valia €100 milhões em 2002 e €81 milhões em 2003, baixava para €61 milhões em 2004. Na venda de CDs, a quebra foi da ordem dos 21,9% e as cassetes áudio desvalorizaram 37%, ao passo que os DVDs mantiveram o nível do ano transacto.
Quais as razões da quebra, numa altura em que os mercados americano e inglês estão a recuperar? Apontam-se as seguintes razões: 1) pirataria digital e física, 2) indiferença das rádios nacionais face às novidades discográficas, e 3) preço elevado dos discos.
Compilações e criação de futuras velhas canções
A editora melhor sucedida em 2004, continua a escrever Galopim, foi a EMI Music Portugal (23,43% da facturação total), seguindo-se a Universal (18,84%). As editoras Farol (9,01%) e Som Livre (8,99%) foram as surpresas do ano, sobretudo no mercado das compilações. Neste último caso, pode dar-se o fenómeno chamado mercado futuro de velhas canções. Explico-me melhor, através da leitura da peça assinada por John Leland, do New York Times de sábado último (encarte do Le Monde).
Escreve Leland que, embora se considere a pop music um território da juventude, com os vídeos muito sugestivos sexualmente que passam nas listas do canal MTV, a verdade é que os velhos cantores e músicos ganham mais. Embora não produzindo novos êxitos, são os que vendem mais. Assim, Phil Collins, Cher, Elton John, Simon & Garfunkel e Sting contam-se entre os que mais discos venderam em 2004.
Isto pode ser um trauma para as jovens bandas, a quem se diz que o melhor modo de ganhar dinheiro é vender bilhetes de concerto e camisetas. A realidade, contudo, é a venda de discos - o que pode ser um choque para os fãs. E aqui entra a ideia do mercado futuro de antigas canções. O que quer dizer que, daqui a cinco ou seis anos, Echo and Bunnymen, New Order ou Cure estarão na linha da frente em vendas de discos, mesmo que já hajam desaparecido ou não tenham músicas novas para lançar.
Os músicos mais antigos criaram uma marca e exploram-na. Isso aproxima-se do conceito de lovemark, termo pertencente Kevin Roberts, director executivo da Saatchi & Saatchi, como escrevi aqui no fim-de-semana. Uma lovemark desperta afectos e sentimentos, logo é vendável.
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