O tema escolhido por Carla Pereira, aluna do mestrado de ciências da comunicação da Universidade Católica, é actual. No trabalho final do módulo de Media, Públicos e Audiências, ela debruçou-se sobre os “potenciais efeitos negativos da exposição televisiva”, em especial o consumo de desenhos animados, chegando a falar em “cultura infantil subversiva”. Mas de que se trata, afinal?
Carla Pereira escreve que, “ao admirarem uma determinada personagem (fictícia), as crianças tornam-se peritas na arte de imitação, primeiro individual depois colectiva, reforçada pelo encontro com outras crianças na escola” (p. 10). Para entender melhor a situação, a autora aplicou um inquérito com perguntas fechadas e semi-abertas a 28 crianças de uma escola particular de Lisboa. Considerou quatro dimensões: 1) caracterização do inquirido (idade e sexo), 2) hábitos de consumo televisivo, 3) preferências de séries infanto-juvenis, e 4) fãs e fanatismo. Realizou um pré-teste antes de aplicar o questionário. Da população inquirida, 81% tem sete anos e 19% oito anos, com 54% de rapazes e 46% de raparigas.

Rápida caracterização de alguns desenhos animados
A autora analisou 27 séries de desenhos animados. Das preferidas, Kim Possible vem em primeiro lugar, seguindo-se Lilo & Stitch, Digimon, Recreio, Sabrina, Timon & Pumba, Doreimon e Dave o bárbaro. Kim Possible, personagem respeitada e admirada na escola pelos amigos, é tratada pelos pais como criança pequena. Aventureira, perita em defesa e luta pessoal, é uma excelente aluna. Já Lilo é uma menina orfã, que adopta Stitch, uma mascote que parece um cão mas é o resultado de experiência genética que usa Lilo como escudo humano contra captores extra-terrestres. Stitch tem uma inteligência superior aos humanos e também uma grande força destruidora.

Enquanto as meninas, prossegue o estudo de Carla Pereira, se identificam mais com as personagens Kim Possible e Sabrina, os meninos preferem as personagens de Digimon, Ninja, Stitch e Medabots.

As meninas atribuem maior valor às categorias de bonito, simpático e feliz; os meninos preferem a valentia e a amizade.
Conclusões

A metodologia, o empenho e o modo de apresentação do trabalho de Carla Pereira (apesar de ter um número pequeno de inquiridos e pertencentes a uma escola identificada com uma classe de alto nível económico) levou-me a concluir estar perante um trabalho muito rigoroso. O texto termina do seguinte modo: "A sociedade não pode parar a manifestação da violência nos desenhos animados mas pode contribuir para a minimização dos seus efeitos" (p. 20). A mestranda - com uma criança na idade dos inquiridos, pelo que a observa permanentemente em casa e nos períodos em que a leva e vai buscar à escola -, fez um trabalho notável de visionamento das séries de desenhos animados, como ficou provado na apresentação do trabalho em PowerPoint (em sessão pós-entrega de notas). Encorajo-a a prosseguir esta investigação noutro âmbito.
2 comentários:
Fez um trabalho tão notável, que tirando a Kim Possible todos as descrições das séries estão um bocado... mal.
As duas irmãs de Dave? Um rapaz com um Digimon a lutar contra os digimaus? Quantos episódios viu de cada série? E as séries eram mesmo feitas para crianças ou seriam para teens?
Sinceramente....
Quer dar mais pormenores para eu publicar aqui no blogue?
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