CONCEITO E PRÁTICA DE OUTLET CENTER
Do conjunto de trabalhos do módulo de Media, Públicos e Audiências que tenho vindo a seleccionar para sintetizar aqui, termino hoje com a apresentação de dois textos sobre o mesmo tema - o outlet de Alcochete -, realizados pelos alunos Sérgio Santos e Luís Soares.
Neste momento, o país conta com quatro outlets - conceito de centro de lojas localizado junto de autoestradas e praticando preços de saldo, dado os bens serem de colecção antiga ou com pequeníssimos defeitos. Para além da venda de bens, os outlets pretendem ser um espaço de passeio e de lazer; daí, as zonas de restauração, recreio e espectáculos. Os outlets localizam-se em Alcochete (Freeport Designer Outlet), Carregado (Campera Outlet Shopping), ambos na área da Grande Lisboa, mas em direcções opostas, Gaia (Grijó Outlet) e Vila do Conde (Factory Vila do Conde), os dois à volta do Grande Porto também em direcções geográficas opostas ao Porto.
Podemos definir três tipos de concentração de centros comerciais: 1) vizinhança, com um relativamente pequeno conjunto de lojas situadas na proximidade de bairros periféricos (um exemplo será o centro comercial da Portela, junto a Lisboa, surgido nos finais dos anos 1970), 2) comunidade, com uma dimensão maior que o anterior, implantados nos centros das cidades ou perto de nós vários suburbanos (caso do Pão de Açúcar de Almada, antes de se ter transferido para o Fórum Almada), e 3) regionais, com uma arquitectura mais elaborada, gestão integrada do espaço e com uma influência grande sobre uma área geográfica mais vasta (Fórum Almada; Norte Shopping).
O Freeport possui um quarteirão central, em volta de um pequeno espelho de água, onde se encontram algumas das lojas principais. Escreve o aluno Sérgio Santos que a organização das lojas se fez com o objectivo de maximizar os fluxos pedonais. Por exemplo, as lojas de roupa agrupam-se na avenida principal; as lojas de material desportivo em ruas laterais. A zona das esplanadas, no segundo piso, é um espaço de sociabilidade e de lazer, servido mais à frente por um complexo de salas de cinema.
Concelho de índole rural, Alcochete, com o Freeport, que se seguiu à ligação da ponte com Lisboa, está a passar por uma transformação quase radical, diria eu. O concelho vê serem implantados muitos empreendimentos habitacionais, muito visível para quem vem de Lisboa pela ponte Vasco da Gama. Ao mesmo tempo, espera-se que empresas estabeleçam ali negócios. O Freeport será, neste momento, já o principal empregador do concelho, embora o aluno não tenha avançado com dados mais precisos no seu trabalho.
O inquérito de Luís Soares
No outro trabalho, foi desenhado um inquérito, procurando saber junto de uma população indo dos 10 aos 60 anos o que pensava do outlet. Para perceber os hábitos de consumo, fez 30 inquéritos em meados de Fevereiro deste ano, entrando em linha de conta com género, idade, habilitações académicas e perspectivas profissionais. Entrevistou 17 pessoas do género masculino e 13 do feminino.
Do público masculino, os entrevistados tinham maioritariamente idades entre 20 e 36 anos (59%), seguindo-se os de idades compreendidas entre 36 e 60 anos (29%). A deslocação ao Freeport faz-se com um objectivo específico (41%), por lazer (35%) ou para comparar preços (24%). Quando inquiridos sobre situações de compra, responderam ir em média uma a duas vezes por mês e comprarem essencialmente vestuário e, ainda, electrodomésticos.
Já para as consumidoras, o grupo etário dos 20 aos 36 anos representou a maioria, com 77%, seguindo-se um grupo mais velho (23%). Em termos de habilitações literárias, havia um número maior de mulheres possuindo o 12º ano de escolaridade. 77% tinham emprego, 16% eram reformadas e 7% estudavam. Das que laboram, um total de 69% auferiam entre 500 e 1000 euros, 8% mais de 1000 euros. 54% das inquiridas manifestaram preferência por comprar em grandes superfícies e deram relevo à autonomia de deslocação (a maioria tinha viatura própria). 46% das inquiridas afirmariam frequentar com assiduidade o outlet.
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