sexta-feira, 27 de maio de 2005

SOBRE A COMUNICAÇÃO

A comunicação existe no centro da vida diária. De tão habitual nem damos pela sua importância. Falamos, ouvimos, escrevemos, seguimos os sinais de trânsito, empregamos gestos. Lemos notícias nos jornais, na televisão, nos painéis de rua. Usamos correio electrónico para o envio e recepção de mensagens; trocamos mensagens no telemóvel em linguagem simplificada. O nosso mundo está saturado de mensagens.

Dos transportes à comunicação

Comunicar significa, etimologicamente, tornar comum, isto é, a partilha de opiniões ou ideias, o diálogo, a troca de informações. Houve formas primitivas de comunicação. Por exemplo, o estafeta, mensageiro a pé ou cavalo. Ou ainda a cadeia de transmissores acústicos, que levam a mensagem através da voz, do grito ou por outro meio sonoro, como o tambor africano. São também os casos do telégrafo óptico, utilizado pelos romanos, com a sua rede de “torres de fogo”, ou dos sinais de fumo dos índios norte-americanos. Em 1794, Claude Chappe retomaria a telegrafia visual, reduzindo o tempo de transmissão de uma mensagem: na linha de Paris a Toulon, de vários dias para 20 minutos. Os grandes inconvenientes do sistema de Chappe residiam no recurso a transmissores humanos (fontes de erro na identificação e transmissão de sinais) e na fraca capacidade de utilização em tempo (cerca de seis horas diárias e somente em dias de sol).



O transporte de informação a grandes distâncias e em boas condições de comunicação apenas se tornará possível graças à utilização da energia eléctrica. Esta pode transformar-se noutros tipos de energia: as mensagens eléctricas convertem-se em sinais ópticos, acústicos ou mecânicos. O telégrafo de Chappe é suplantado pelo telégrafo eléctrico de Samuel Morse (1844). A partir de 1874, Émile Baudot aperfeiçoa um sistema que permite enviar textos a partir do alfabeto – aproximava-se o nascimento do telex. Dois anos mais tarde, em 1876, Bell profere as primeiras frases a partir do seu telefone.

No início do século XX, com a melhor qualidade dos condutores (e a gradual atenuação de perdas de energia), a utilização de retransmissores-amplificadores, de cabos coaxiais e de sistemas de comutação, as telecomunicações crescem de importância. A aplicação dos feixes hertzianos permite às comunicações libertarem-se do condutor eléctrico: Guglielmo Marconi, aproveitando as investigações de outros cientistas, fez funcionar, em 1897, o primeiro telégrafo sem fios.

O aparecimento de válvulas electrónicas (o díodo em 1904 e o tríodo em 1907) permitiu a sua aplicação à telefonia e, desde 1913, tornou-se possível a retransmissão de música. Por seu turno, Vladimir K. Zworykin, culminando longas investigações, aplica o tubo de raios catódicos ao sistema de transmissão radioeléctrica. Chegava a vez da televisão [a última imagem da série representa o dia de inauguração do serviço telefónico no Porto, estação instalada na rua Ferreira Borges, a 1 de Julho de 1882].

Leitura: Rogério Santos (1992). História das telecomunicações em Portugal (1877-1990). Contributos para a sua compreensão. Lisboa: TLP, pp. 7-8

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