quarta-feira, 31 de agosto de 2005

A INTERNET SEGUNDO ANDY BENNETT

O peso do computador na cultura de hoje faz nascer uma literacia electrónica, que articula os produtos em linha com os produtos já feitos (CD-ROMs, bases de dados) e estabelece redes de relações pessoais [acrescento eu: a provar tal, os almoços e jantares de blogueiros e a edição de livros feita por Paulo Querido a partir de projectos de textos em blogues. bennett.jpgHá também relações com as máquinas, como as pesquisas no Google. Registe-se ainda o uso de uma linguagem mais livre mas contaminada por outras experiências, caso da contracção de palavras e emprego de iniciais como nas mensagens SMS e Messenger].

Uma página da internet [como um blogue] tem um baixo custo, é adaptável [configuração, extensão, com ligação a outros sítios] e um meio de publicação de grande alcance. O seu uso pressupõe um novo capital cultural, que ultrapassa barreiras geográficas e temporais [de novo os almoços e jantares de blogueiros], permitindo o estabelecimento de novas associações colectivas. Por outro lado, existe a possibilidade de se estabelecer uma nova identidade (refúgio em pseudónimos, que escondem idade, género e proveniência pessoal) [para além da alteração da relação público/privado, pois a publicação de mensagens pessoais num meio de acesso universal reduz essa distinção].

A confluência de tecnologias e saberes permite, na internet, uma grande criatividade [como nos blogues: narrativas escritas, fotos, desenhos] e uma maior participação cultural.

Por ser barata e adaptável, como escrevi acima, os novos movimentos sociais usam a internet como primeiro meio para a comunicação autónoma, formando potencial para a construção social e comunitária, com mobilização, conhecimento e acção política directa (Bennett, 2005: 92). Ao que eu acrescento: a expansão da blogosfera dependeu destas facilidades.

Um último pormenor: a utilização por pequenos grupos e em escala reduzida de intervenientes e acções permite a expressão de uma participação mais igualitária nos debates e nos processos decisivos. Ou seja, enfraquecem-se as concepções autoritárias e vanguardistas nos novos movimentos sociais.

Bennett é professor de sociologia na universidade de Surrey. Este livro é um manual que preenche, por inteiro, os objectivos do blogue. Para além de definir conceitos em torno da cultura de massa e do pós-modernismo, Bennett olha os media, a moda, a música, o turismo e a contra-cultura como elementos centrais da vida do quotidiano. A sua leitura está a ser um tónico para mim.

Leitura: Andy Bennett (2005). Culture and everyday life. Londres, Thousand Oaks e Nova Deli: Sage, pp. 89-93. Total de páginas: 207. Custo: £19,99 (aproximadamente: €30).

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