Há quem diga, presentemente, que os jornais gratuitos servem para criar hábitos de leitura a públicos jovens (16 aos 25 anos). Confesso que, apesar de registar a bondade dessa perspectiva, tenho dúvidas. Claro que não me apoio em dados empíricos; logo, a minha visão pode estar errada.

Qual a razão do arranque do jornal e do seu sucesso? María Jesús de la Puerta estava convenciada que os jovens tinham outros interesses para além da televisão, dos videojogos e da telenovela. Descobriu que os jovens queriam andar informados, mas os jornais tradicionais não lhes explicavam adequadamente as razões do conflito do Médio Oriente, o que aconteceu após a queda do Muro de Berlim ou o que é o plano Ibarretxe (País Basco), o que os obrigava a pedir ajuda aos pais. Além de que o grafismo dos jornais não era atraente.
Desde que começou já editou 30 números, cada um vendido a €0,59. Trabalha com mais oito jornalistas e facturou €70 mil o ano passado. Em breve, espera alargar o seu jornalinho a Huelva e Málaga, para além de Sevilha.

Para mim, o "Kulto" não é um projecto para informar e manter actualizado os jovens que o lêem, como o projecto sevilhano. Traz algumas informações úteis, como ciência, desportos e muitas dicas. Mas não me parece que prepare uma nova geração para ler jornais. É que, mesmo que estivesse correctamente posicionado para um público etário, ele é muito estreito e não serve para uma banda de alguns anos (pela linguagem e temáticas expressas). Se criar leitores fiéis, perdê-los-á à medida que as crianças cresçam, o que implica arranjar fiéis entre os mais pequenos, num ciclo permanente de conquista. Creio que esse é o falhanço que se pode apontar à publicação.
1 comentário:
Talvez a estratégia seja apenas o de expor os leitores aos anúncios da publicação. O projecto espanhol parece-me bem mais inteligente.
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