domingo, 16 de outubro de 2005

2º Encontro de Blogues na Covilhã

Conforme o planeado decorreu na Universidade da Beira Interior (Covilhã), a 14 e 15 de Outubro, o 2º encontro de blogues [neste blogue, encontram-se muitas informações, dado que ele foi sendo actualizado enquanto durava o encontro], aproximando-se dos oitenta participantes. O organizador (entre outras pessoas menos visíveis) foi João Canavilhas, docente daquela universidade, rouco e cansado no final de tantas tarefas - mas que valeram a pena.

O meu caderno de apontamentos (analógico, isto é, em papel) encheu-se de notas. Das propostas dos grupos de trabalho e dos oradores individuais, retiro algumas notas, embora tenha consciência de nem tudo ficar aqui.

Começo por Manuel Pinto, que analisou dados de inquérito a inscritos no encontro (comparado com dados obtidos em inquérito realizado em Setembro de 2003, aquando do 1º encontro em Braga). Dos respondentes, há um maior equilíbrio entre homens e mulheres (subida destas), com mais habilitações no domínio do mestrado/doutoramento e menos na licenciatura (não podemos esquecer os públicos-alvo destes dois encontros, distintos, por exemplo, de almoços e jantares de blogueiros em que já participei). Quanto a como tomou conhecimento dos blogues, em dois anos baixou a via da internet e mais a das dicas, indicando a perda de novidade do fenómeno. A blogosfera é mais uma área para obter e partilhar informação, enquanto desce a ideia de que os blogues concorrem ou são alternativa aos media tradicionais mas fazem um registo de complementaridade. Há, da parte dos respondentes com blogues, uma preocupação com a audiência e com os comentários (80%) e uma identificação nas mensagens (85%).

O professor da Universidade do Minho fez ainda um interessante esquema que mostra o modo como os blogues contribuem para a mudança do sistema comunicacional: 1) fonte de informação (nova fonte para os media e para os cidadãos), 2) monitorização do meio envolvente (escrutínio público do jornalismo e dos media; acompanhamento dos campos da vida social, da cultura, tecnologia, desporto), 3) espaço de debate e intervenção, 4) laboratório de ideias e tendências (criação literária, descoberta de talentos), 5) ferramenta pedagógica e espaço de aprendizagem, e 6) arquivo e memória (apontador para sítios interessantes, caderno de apontamentos).

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beira8.JPGNo final do encontro, José Luís Orihuela, da Universidade de Navarra, deixou 10 chaves para entender o impacto dos blogues, num momento em que existem já cerca de 100 milhões. Para Orihuela, se os media começaram a aproveitar o fenómeno dos blogues para seu usufruto, ainda não compreendem a sua cultura.

O professor de Pamplona elencou alguns elementos da modernidade da internet pós-blogues, como: 1) existência de uma série de serviços killer applications (casos da Technorati e do Flickr), 2) emergência de media sociais (wikipedia; moblog.publico.pt para dar conta do recente eclipse), 3) corporate blogging (blogues como ferramentas de comunicação empresarial), 4) blogues comerciais, 5) blogues dos media (o blogue do Kulto, a revista do Público de domingo; GuardianUnlimited), 6) RSS + tagging (caso do Flickr), 7) podcasting (da rádio pessoal está a passar-se para a imagem e o audiovisual), 8) googleização (os blogues têm aplaudido o Google, que parece cada vez mais ser o novo Microsoft), 9) info-poluição.

Daí, ele entender que o futuro passa ainda pelos blogues temáticos, pelo multimedia (mais os novos formatos, como os vlogs - videoblogues, podcasting e portalização dos blogues), pela blognomics (a comercialização dos blogues), pela web 2.0 (de que a wikipedia parece ser um indicador, isto é, a internet mais livre e partilhada em tempo real), em que se pode já datar a existência de uma blogosfera 3.0 (a 1.0 decorreu entre 1992 e 1999 e a 2.0 foi até ao ano passado).

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