sábado, 22 de outubro de 2005

4º CONGRESSO DA SOPCOM (VII)

Um dos trabalhos que mais gostei na mesa de jornalismo foi o de Luísa Teresa Ribeiro, A redacção de um diário regional católico como espaço de socialização. Como base, ela partiu da redacção do Diário do Minho, jornal onde trabalha e seu objecto de estudo, o qual funciona como um espaço de socialização. A autora fez um inquérito a 19 dos 21 jornalistas (as não respondentes tinham justificação: uma estava de licença de maternidade, a outra era a própria investigadora).sopcom3.JPG

Da observação que fez - e que serve para o seu trabalho de tese de mestrado em curso na Universidade do Minho -, entende haver um trabalho colectivo e altamente organizado, em que o jornalista é confrontado com uma política própria da organização, havendo uma auto-selecção (os estagiários já conheciam o jornal). Há notas curiosas, como a identidade católica condicionar a linguagem, a não busca do lucro como objectivo prioritário do jornal, a aprendizagem feita em especial com as chefias (conquanto um número significativo de profissionais terem o curso de comunicação social, como a autora referiu numa outra comunicação apresentada ao congresso), a permanente troca de opiniões no seio da redacção e a criação de amizades entre os colegas.

maximino.jpgJornalismo de proximidade eis o grande objecto de Luísa Teresa Ribeiro, o mesmo que um livro que descobri em Aveiro, o de José Carlos Maximino, Jornais e jornalistas na grande área metropolitana de Aveiro (edição de "A Folha Cultural", em 2005).

Maximino, jornalista do Jornal de Notícias, primeiro responsável pela informação diária da Rádio Independente de Aveiro (RIA) e antigo professor de História da Comunicação na escola profissional de Aveiro (EPA), produz neste livro um "trabalho monográfico, rigoroso quanto possível, que pretende retratar a chamada «imprensa regional e local», sem a preocupação de seguir a definição legal" (do resumo inicial, página 17).

Ainda não tive tempo de ler o livro, mas olhando o índice descobre-se a cobertura da imprensa, rádio, televisão, páginas pessoais da internet e blogues.

navio.jpgObservação: o livro foi comprado na livraria O navio de espelhos, quase atrás do teatro da cidade, projecto de dois anos e que faz lembrar a Ler Devagar, aqui em Lisboa, com a qual existe uma relação de propriedade. Trata-se de um espaço agradável (e que substitui a livraria Notícias, no Fórum Aveiro, onde agora funciona uma vulgar loja de serviços FNAC; há cinco anos, quando trabalhei em Aveiro, durante meio ano, ia frequentemente a essa livraria, onde encontrei edições recentes que não se vêem nas livrarias de Lisboa). Desejo muita sorte aos proprietários da livraria, assim como à jovem simpática e bonita empregada, estudante universitária em design, que me contou algumas coisas daquele espaço e dos fluxos de cultura da cidade.