terça-feira, 11 de outubro de 2005

SOBRE AUDIÊNCIAS DE TELEVISÃO

A 30 de Agosto do ano passado escrevia neste sítio um apontamento sobre o trabalho de Christine Geraghty (1997). Hoje, volto ao tema, pois ele me vai servir de apoio a aula próxima.

Logo de início, Geraghty esclarece preferir o plural audiências. E aponta o começo dos anos de 1980 como de mudança significativa nos trabalhos sobre audiências, caso dos textos de Charlotte Brundson. Talvez seja mais correcto falarmos em investigação sobre o modo de ver televisão (estudos sobre os efeitos da televisão sobre as crianças). Brundson debruçou-se sobre um programa específico (Crossroads), observando a forma como um programa se dirige aos públicos, caso de uma audiência feminina.

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Geraghty elege a etnografia como metodologia adequada à análise da(s) audiência(s), pelo que define aquela adaptada a esta. O que é a etnografia? Um inquérito? Entrevistas? Observação participante? Ela entende ser a etnografia do domínio da descrição e análise empírica das culturas, baseada em termos de local (ou conjunto) seleccionado. Mas também releva a etnografia enquanto estudo do modo como as pessoas vivem uma cultura, traçando as diferenças entre os telespectadores, modos de ver televisão, significados e prazeres produzidos. Finalmente, a etnografia é um modo de percepcionar e experimentar a vida num contexto diário.

Sob a designação comum audiências, têm surgido diferentes objectos de estudo, descrevendo Geraghty quatro: 1) texto [programa] específico, 2) tipo específico de telespectador, 3) contexto de visualização, 4) contexto tecnológico. Quando se estuda um tipo particular de programa, há que ter em conta se os espectadores são ou não fãs (caso de uma série de culto), o contexto de recepção (ver no lar é diferente de ver num café ou num ecrã gigante num espaço livre) e o contexto tecnológico (a televisão combina com outros media electrónicos, como a rádio e o leitor-gravador de vídeo ou DVD).

Leitura: Christine Geraghty (1997). "Audiences and «ethnography»: questions of practice". In Christine Geraghty e David Lusted (eds.) The television studies book. Londres, Nova Iorque, Sidney e Auckland: Arnold

Outro texto: Christine Geraghty (2003). Women and soap opera. A study of prime time soaps. Cambridge: Polity Press (nova edição)

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