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Catarina Rodrigues, uma das organizadoras do recente encontro de blogues na Covilhã fez um relato preciso desse evento, dando conta da evolução da blogosfera relativamente a um outro momento, o da realização do primeiro encontro (Braga, 2003). Destacou, nomeadamente, o trabalho de seis grupos que se organizaram para analisar outras tantas áreas de especialização, como os blogues de jornalismo e os blogues de ensino. Uma das conclusões desse encontro - e que eu fiz aqui eco na devida altura - é que a blogosfera não é concorrente do jornalismo mas complementa-o.
A intervenção de António Granado (jornalista do Público e blogueiro do Ponto Media) alertou para o facto da internet e da blogosfera em Portugal serem áreas de elite, ainda não alargadas à população em geral. Para ele, a blogosfera portuguesa é uma troca de ideias, não se podendo falar ainda de profissionalização do sector. Destacou ainda o papel de novas ferramentas como o RSS, que facilita a leitura de blogues em determinados temas, escolhidos pelo leitor de blogues. Finalmente, deu uma nota ao podcasting como tecnologia a usar também pelos blogues (aliás, o colóquio foi gravado, esperando-se para breve a sua audição na internet).
Joana Amaral Dias, do blogue colectivo Bichos Carpinteiros, cuja linha editorial é política, preferiu olhar os blogues como alternativa ao lento decréscimo da leitura de jornais e audiência de televisão. Sendo adepta da participação política e de cidadania, a blogueira encontra neste meio mais um espaço de discussão. Para ela, a viver há algum tempo nos Estados Unidos, o blogue foi uma forma de intervir na vida pública nacional. O blogue Bichos Carpinteiros é, segundo Joana Amaral Dias, intergeracional e eclético em termos de posicionamento político (dentro de uma asa do espectro partidário). Confessou não ter tido tempo para actualizar o blogue nestes últimos dias, quebrando o (tácito) acordo com os leitores. Estes, se são regulares, esperam ler textos ou notas todos os dias.
Além disso, os alunos mais tímidos ganham plasticidade e autonomia quando escrevem on-line, participando muito mais. Finalmente, permitem ao aluno avaliar os seus progressos através da comparação dos escritos ao longo do ano lectivo.
O outro blogue - já indicado aqui - pertence à galega María Yáñez (Todo Nada), uma das responsáveis por uma editora virtual, a qual lançará múltiplos produtos culturais. O primeiro foi uma novela (Carlos G. Meixide, O homem inédito), a que se seguirão películas e música. No trabalho de María Yáñez está subjacente uma possibilidade nova dos blogues: a normalização de uma língua, o galego, através de mais um canal literário e cultural. Aliás, no dia em que eu conheci o projecto, um elemento da mesa onde participava Maria Yáñez propunha que o Anuário de Literatura Galego de 2005 incluísse a responsável pela editora virtual.
Houve também muita intervenção do público, acabando a sessão às 21:00. Devo manifestar a minha alegria por ter participado e por ter visto alunos e alunas da licenciatura da UCP. Estas tertúlias cimentam conhecimentos e estabelecem amizades e cumplicidades, coisas que, afinal, nos fazem mover.
1 comentário:
Eu, que não consegui ver o Clube de Jornalistas, nem estar presente na Almedina, agradeço-lhe aqui os dois resumos, e o seu trabalho. Um grande abraço.
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