domingo, 27 de novembro de 2005

A NOVA CONSOLA DA MICROSOFT

Na mensagem, sigo o texto de Patricia Fernández de Lis, hoje publicado no El Pais, sobre a Xbox 360, a nova consola de videojogos da Microsoft. E, através dele, procuro: 1) reflectir sobre a concorrência nesta apetitosa área das indústrias culturais, 2) adivinhar qual dos meios de comunicação será o de maior sucesso no futuro - computador, telemóvel ou consola de videojogos.

elpais27112005.jpgA Microsoft lançou, na passada terça-feira, a sua consola Xbox 360, máquina que se adianta cerca de um ano ao surgimento das novas consolas da concorrência: Sony e Nintendo. Hoje, uma consola é uma máquina multiforme, potentes como grandes computadores e cheias de possibilidades: permitem falar pela internet, reproduzem filmes, música e fotografias, além dos jogos.

A Microsoft - que encara a possibilidade de deixar a indústria dos computadores pessoais, que domina há muito através do software Windows, para se concentrar no negócio dos videojogos - investiu 12 mil milhões de dólares e cada consola custa, ao fabricante, 552 dólares, apesar dela aparecer no mercado ao preço de 399 dólares. Isto é: se a Microsoft vender dez milhões de consolas num ano, o prejuízo será de 1530 milhões de dólares. Mas recupera as perdas com os jogos.

Os videojogos são muito caros: apenas três em dez são rentáveis. O que significa que as empresas criadoras elegem a consola com maior quota de mercado na sua geração. Neste momento, a Sony tem uma confortável quota de 68% do mercado mundial, que a Microsoft desafia. O êxito da Sony e da sua Playstation - ou apenas Play para os seus fãs - deveu-se a uma publicidade inteligente e próxima de vários públicos-alvo, a uma boa máquina e a centenas de bons jogos, muitos deles desenvolvidos pela própria Sony. A Sony espera lançar a resposta na Primavera de 2006 no Japão e depois do Verão na Europa, mais potente que a Xbox 360 e 35 vezes mais que a Playstation 2, equipada com a tecnologia Blu-Ray, a aposta da empresa para os DVD de alta definição.

Há aqui duas linhas de raciocínio a lembrar. A primeira é que a Xbox e a Playstation disputam jogadores habituais e os hardcore, mais especializados e exigentes do mercado, que querem a última tecnologia, se bem que mais cara (a Nintendo tem uma filosofia mais subtil, a de procurar novos jogadores). A segunda, e a meu ver, mais importante, é que a indústria das consolas e dos videojogos tem um objectivo a médio prazo, que é a de instalar estas máquinas no centro da sala de estar e converter-se na primeira opção dos lares, preenchendo o actual lugar da televisão.

Isto conduz à minha segunda ideia expressa no começo da mensagem: qual o meio que, no futuro, triunfará: consola, computador ou telemóvel. A consola, ao invés das consolas portáteis, lideradas pela Nintendo (Game Boy Advance, Game Boy Advance SP e Nintendo DS), é um equipamento para o lar. Logo, numa perspectiva simplista, entra em concorrência directa com a televisão. Por questões de geração, a consola está para os mais jovens como a televisão para os mais velhos. Logo, a penetração da consola no lar parte da crescente influência dos mais jovens no centro do lar: quando crescem, quando começam a trabalhar, quando saem do lar dos pais. Movimento semelhante ao que ocorreu e está a ocorrer com a passagem do telefone fixo para o celular.

Mas a consola no lar não pode concorrer com o celular, devido à mobilidade deste. E o computador, apesar dos crescentes pontos de acesso sem fios, atrasou-se face ao telemóvel, até porque o peso dos equipamentos é mais elevado. Por outro lado, e finalmente, os acessos habituais à internet podem fazer-se do telemóvel: consulta de informação, jogos, mensagens. A hibridez, ou multiforme, que se encontra nas consolas Xbox 360 ou na futura consola da Sony, está para o lar assim como os telemóveis estão para a mobilidade. A meu ver, serão estes meios os que vão triunfar. Claro que os consumos de lazer - ficção versus jogos - alterarão a fisionomia do lar.

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