EDUARDO TEIXEIRA COELHO
No número 124 da Vértice (Setembro/Outubro de 2005), Geraldes Lino escreveu sobre Eduardo Teixeira Coelho (1919-2004), um dos mais famosos ilustradores ou desenhadores portugueses de banda desenhada. O início da sua actividade vem dos longínquos anos da revista O Senhor Doutor e de ilustrações esporádicas de novelas no começo de 1942. Nesse ano, começa a trabalhar a tempo inteiro em O Mosquito, "semanário infantil, já com bastante prestígio na área das histórias aos quadradinhos" ou historietas, lê-se no texto de Geraldes Lino.
ETC, como ele se assinava, principiou essa colaboração no Mosquito desenhando quatro rostos que olhavam sorridentes para "uma lancha salva-vidas com motor de elástico"; depois, aparecia a palavra "Engenhocas". Mas o realce vai para a capa do número 360 da publicação, com a realização da imagem da capa.
Então, o Mosquito tinha um aspecto gráfico modesto e custava cinquenta centavos. Contudo, teria atingido, meia dúzia de anos depois do início, à volta de 60 mil exemplares. Nessa altura, era editado duas vezes por semana. Exceptuando o Diabrete, com o mesmo custo, outras revistas tinham preços mais elevados : o Tic-Tac e O Papagaio vendiam-se ao preço de um escudo, O Senhor Doutor e Engenhocas e Coisas Práticas custavam 1$50.
O desenhar histórias aos quadradinhos viria a ser a actividade mais completa de ETC. Em 1944, tinha ele 25 anos, apresenta o episódio El Hechichero de los Matabeles, usando, como escreve Geraldes Lino, "soberbos jogos de claro-escuro e estonteante dinâmica de expressão corporal".
Em 1953, desaparecia o Mosquito. ETC empreende uma carreira internacional. Vai viver um período para Espanha e, depois, instala-se em Inglaterra, colaborando com a editora Amalgamated Press, sentindo algumas dificuldades. Em rara confidência, queixa-se da proibição de desenhar personagens com bigodes ou até da substituição de cabeças de Robin Hood. Fixar-se-ia definitivamente em Florença, na Itália. Aqui não terá produzido muita obra para o país, mas continuou a colaborar com outros mercados como o francês, começada nessa década de 1950. Participa também em publicações nacionais como Cavaleiro Andante e Mundo de Aventuras, que certamente eu também li.
O texto de Geraldes Lino acaba a sublinhar a consagração merecida de Eduardo Teixeira Coelho, "tanto pelo seu imenso talento, como pela coragem com que enfrentou o desafio de se atrever a viver, em dedicação praticamente exclusiva, de tão difícil arte".
Geraldes Lino é colaborador em jornais e revistas de banda desenhada e fanzines e comissário de exposições.
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