terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

UMA MEMÓRIA JORNALÍSTICA: A REDACÇÃO DAS NOVIDADES (2ª SÉRIE: 1923-1974)

O diário em 1933, com Tomás de Gamboa como redactor principal e editor, de tendência católica, tinha seis páginas e custava 30 centavos (três vezes mais que o número inicial, de 1885). Como na primeira série, também em 1933 o artigo de fundo era fundamental, na primeira página.

Nesse mês de Julho de 1933, os artigos de fundo discutiam o regresso da mulher ao lar e das famílias ao mundo rural - num reequilíbrio social e cultural - e os horários de trabalho. Um leitor questionara o jornal, perguntando em que condições o trabalho se podia alargar para cima das oito horas diárias, como na agricultura (onde há períodos mais intensos de trabalho).

O articulista, assinando-se Vindex, esclarece a 10 de Julho de 1933: "A concordância ou discordância dos leitores, se a justificam razões de bom senso, pode ser, para tal efeito, elemento de valor. Importa esclarecer que um editorial não pode ser um tratado completo de qualquer problema. Dentro do espaço de que jornalisticamente pode dispor, versa, por via de regra, um simples aspecto de qualquer questão, sem que isso queira significar que os outros foram esquecidos. Outras vezes, ainda, o problema é apenas enunciado em síntese, a fim de chamar para ele a atenção dos leitores e provocar a reflexão ou estudo dos componentes".

Dois dias depois, o mesmo articulista, com o título O horário de trabalho e a doutrina da Igreja esclarecia: "Para elucidarmos, como prometemos, um dos nossos assinantes, transcreveremos - e nunca serão assaz conhecidos - os ensinamentos de Leão XIII na Rerum Novarum. [...] Quando pois o nosso assinante nos pergunta onde está a doutrina da Igreja que admite a lei das 8 horas [de trabalho diário], respondemos apontando o texto de Leão XIII".

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