HIP-HOP (I)
A capa do último suplemento "Y" do Público (17 de Março) destacava o hip-hop de luxo, trazendo uma fotografia de Kanye West. Dentro, para além deste, vinha a imagem de Pharrell Williams. Começo do lead: "A Esquire americana elegeu Pharrell Williams como o homem mais bem vestido do mundo. Kanye West foi considerado pela Time um dos 100 mais influentes homens do nosso tempo".
Ambos, diz ainda o texto de Vítor Belenciano, já não correspondem ao estereótipo de negro amante de rap, habitante de bairros degradados e revoltado com o mundo. Kanye cresceu em Chicago e é filho de pai sociólogo e mãe professora universitária; Pharrel nasceu na Virgínia no seio de uma família burguesa. Para ambos, o hip-hop é arte, negócio e entretenimento.
Se esta análise do Público foca especialmente o mundo da produção do hip-hop, o jornal já dedicara atenção, algum tempo atrás, ao mundo da recepção do hip-hop ("Pública", 20 de Novembro de 2005). Aí, revisitava-se o universo juvenil que assistira ao concerto dos "50 Cent", rap duro com história violenta ligado ao tráfico de droga e à luta de gangsters, cujo concerto no Pavilhão Atlântico atraiu 15 mil pessoas (texto de Joana Gorjão Henriques). Mas o sociólogo António Contador, autor de Cultura juvenil negra, entende que "O que a indústria musical portuguesa não percebeu foi que o cliché hip-hop-preto-jovem-pobre não faz sentido e que a essência do hip-hop não é a negritude, mas a juventude urbana", "tão consumível como os D'Zert".
Rap quer dizer Rhythm and Poetry e Hip-hop é a união entre hip (balancear as ancas) e hop (salto). Segundo este segundo texto, o rap nasceu em Nova Iorque, mas nos finais dos anos de 1980 surgiu em Los Angeles uma nova escola, o "gangsta" rap, com discurso rude e hiper-realista. No nosso país, o rap foi usado nos anos 1994 e 1995 para protagonizar uma mensagem de tolerância racial e de denúncia de injustiças sociais.
2 comentários:
hip-hop..."etimologicamente" pode ser o que referiu, mas trata-se de um movimento de várias vertentes, na qual se incorpora o rap, o djing, o breakdance e o graffiti. A minha opinião é que hip-hop não é um estilo de música, apesar de ser considerado por muitos assim. Julgo que é por haver uma conotação tão forte que se acabou por adoptar essa associação ao rap em si.
Há quem diga que o hip-hop é um estilo de vida, na qual está incluída o rap.
Enviar um comentário