A sociedade optimizada pelos media (com texto biligue em português e inglês) é o novo livro de Herlander Elias, na colecção "MediaXXI".
Ensaio escrito em Agosto de 2001, seguindo-se a Ciberpunk - ficção e contemporaneidade (1999), ele trabalha a sociedade de hoje, optimista e optimizada, que se traduz pelos efeitos da cultura do computador, na linha de textos de autores nacionais como José Bragança de Miranda e Fernando Ilharco - apesar de não referidos na bibliografia.
Nas cerca de setenta páginas em estilo fragmentário mas provocatório, pós-moderno no sentido da desconstrução da narrativa dominante, Elias não procura argumentos filosóficos para as suas assunções, pois entre logo nelas, mostra-as como se estivéssemos a olhar a superfície de um ecrã. E opera, aliás de acordo com o título, com uma opção discursiva não pessimista, como a que se encontra em Paul Virilio, seguindo a crítica à sociedade baseada na teoria desconcertante de Jean Baudrillard.
O carácter fragmentário do texto de Elias aprecia-se melhor no uso das palavras, que adquirem valor idêntico aos das escritas numa poesia: valem pelas sonoridades, pelo entrecruzar de ideias, pelos significados construídos apenas para essas ocasiões, como quem entoa uma canção.
Centros comerciais, videojogos, videoclips e reality-shows fazem parte de uma mesma realidade - isto é: virtualidade. As cidades, escreve Elias, deixaram de ser espaços abertos e críticos, subordinados aos espaços fechados dos centros comerciais, organizados por arquitectos e designers. Tudo dentro da perspectiva de uma estética - a que designa por MTV -, onde já não há lugar para a imperfeição mas para a imposição dos corpos Danone, o das top models (que podem ser holográficas) e das estrelas que circulam em passarelas ou ecrãs high tech. Em que a optimização está nesses espaços de deslocação fetiche, os centros comerciais, afinal espaços de natureza teatral, onde tudo acontece e todos vão ver e comprar.
Livro a ser lançado durante o mês de Maio, é o terceiro da colecção "MediaXXI", seguindo-se a A imprensa em Portugal. Transformações e tendências, de Paulo Faustino, e O voo da borboleta, de Reginaldo Rodrigues de Almeida.
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