domingo, 21 de maio de 2006

SHAME ON YOU, GIRLS

Quando escrevi, mais abaixo, sobre o caso Paul McCartney versus Heather Mills, lera apenas uma parte da história. Isto é, vi a carta de Christopher Terrill até ao fim, mas não lera o jornal todo. Um "sunday" é como o Expresso, nunca mais acaba e precisa de ser lido por etapas. Por isso, quando cheguei ao caderno "Culture", deparei-me com o artigo de opinião de India Knight, com o título que encabeça esta mensagem, com ela a olhar-me com um sorriso cúmplice (vá lá, não reprovador).

Pus-me a ler. Ela escreve sobre o Big Brother (BB) inglês e as 14 criaturas que habitam a casa. Crítica, ela não encontra uma só mulher inteligente naquele programa. Talvez uma, mas esta orgulha-se de não ter amigos(as) e não criar qualquer tipo de relacionamento seja com quem for. E continuei a ler sobre as raparigas que estão na casa, no que me levou a lamentar não ter escrito assim sobre o show da TVI. Conclusão: India Knight, apesar de fã do programa, não desejaria ver uma sua filha adolescente no BB. Logo: aconselha as jovens a terem vergonha dos esforços que fazem para aparecer na tele. A aparência não é tudo na vida de uma pessoa. A exposição aos media resulta em apenas quinze minutos de fama, como dizia Andy Wharol, e as mulheres (e também os homens) que nela aparecem são rapidamente esquecidas e substituídas.

Mas a parte final da sua crónica fala sobre Heather Mills, com um olhar distinto do traçado pelo namorado ressabiado pelo afastamento de há cinco anos. É que os jornais britânicos da semana passada mostraram as lágrimas de Heather, devastada em cima de uma cadeira de rodas. Para a jornalista, Heather Mills, por muito que proclame, não está bem: a sua perna amputada (por acidente, há anos) foi operada de novo, recentemente, o que provoca certamente pânico, emocional e fisicamente.

Por isso, tenho de rever o que escrevi ao princípio da tarde. Não se trata, realmente, de uma tragédia grega, como a Medeia, mas a ausência de fronteira entre público e privado impede os famosos do resguardo necessário em tempos de dificuldades (dor). O problema é que os famosos e os que procuram a fama não convivem bem com o afastamento das páginas dos jornais e dos holofotes da televisão. E isto anda perto da configuração de uma tragédia moderna.

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