sábado, 22 de julho de 2006

LIVRO DE JOSÉ AFONSO FURTADO E ANA BARATA

Mundos da Fotografia. Orientações para a constituição de uma Biblioteca Básica, de José Afonso Furtado e Ana Barata e editado Centro Português de Fotografia, é mais do que uma orientação para uma biblioteca básica de fotografia.





Primeiro, é uma cuidada obra sobre fotografia, da dimensão (22 x 21 cm, 215 páginas) ao conteúdo, onde se harmonizam texto e imagens. Depois, a extrema atenção posta nas referências bibliográficas ao longo do livro, enquadradas nas propostas dos vários capítulos. Assim, é possível acompanhar a bibliografia existente sobre alguns fotógrafos portugueses, bem como a nomeação de publicações periódicas e sítios da internet sobre fotografia. Em terceiro lugar, o destaque à génese da obra, que começou como artigo para a revista Ersatz e, felizmente, acabou em livro, dada a importância dos materiais entretanto acumulados pelos autores.

A monografia agora publicada tem, simultaneamente, um aspecto pedagógico - indicar fontes de informação sobre fotografia, em especial textos teóricos - e um lado ensaístico e histórico sobre esta importante indústria cultural (e forma de arte, também), que é a fotografia. Isto apesar dos autores esclarecerem ao início não se tratar de uma síntese da história da fotografia nem um ensaio sobre a fotografia. E escreverem pouco depois que não seguiram um critério de origem ou nacionalidade dos fotógrafos, nem movimentos ou acontecimentos relevantes. Sem nunca esquecerem o objectivo inicial: escrever sobre colecções de documentos que formam uma biblioteca.

Mas torna-se importante a sua reflexão, pois ela é um elogio aos fotógrafos - não basta ter uma boa máquina fotográfica para fazer fotografias, é preciso haver um olhar para captar o momento (e, igualmente, o momento) - e aos que sobre eles escreveram, fossem historiadores, sociólogos, semiólogos ou estetas.

Retiro o que se lê na introdução:

  • "A nossa abordagem foi diferente. Procurou-se associar as orientações e critérios específicos para a constituição de colecções documentais, elaboradas por instituições que têm responsabilidades normativas no campo da biblioteconomia e documentação [...], com o conhecimento não só da evolução da fotografia e das questões culturais, sociais e económicas que sempre a acompanharam, como com as diferentes perspectivas teóricas que tem suscitado em anos mais recentes" (pág. 8).

E, nas conclusões, o seguinte:

  • "A fotografia surgiu com a sociedade industrial, em estreita ligação com os seus fenómenos mais emblemáticos: entre outros, o surto das metrópoles e da economia monetária, as transformações do espaço, do tempo e das comunicações. Tudo isto, associado ao seu carácter maquínico, estabeleceu, em meados do século XIX, a fotografia como a imagem da sociedade industrial mais adequada para a documentar, para lhe servir de instrumento e para actualizar os seus valores" (pág. 204).


Do que se lê no livro? Invenção dos processos fotográficos, história e histórias da fotografia, evolução da fotografia, tendências recentes, desenvolvimentos temáticos e outros recursos de informação (revistas, sítios de internet, museus e arquivos).

José Afonso Furtado é director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e Ana Barata é bibliotecária da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.

Observação: agradeço a José Afonso Furtado a oferta de um exemplar do livro.

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